Conflito no Oriente Médio tem potencial de elevar preço de combustíveis no Brasil
No mercado internacional, o preço do petróleo chegou a avançar mais de 5%, mas fechou o dia com alta superior a 2%
O preço do petróleo no mundo tende a ficar mais caro após o Irã ter disparado mísseis balísticos contra Israel, nesta terça-feira, 1º, em retaliação à campanha israelense contra aliados do Hezbollah do Teerã no Líbano.
Com isso, o conflito também pode atingir diretamente o mercado do insumo no Brasil. É o que projetou Bruno Iughetti, consultor de petróleo e combustíveis, em entrevista ao programa Guia Econômico, da rádio O POVO CBN.
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Nesta terça, os preços do petróleo no mercado internacional chegaram a avançar mais de 5% nas máximas do dia, mas recuaram depois que o ataque cessou e as perdas foram mensuradas. Ao fim do dia, a alta do pregão foi estimada em mais de 2%.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para novembro fechou em alta de 2,44% (US$ 1,66), a US$ 69,83 o barril, enquanto o Brent para dezembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 2,59% (US$ 1,86), a US$ 73,56 o barril.
O desdobramento do conflito nos próximos dias é outro fator a elevar a pressão pela alta no preço dos combustíveis no mercado doméstico.
“Se ele intensificar o envolvimento nessa guerra, e consequentemente haverá, por retaliações, provocará uma alta de preços, que vai se refletir aqui no Brasil. Espera-se que essa situação não se realize, porque os impactos serão muito críticos, até em termos da própria Petrobras”, continua Iughetti.
Atualmente, o preço da gasolina nacional, na média dos polos analisados, ficou abaixo da paridade durante 20 dias em agosto de 2024, atingindo -R$ 0,33 por litro (/L), de acordo com relatório divulgado hoje pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Também, o preço do óleo diesel nacional ficou abaixo da paridade, na média dos polos analisados, durante todos os dias de agosto de 2024, atingindo -R$ 0,39 L.
Outro ponto que confirma o cenário é que, conforme O POVO divulgou na última segunda-feira, 30, Fortaleza foi a segunda capital do Nordeste com o litro da gasolina mais barato, a R$ 5,87.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustíveis (ANP), entre os dias 22 e 28 de setembro, o valor mínimo na Capital foi de R$ 5,59, enquanto o máximo, de R$ 6,59.
A tendência de alta no Brasil, no entanto, pode ser revertida ou amortecida caso a Petrobras, a principal fornecedora no mercado nacional, opte, em um primeiro momento, por segurar os preços.
“Isso pode significar que, exceto por razões políticas, a Petrobras venha produzir redução nos preços do mercado interno, que eu acho que seria a melhor medida, porque eu acho que há espaço para a Petrobras praticar a equalização de preços domésticos com os preços internacionais”.
O botijão de gás de cozinha de 14 quilos, exemplificado pelo especialista, pode sofrer uma redução no preço de 10%.
Efeitos do conflito
Além do preço do petróleo no mercado internacional, o conflito no Oriente Médio também trouxe reflexos no mercado de capitais.
As bolsas de Nova York fecharam em baixa nesta terça, 1º, devido à deterioração do sentimento de risco nos mercados internacionais, após os ataques do Irã contra Israel elevarem as tensões na região a níveis nunca antes vistos.
A forte baixa nas ações ligadas à tecnologia levou o Nasdaq a perder mais de 2% nas mínimas intradiárias, porém, as ações devolvera parte do recuo depois da investida, conforme investidores avaliam os danos causados pelo Irã e as chances de uma escalada ainda maior.
O índice Dow Jones caiu 0,41%, aos 42.156,97 pontos, o S&P 500 recuou 0,93%, aos 5.708,75 pontos e o Nasdaq fechou em queda de 1,53%, aos 17.910,36 pontos.
Na outra ponta, a perspectiva de restrições na oferta do petróleo decorrentes de um conflito maior no Oriente Médio deu impulso para as ações de petrolíferas: a ExxonMobil teve alta de 2,31% e a Chevron avançou 1,65%. A Petrobras fechou com alta de 2,66%.
(com Agência Estado)