Lei do Ventre Livre no Brasil: fatos históricos de 28 de setembro

Lei do Ventre Livre no Brasil: conheça fatos históricos de 28 de setembro

Aprovada em 28 de setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre declarou livres os filhos de mulheres escravizadas, mas manteve restrições. Saiba mais

A Lei do Ventre Livre, sancionada em 1871, determinava que crianças nascidas de mulheres escravizadas seriam livres.

A medida, porém, trouxe limitações que mostram como a abolição no Brasil foi lenta e controlada pela elite.

A seguir, saiba tudo sobre como a Lei ocorreu, seu contexto e mais informações sobre o fato histórico da Lei do Ventre Livre. 

O que foi a Lei do Ventre Livre

A Lei do Ventre Livre, oficialmente Lei nº 2.040, foi promulgada em 28 de setembro de 1871.

Criada durante o governo do Visconde do Rio Branco e sancionada pela princesa Isabel, ela estabelecia que todos os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir daquela data seriam considerados livres.

Na prática, a lei não representava liberdade imediata. As crianças permaneciam sob tutela dos senhores até os oito anos de idade e, depois disso, poderiam continuar trabalhando compulsoriamente até os 21 anos, caso o proprietário não aceitasse a indenização oferecida pelo Estado.

Contexto histórico da Lei do Ventre Livre

No século XIX, o Brasil era um dos últimos países das Américas a manter a escravidão. Em 25 de março de 1884, o Ceará se tornou a primeira província do País a abolir a escravidão

Estima-se que mais de 3,6 milhões de africanos tenham sido forçadamente migradas ao país durante o tráfico transatlântico

O tráfico passou a ser proibido em terras brasileiras somente em 1850, por meio da Lei Eusébio de Queirós.

Pressões internacionais e internas, como o fortalecimento do movimento abolicionista, forçaram o Império a adotar medidas graduais de transição.

Enquanto Estados Unidos (1865) e países vizinhos já haviam abolido a escravidão, a elite brasileira defendia mudanças lentas para preservar seus interesses econômicos, sobretudo nas fazendas de café do Sudeste. A Lei do Ventre Livre foi um desses passos intermediários.

Como funcionava a liberdade dos filhos de escravizadas

De acordo com a lei, crianças nascidas após 28 de setembro de 1871 não eram mais consideradas propriedade dos senhores.

Porém, até os oito anos, ficavam sob custódia dos donos de suas mães. Após essa idade, havia duas opções: entregar a criança ao Estado e receber uma indenização de 600 mil réis ou mantê-la como trabalhadora compulsória até os 21 anos.

A maioria dos senhores escravistas escolhia a segunda alternativa, o que fez com que muitos jovens continuassem vivendo em condições muito semelhantes à escravidão.

Impactos da Lei do Ventre Livre na escravidão

Apesar de limitada, a lei teve alguns efeitos importantes. Ela estabeleceu a matrícula obrigatória de pessoas escravizadas, criando registros que mais tarde seriam usados em ações jurídicas a favor da liberdade.

Além disso, representou uma primeira fissura legal no sistema escravista, abrindo espaço para novas pressões sociais.

Entretanto, os benefícios foram mais simbólicos do que práticos para a população negra. Muitas mulheres escravizadas continuaram submetidas a abusos, e as crianças, embora “livres” no papel, ainda sofriam exploração e falta de direitos básicos.

Mulheres escravizadas e a maternidade sob exploração

Pesquisas históricas revelam que mulheres negras eram forçadas a trabalhar até os últimos dias de gravidez e, em muitos casos, a dar à luz em plantações. Algumas voltavam ao trabalho poucos dias após o parto.

Além disso, a prática das amas de leite — em que mulheres escravizadas eram obrigadas a amamentar filhos de mulheres brancas — mostra como até a maternidade era transformada em fonte de lucro para os senhores.

Esse contexto reforçou visões racistas na medicina, como a falsa ideia de que mulheres negras suportariam mais dor.

A Lei do Ventre Livre foi suficiente?

Embora vista como marco importante, a Lei do Ventre Livre não significou a liberdade plena. O direito de controle sobre os filhos das mulheres escravizadas continuava nas mãos dos senhores, e a escravidão só foi totalmente abolida em 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea.

O Brasil foi o último país das Américas a acabar com o regime escravista, deixando um legado de desigualdades sociais e raciais que ainda impacta a sociedade atual.

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