Ex-policial é preso por sequestrar e ocultar cadáver de homem em Maracanaú

O ex-PM, que estava foragido desde março de 2023, foi encontrado em um imóvel na localidade de Jatobá

Um ex-policial militar foi preso na última quarta-feira, 22, pela morte e ocultação do cadáver de um homem no município de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O caso ocorreu na tarde do dia 7 de novembro de 2022, quando a vítima, identificada como Clezio Nascimento de Oliveira, de 32 anos, foi surpreendida por um grupo armado no bairro Alto Alegre e colocado à força em um carro. O corpo dele, no entanto, nunca foi localizado.

A Controladoria Geral de Disciplina (CGD), por meio da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), cumpriu um mandado de prisão preventiva contra o ex-policial Francisco Danis de Oliveira Nascimento, no bairro Jatobá, localizado no limite entre Fortaleza e Maracanaú.

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De acordo com o órgão, no momento da captura, o alvo do mandado tentou empreender fuga, no entanto, foi encontrado em uma casa portando um rádio de comunicação (HT).

"O ex-militar foi encaminhado ao sistema prisional e está à disposição da Justiça", completou a CGD. Ele foi excluído da Polícia Militar em 2011. 

Outras pessoas foram presas

Francisco Danis estava foragido desde março de 2023, período no qual a CGD realizou a Operação Alto Alegre. A operação prendeu os soldados Francisco Ronaldo Sales e Gabriel Neves Cabral e cumpriu seis mandados de busca e apreensão.

Junto aos suspeitos, foram apreendidos aparelhos celulares, armas de fogo irregulares, dinheiro falso, silenciadores e outros itens “potencialmente usados durante crimes”.

No dia 10 de novembro de 2022, a Polícia apreendeu a militar Maria Aline do Nascimento Rodrigues. Um outro suspeito, que não é membro da Polícia Militar, continua foragido. A Justiça depois determinou que a prisão preventiva de Francisco Sales e Maria Aline fosse substituída por prisão domiciliar.

O grupo formado por policiais, ex-policiais e uma pessoa que não integra a Força de Segurança, foi denunciado pelo Ministério Público em novembro de 2022 por sequestro, homicídio e ocultação do corpo de Clezio.

Crime planejado no WhatsApp

Conforme consta na denúncia feita pelo Ministério Público Estadual (MPCE) em maio do ano passado, as cinco pessoas acusadas pelo sequestro de Clezio teriam um grupo no aplicativo WhatsApp onde combinavam ações criminosas. A denúncia foi acatada pela Justiça no dia 20 de abril de 2023. 

De acordo com a acusação, o sequestro de Clezio também foi planejado no WhatsApp. Em uma conversa extraída do celular de Maria Aline do Nascimento, a policial aparecia, no dia 22 de outubro, conversando com outro PM preso, Francisco Ronaldo Sales, conhecido como Sales, sobre o alvo. 

Na conversa, Sales encaminha a captura de tela da consulta de um veículo em um sistema policial. Em seguida, ele menciona que "próxima semana promete". Aline, por sua vez, responde: "Se deus quiser". Depois, Sales diz que os dados do carro são do "pilantra do alto alegre". "Agora sabemos qual é o carro dele"; "Vai ser sal pra ele semana que vem kkk". 

O MPCE descreveu que Aline e Sales seriam líderes do grupo criminoso. Em uma das conversas, Aline diz que está em "abstinência" e que fica dirigindo e "pensando em sequestrar alguém". Posteriormente, ela começa a descrever possíveis vítimas. "Tem o cara dos transformadores"; "tem o bj lá"; "O da Lulu"; "Tem o do aras"; Só pra fazer o mal mesmo"; "Do negócio do sofá".

Em um dos áudios captados, de acordo com o Ministério Público, Sales diz para Aline que “no caso aí é eu, tu, o Combate, o Ricardo e o Neves”. Além dos dois, foram denunciados pelo crime: o soldado Gabriel Neves Cabral, o Neves; o ex-PM Francisco Danis de Oliveira Nascimento, o “Combate”; e o motorista José Ricardo de Oliveira, conhecido também como Jota.

Conforme o MPCE, Danis é quem captava os “alvos” e os enviava para Sales. Em maio de 2022, "Combate" saiu da prisão, o que foi comemorado pelo grupo. "Agora vai gerar", diz Sales. Apesar dele não ter sido flagrado trocando mensagens com Aline, o MPCE entende que o soldado Neves foi citado pelos acusados como partícipedas ações.

José Ricardo, por sua vez, seria o responsável por receber valores de vítimas e repassar aos demais integrantes. O MPCE diz haver essa possibilidade, pois, "poucos dias" após o sequestro de Clézio, ele teria recebido uma quantia via pix. Além disso, "Jota" teria participado do arrebatamento da vítima. 

Quem era o alvo do grupo

Com passagem pela Polícia por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, Clezio, conforme familiares relataram, era dono de uma loja de cosméticos e atuava na compra e venda de veículos.

Conforme as investigações da Polícia Civil, um dos carros usados pelo grupo para cometer o crime pertencia a uma familiar da policial Maria Aline e estava com a placa clonada.

As apurações identificaram, também, que o sinal da tornozeleira eletrônica utilizada pela vítima foi interrompido logo no início da abordagem.

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