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Seis a cada dez brasileiros admitem não se preparar para aposentadoria, diz pesquisa

Especialista aponta para baixa renda, educação financeira e desemprego como principais fatores da falta de planejamento futuro
16:59 | Mar. 18, 2019
Autor Wanderson Trindade
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Wanderson Trindade Repórter
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Tipo Notícia

Planejar o futuro financeiro nem sempre é a prioridade para grande parte dos brasileiros. O “aqui e agora” vêm em primeiro lugar para pelo menos seis entre dez pessoas que responderam à pesquisa sobre aposentadoria da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Segundo o levantamento, 59% dos entrevistados admitem não se preparar para garantir o benefício em idade mais avançada.

A chegada à terceira idade é elaborada por apenas 41% dos brasileiros, segundo a pesquisa, que teve a parceria do Banco Central do Brasil (BCB). Mestre em economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Ricardo Coimbra classifica o percentual como “muito expressivo” de pessoas sem planejamento adequado com a própria aposentadoria.

“O número mostra preocupação, porque grande parcela da população não está preparada para o futuro, não está olhando lá na frente”, diz Coimbra, também professor das Universidades Estadual do Ceará (Uece) e 7 de Setembro (Uni7) e UniFanor. “É importante que os trabalhadores comecem a pensar em acumular alguma coisa, seja em ações, seja em cadernetas de poupança, para no futuro terem recursos guardados”, alerta.

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O especialista, no entanto, pondera três fatores que podem levar à falta de planejamento: baixa renda, educação financeira e alto desemprego. Na pesquisa, entre aqueles que não conseguem priorizar a aposentadoria, 36% informam não sobrar dinheiro do orçamento e outros 18% alegam estar desempregados, por isso não conseguem idealizar o benefício. “A não preocupação com o futuro também retrata a aflição com o presente”, enfatiza o economista.

“A renda baixa dificulta guardar dinheiro e isso também pode estar atrelado à falta de educação financeira, desde as crianças, com o pensamento a longo prazo. E mais: a taxa de desemprego ainda tem sido bem significativa, o que dificulta fazer com que as pessoas planejem algum tipo de aposentadoria”, complementa.

Por outro lado, segundo o levantamento, o percentual daqueles que conseguem planejar a aposentadoria sobe para 55% nas classes A e B. A pesquisa consultou 804 pessoas acima de 18 anos, de diferentes classes sociais, ambos os gêneros e das 27 capitais brasileiras. Com margem de erro de 3,5 pontos percentuais, a confiança da consulta é de 95%.

Imprevistos

Boa parte dos brasileiros também não estaria preparada para atravessar eventualidades financeiras. De acordo com a pesquisa, hoje, quatro a cada dez pessoas (39%) não conseguiriam arcar com imprevistos equivalentes ao próprio ganho mensal, sem recorrer à ajuda de terceiros ou a empréstimos.

Ao mesmo tempo, 42% teriam condições de passar por situações inesperadas. Em caso de dificuldades, 47% dizem garantir que cortariam despesas desnecessárias e 33% afirmam que iriam avaliar quanto ganham e gastam para então decidir o que fazer – proporção que aumenta para 48% nas classes A e B. Já 13% reconhecem não saber por onde começariam a cortar, tendo “medo” de encarar a verdadeira situação financeira.

Para manter o padrão de vida, 20% dos entrevistados responderam não saber por quanto tempo conseguiriam manter o mesmo patamar em caso de casualidades desfavoráveis.

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