Consumo de ultraprocessados no Brasil mais que dobrou em 40 anos

Consumo de ultraprocessados no Brasil mais que dobrou em 40 anos

O apontamento faz parte de uma série de artigos publicados na revista The Lancet sobre a temática, com dados globais sobre o crescimento

Uma coletânea de artigos publicados na revista científica The Lancet em novembro aponta um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados ao redor do mundo. No Brasil, em quatro décadas, a presença evoluiu de 10% para 23%, o equivalente ao dobro nesse período.

Outros países, como a Espanha, viram as compras alimentares relacionadas aos produtos quase triplicarem em 30 anos, de 11% para 31,7%. Já no Canadá, o aumento foi de 24,4% para 54,9% em oito décadas.

”Essa mudança na forma como as pessoas se alimentam é impulsionada por grandes corporações globais, que obtêm lucros extraordinários priorizando produtos ultraprocessados”, aponta o pesquisador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP e líder do trabalho, Carlos Monteiro.

Monteiro é reconhecido como um dos “pais” do termo “ultraprocessado”, referente aos alimentos industrializados prontos ou semiprontos para o consumo.

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Consumo de alimentos ultraprocessados: conheça a pesquisa

O primeiro artigo, de uma série de três partes na The Lancet, avalia hipóteses sobre o padrão alimentar baseado em alimentos ultraprocessados. Mais dois artigos complementares especificam ações políticas e estratégias de saúde pública de apoio às dietas com produtos frescos e minimamente processados.

“O conjunto das evidências apoia a tese de que a substituição de padrões alimentares tradicionais por ultraprocessados é um fator central no aumento global da carga de múltiplas doenças crônicas relacionadas à alimentação", apontam os cientistas responsáveis pelo estudo.

A produção do relatório global ainda indica que “a educação e a mudança de comportamento individual” seriam insuficientes para lidar com a questão dos ultraprocessados.

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Na China e na Coreia do Sul, por exemplo, a presença dos alimentos “prontos para consumo” triplicou em três décadas: de 3,5% para 10,4% (China) e de 12,9% para 32,6% (Coreia do Sul).

“A deterioração das dietas representa uma ameaça urgente à saúde pública, que exige políticas coordenadas e ações de defesa para regulamentar e reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e melhorar o acesso a alimentos frescos e minimamente processados”, aponta o estudo.

(Com Agência Brasil)

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