Conheça Snoopy, o cachorro com leishmaniose que foi adotado e "virou" CEO de pet shop em Fortaleza

Snoopy, ou Nupinho, como é chamado, foi abandonado duas vezes e virou CEO de um Pet Shop

Há 8 anos, o cachorrinho Snoopy foi encontrado por uma ONG que cuida de animais em Fortaleza. A aparência e a situação de saúde do cão, que vivia nas ruas, dificultava que ele fosse adotado por uma família e recebesse um lar. 

O que Snoopy não sabia era que após passar quatro anos no abrigo e ser devolvido duas vezes, finalmente encontraria um lar e ainda iria mudar a vida de Karla Fabíola, que o adotou.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Nupinho, como é chamado pela sua tutora, é um cachorro de porte médio, “caneludão”, como Karla gosta de falar. Ele foi resgatado em 2013 pela ONG VIPA, que cuidava de animais em situação de rua no bairro Montese, em Fortaleza. 

Ao mostrar para a O POVO a foto do momento em que o Nupinho foi encontrado pelos voluntários, Karla conta que o cachorro parecia estar “quase que sem vida”.

Registro do cachorrinho Snoopy quando foi resgatado em 2013 no bairro Montese, em Fortaleza.
Registro do cachorrinho Snoopy quando foi resgatado em 2013 no bairro Montese, em Fortaleza. (Foto: Arquivo Pessoal)

Encontrar um lar para animais de rua não é uma tarefa fácil, e Snoopy, por ser portador de leishmaniose - uma doença infecciosa não contagiosa, do tipo parasitária -, passou quatro anos esperando por uma adoção. “Ele chegou a ser adotado duas vezes, mas foi devolvido”, revela Karla.

A empresária é voluntária independente há quase 15 anos e conta que sempre ajudou a resgatar animais de rua. Mas foi através de uma publicação feita nas redes sociais que ela encontrou o companheiro canino.

“O Snoopy apareceu numa publicação de uma amiga, ele estava em um lar temporário há 4 anos e o lar ia fechar. Eram quase 30 animais no abrigo e só ele não tinha encontrado ainda uma família”, disse ela. A amiga encorajou Karla a adotar o animalzinho, que está com Karla desde 2017. 

Antes de conhecer o Nupinho, Karla estava passando por um processo de depressão. “Eu estava realmente muito mal, minha família não conseguia me animar com nada. E quando resolvi buscar ele, foi a primeira vez depois de alguns meses que eu fiquei feliz com alguma coisa. Foi uma virada na minha vida”, finaliza.

Por causa da leishmaniose, Karla sentia que seu cão não era tratado como os demais quando era levado a um pet shop. Por isso, ela quis investir em um negócio que fosse “a cara do Snoopy”. Foi então que nasceu o “Pet The Boss”, um estabelecimento que não faz uso de gaiolas e trabalha para curar traumas de animais.

No perfil do Instagram da loja, o Nupinho é descrito como CEO do empreendimento. “A ideia é que venha com o rostinho dele. O nosso modelo de negócio é que o animal sinta que está na extensão de casa”, conta Karla.

A loja tem apenas dois meses e teve a "aprovação" do cão antes da inauguração. "Vocês acharam que não ia ter controle de qualidade? Eu mesmo tô fiscalizando cada detalhe! É o que eu sempre digo, né, pessoal, se não for pra fazer bem feito eu nem faço!", brincou o perfil do Snoopy.

Sobre a leishmaniose

Existem dois tipos de leishmaniose: a visceral, que também é conhecida como calazar, que afeta órgão das vísceras, como o fígado e o baço até a medula óssea. Já a cutânea (pele), pode causar feridas na pele em tom avermelhado. Ela também pode se manifestar com lesões nas mucosas, como a boca e o nariz.

De acordo com a médica veterinária e professora universitária da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Aline Maia, não há transmissão direta do cachorro para o humano. A transmissão é feita pelo flebótomo, um inseto popularmente conhecido como mosquito palha.

“A transmissão indireta ocorre quando há transferência do patógeno por meio de veículos animados ou inanimados. Então não, o cão não é transmissor indireto. O cão se encontra no mesmo ponto que o humano no ciclo de desenvolvimento da doença”, pontua a médica veterinária.

LEIA MAIS | Fortaleza reduz casos de calazar, mas situação no Ceará ainda preocupa

A doença também não é contagiosa, ou seja, uma pessoa não pode transmitir para outras pessoas nem animais podem transmitir para outros animais.

Os dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) mostram que o número de contágios entre cães apresentou queda durante a última década no Ceará. Em 2013, 8.904 cães foram diagnosticados com a doença. Já em 2019, foram registrados 3.451 casos, uma redução de 61%.

Tutora do Snoopy, Karla Fabíola acredita que ainda existe pouca informação sobre a leishmaniose. Ela lembra, inclusive, que pessoas próximas tinham receio do animal por conta da doença. “Tem muita falta de informação e isso faz com que esses animais nunca encontrem um lar,” lamenta a empresária.

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Cachorro Cachorro de rua negócios pet shop ONG fortaleza ceará

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar