Chupetas para adultos: entenda a trend polêmica que divide opiniões
Moda viralizou no TikTok e chegou ao Brasil prometendo aliviar estresse e ansiedade, mas psicóloga alerta para riscos e alternativas mais saudáveis; veja
Ver um adulto usando chupeta pode parecer improvável, mas essa cena já circula pelas redes sociais. Depois de viralizar na China e na Coreia do Sul, a tendência chegou ao Brasil, ganhando espaço principalmente no TikTok.
Usuários defendem que o acessório ajuda a reduzir estresse, controlar ansiedade, evitar compulsões e até melhorar o sono.
Para alguns, trata-se de uma repetição mecânica semelhante a roer unhas ou balançar a perna: pequenos hábitos que trazem uma sensação de conforto imediato.
Mas até que ponto essa prática é apenas uma moda curiosa ou pode indicar questões emocionais mais profundas? O POVO entrevistou a psicóloga Larissa Tavares para explicar as dúvidas sobre o tema.
O que leva adultos a recorrerem à chupeta
Segundo a psicóloga Larissa Andrade Tavares, o uso da chupeta na infância cumpre um papel claro de regulação emocional, já que muitas vezes conforta a criança diante do choro.
“Quando um adulto busca uma chupeta para se confortar, ele também está buscando segurança. Essa escolha pode estar ligada à memória de algo que trazia conforto, mas também à ausência de outros recursos para lidar com as emoções”, explica.
Chupetas para adultos: conforto imediato ou sinal de alerta?
De acordo com a especialista, a chupeta pode até exercer uma função inicial de alívio, mas o problema surge quando ela substitui a reflexão sobre as causas do sofrimento.
“Se não fosse a chupeta poderia ser outro hábito que traria alívio imediato. Mas, da mesma forma, não haveria mudança no que realmente angustia”, avalia Larissa.
Ela lembra ainda que o uso do objeto pode trazer prejuízos físicos, como impactos na saúde bucal. Por isso, o hábito deve ser encarado como um mecanismo de enfrentamento imediato, mas também um alerta para a necessidade de ampliar as formas de cuidado.
Chupetas para adultos: riscos psicológicos e sociais
A psicóloga destaca que, na psicoterapia, o objetivo não é julgar, mas compreender o sentido do uso. No entanto, há riscos claros quando o hábito se transforma em uma fuga da realidade.
“O perigo é que o alívio imediato se torne a principal forma de lidar com a angústia, sem espaço para reconhecer e enfrentar as próprias emoções”, pontua.
Além disso, o estranhamento social pode gerar isolamento em quem adere à prática, especialmente se houver vergonha ou retraimento em situações coletivas.
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Chupetas para adultos: quando o hábito exige atenção clínica
A diferença entre um comportamento inofensivo e um que precisa de atenção está no impacto que ele gera.
Larissa ressalta que o problema aparece quando há dificuldades em suportar desconfortos temporários, sinais de isolamento ou até prejuízos físicos. “O alívio imediato não pode ser a única forma de lidar com as dores emocionais”, reforça.
Chupetas para adultos: alternativas saudáveis para lidar com ansiedade e estresse
Em vez de recorrer à chupeta, Larissa recomenda outras práticas que podem fortalecer a autorregulação emocional.
Entre elas estão exercícios físicos, principalmente os aeróbicos, técnicas de respiração, atividades prazerosas sem autocobrança, além de boas rotinas de sono.
“É importante focar no que é possível no presente, falar ou escrever sobre as dificuldades e, principalmente, buscar apoio profissional quando os níveis de estresse e ansiedade forem altos. O processo terapêutico acolhe as dores sem julgamentos e ajuda a ampliar a compreensão sobre si mesmo”, conclui.