Produção científica brasileira cresce 4,5% após dois anos de queda
Segundo relatório, apesar da evolução, o número de artigos com autores no Brasil ainda não recuperou o seu valor máximo, atingido em 2021
O número de artigos científicos com autores do Brasil aumentou 4,5% em 2024 se comparado ao ano anterior. Com 73.220 publicações, o crescimento é visto como um sinal positivo pelo relatório da Bori-Elsevier, divulgado nesta quinta-feira, 18, após dois anos de declínio na produção científica brasileira.
Apesar da reversão da tendência de queda, observada em 2022 e 2023, o número máximo de artigos publicados em 2021 (82.440 artigos científicos) ainda não foi recuperado. A maior taxa de crescimento, de 2023 para 2024, ocorreu na área de Engenharia e Tecnologias (7,1%).
“Na pandemia houve uma queda generalizada de vários países, o Brasil entre eles, mas a queda no País realmente foi acima da média mundial na pós-pandemia, por conta de uma redução nas bolsas de investimentos em pesquisa, coisa que se reverteu nos anos mais recentes”, afirma Dante Cid, vice-presidente de Relações Acadêmicas para América Latina na Elsevier.
O levantamento mantém a parceria entre a Elsevier, empresa editorial especializada em conteúdo científico, e a agência de notícias Bori. O estudo foi realizado a partir da ferramenta SciVal, da Elsevier, que permite analisar a produção de regiões, países, instituições e indivíduos.
Cinco fases, um cérebro: o estudo que propõe adolescência até os 32 anos | LEIA MAIS
Crescimento na produção científica do Brasil: saiba mais sobre o relatório
A pesquisa analisou 54 países, todos com mais de 10 mil artigos científicos publicados em 2024. Do total, apenas dois tiveram uma variação negativa: a Rússia, com -6,3%, e a Ucrânia, com -0,6%.
De acordo com o relatório, de 2020 a 2024, um total de 380.427 artigos científicos foram publicados com autores no Brasil. A maior parte, considerando as áreas de conhecimento, está nas Ciências da Natureza (206.179 artigos científicos), seguido por Ciências Médicas (135.428) e por Engenharias e Tecnologias (70.552).
“Investindo hoje em pesquisa, você não tem artigos publicados logo no ano seguinte. Isso leva dois, três anos para começar a acontecer. Então, investimentos iniciados há três anos atrás, esse ano começam a aparecer refletidos em mais pesquisa científica”, diz Dante Cid.
Além disso, das 32 instituições de pesquisa brasileiras, apenas três tiveram variação negativa. O informe ressalta que a “mudança muito favorável” é um contraste para 2023, período em que apenas duas instituições registraram uma variação positiva.
Para o representante da Elsevier, o Brasil ainda realiza poucos investimentos em pesquisa em comparação ao seu potencial. O País permaneceu, em 2024, em 14º lugar em produção científica, na ordenação por número de artigos científicos com autores por país.
Consumo de ultraprocessados no Brasil mais que dobrou em 40 anos | LEIA MAIS
Crescimento na produção científica: resultados além do Brasil
Outros países — Indonésia, Iraque e Emirados Árabes — tiveram um incremento na produção científica superior a 15%. As três nações, incluindo a Etiópia, também figuram com uma Taxa de Crescimento Anual Composta (TCAC) superior a 20%.
“Os Emirados Árabes são um exemplo muito claro de crescimento do investimento em pesquisa. O governo dos Emirados Árabes vem investindo para tornar o país um centro de excelência em pesquisa e inovação”, explica Dante Cid. “E isso se reflete em um crescimento acelerado na produção científica do país”.
De toda forma, o vice-presidente de Relações Acadêmicas para América Latina argumenta que o percentual acumulado de crescimento ao longo dos últimos anos do Brasil pode ser melhor — “Nós estamos crescendo mais ou menos no ritmo de países desenvolvidos e enquanto, na verdade, estamos em um patamar que é abaixo do potencial do País”.
Pesquisador da Uece identifica nova espécie de anfíbio e homenageia Paulo Freire | SAIBA MAIS