Dessal: preocupação das empresas são os cabos e não o nosso dinheiro, diz pesquisador

O líder do Grupo de Pesquisa do Laboratório de Gestão Integrada da Zona Costeira (LAGIZC), Fábio Perdigão, explicou que mudar o lugar da usina de dessalinização vai encarecer o preço da água do Ceara

O coordenador e líder do Grupo de Pesquisa do Laboratório de Gestão Integrada da Zona Costeira (LAGIZC), Fábio Perdigão, afirmou, em entrevista à rádio O POVO CBN, que mudar o lugar da usina de dessalinização vai encarecer o preço da água do Ceará.

Isso porque colocar o projeto em um lugar mais distante implicaria na instalação de tubulações com vários quilômetros para trazer a água, fora outras condições que tornam a Praia do Futuro mais favorável, explica o especialista.

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"Por que as empresas internacionais não colocaram (os cabos) na Sabiaguaba ou no Pecém, onde a urbanização é mais fraca? Porque aumentaria o custo para eles da mesma forma que aumenta para nós. [..] Vai aumentar o custo da água e quem vai pagar? Somos nós. Eles estão preocupados com os cabos deles e não com o meu dinheiro e nem o seu", disse Fábio Perdigão.

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Além disso, o pesquisador da LAGIZC explica que, atualmente, existem riscos muito maiores do que a instalação da usina na área do impasse. 

"Se um navio que sai do Porto do Pecém ou do Mucuripe, com 50 mil, 100 mil toneladas, afundar em cima de um cabo, vai partir o cabo. Mas isso é um risco inerente à atividade marítima e dos cabos [...] Se essas empresas colocaram na Praia do Futuro, altamente urbanizada, é porque não tem risco de convivência dessas redes."

Fábio Perdigão também afirma que os riscos de ter um acidente, com a atual distância pedida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), de 500 metros, é zero.

"Se uma tubulação dessa cair do navio para o fundo do mar, vai cair imediatamente abaixo. É uma estrutura pesada, então não vai cair 500 metros depois."

Entenda a discussão sobre a usina de dessalinização

O imbróglio entre empresas de telecom e o consórcio responsável pelo projeto de dessalinização de água do mar se arrasta, pelo menos, desde o ano passado.

Isso porque a Praia do Futuro é ponto de chegada de 17 desses cabos submarinos, fazendo da capital cearense o principal hub de conexão digital do Brasil e um dos três maiores do mundo.

A SPE Águas de Fortaleza e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) são parceiras na construção da usina.

É uma Parceria Público-Privada (PPP) de R$ 500 milhões de investimentos por meio da Águas de Fortaleza, e ainda há R$ 3 bilhões em contraprestações, com vigência de 30 anos, pagas a partir de quando a planta entrar em operação.

Na primeira versão do projeto, foi constatada, após análise da carta náutica da região, uma sobreposição de cabos com pontos de captação e dispersão de água marítima. A segunda deslocou esses dois pontos em cerca de 40 metros, mas foi contestada pela Anatel.

A versão atual do projeto prevê um afastamento maior, de 500 metros, já no limite entre a Praia do Futuro e o bairro Vicente Pinzon.

Contudo, nas três plantas foi mantida a posição da usina propriamente dita, o que está sendo contestado agora pelas empresas do setor de telecomunicações.

Anatel diz que vai analisar nova localização do projeto

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai elaborar um posicionamento técnico sobre a nova proposta das obras para a usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, no Ceará. 

Foi o que afirmou o membro do Conselho Diretor da agência, Vicente Bandeira de Aquino Neto, em entrevista à rádio O POVO CBN.

Ele ainda disse que a análise não deve demorar mais do que um mês para ser divulgada e os setores de telecom terão que seguir o que a Anatel decidir. Contudo, não as impede de ir ao judiciário para questionar a decisão.

"O Governo atendeu uma primeira discussão: saiu de 40 metros para 500 metros, mas as operadoras compreendem que não consegue atender. Tanto é que a Anatel está analisando esse novo ajuste ao projeto, mas não houve uma definição."

Ainda segundo o membro do Conselho Diretor, Vicente Bandeira, é papel da Anatel preservar os cabos submarinos, que abastecem a internet do Brasil.

"Ali é considerada uma infraestrutura crítica nacional e, nesse ponto de tecnologia da informação, a Anatel tem sim o papel de cuidar, de zelar por essa modelagem. Para que aquilo fique extremamente preservado."

Em relação aos riscos, ele informa que existe uma dificuldade muito grande no transporte dessas ferramentas. "Um cabo desse, no caso de rompimento, de danificação mínima que possa existir, só existe, no mundo, três navios para consertá-los. O mais próximo da gente é na Bahamas e demora, em média, 40 a 50 dias para ir consertar um cabo."

Dessa forma, ele explica que, se for rompido, o prejuízo inicial seria de internet lenta, congestionamento de tráfego. No entanto, ainda não se tem estudos sobre qual seria o maior prejuízo causado pela falha dos cabos.

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