Polo de calçados do Cariri pode ser impactado por tarifaço, diz economista
Em entrevista à rádio O POVO CBN Cariri, Rita Fabiana, alerta para possíveis reflexos na geração de empregos caso medida entre em vigor em agosto
O anúncio de um novo tarifaço por parte do presidente norte-americano Donald Trump contra produtos brasileiros acendeu o alerta entre economistas e setores produtivos do Nordeste.
Em entrevista à rádio O POVO CBN Cariri, a economista Rita Fabiana, professora da Universidade Regional do Cariri (URCA) e articulista do jornal, explicou que a medida representa um risco real para a economia cearense. “Só em 2024, o Ceará exportou mais de R$ 1,4 bilhão em mercadorias, sendo 44% destinados ao mercado americano. Isso movimenta uma ampla cadeia produtiva e gera milhares de empregos”, afirma.
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Segundo ela, a indústria calçadista da região do Cariri pode ser uma das mais atingidas caso as tarifas sejam de fato implementadas a partir de 1º de agosto. “Essa cadeia envolve pequenos produtores, ateliês e fábricas locais. A primeira consequência do aumento de tarifas será a redução da demanda externa, o que impacta diretamente no emprego”, alerta.
Impacto não deve paralisar a balança, mas exige ação
Apesar do alerta, Rita Fabiana acredita que o impacto não será suficiente para paralisar a balança comercial cearense. Segundo ela, o Brasil possui alternativas para realocar suas exportações, como a União Europeia e o mercado asiático. “Hoje não dependemos exclusivamente do mercado americano. O Brasil já tem musculatura para buscar novos compradores. Nossos produtos têm alta qualidade e competitividade internacional”, defende.
A economista também destaca o componente político envolvido na decisão americana. Para ela, o tarifaço é uma resposta indireta ao protagonismo do Brasil em blocos como o BRICS e ao reposicionamento estratégico do presidente Lula em fóruns internacionais como o G20. “Trump tem um alinhamento com a direita brasileira e enxerga o crescimento do Brasil como uma ameaça”, analisa.
Brasil pode reagir com base na legislação internacional
Caso o governo norte-americano leve adiante o aumento tarifário, o Brasil pode reagir com base na chamada Lei da Reciprocidade. “Temos mecanismos legais e instrumentos de comércio internacional que podem ser acionados. Não somos mais um país pequeno e despreparado. Já fomos a sétima economia do mundo e ainda temos força para atuar com firmeza no cenário global”, reforça a professora.
Com exportações para os EUA representando quase metade do total cearense, o governo federal acompanha o caso de perto. Até o início de agosto, data prevista para a entrada em vigor das tarifas, o cenário segue sendo monitorado e negociado. A expectativa, segundo especialistas, é que o Brasil consiga costurar alternativas diplomáticas e comerciais para evitar maiores prejuízos à economia regional.
Governo Lula vai retaliar tarifaço de Trump e usará reciprocidade | O POVO NEWS