Praia da Peroba: avanço do mar intensifica e causa queda de energia e de estruturas

Praia da Peroba: avanço do mar intensifica e causa queda de energia e de estruturas

Prefeitura busca alternativas de contenção enquanto a obra do espigão não é finalizada na área
Atualizado às Autor Gabriela Almeida Tipo Notícia

Problemática antiga, o processo de erosão costeira tem se agravado na Praia da Peroba, em Icapuí. Nos últimos dias, o avanço da maré provocou queda de energia e destruiu estruturas da região. Prefeitura busca alternativas de contenção enquanto a obra do espigão não é finalizada na área.

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Cenário foi exposto pela Associação Preserve Peroba e Picos, em postagem feita nas redes sociais nessa terça-feira, 7. Publicação aponta que a cidade teria registrado ondas de 3 metros e ventos fortes, citando que avanço marítimo causou a derrubada de postes e coqueiros, além de ameaçar casas e pousadas.  

Instituição chegou a fazer um apelo público ao município, pedindo para que fossem tomadas "medidas paliativas emergenciais, como reforço com pedras e contenções provisórias", para reduzir danos. Além disso, órgão também comunicou oficialmente o Ministério Público Federal (MPF) sobre a situação. 

"Neste momento, a situação é bastante crítica. Parte da praia está sem energia elétrica, pois a erosão avançou tanto que chegou a derrubar postes de iluminação (...) O tradicional quiosque da Boca do Povo, lugar de encontro e lazer da comunidade, infelizmente ruiu. O impacto dessa última maré está sendo muito intenso, e muitas áreas seguem sob risco", diz Luiz Viana, presidente da associação.

Situação tem deixado moradores, que sofrem já há muito tempo com as consequências da erosão, ainda mais angustiados. É o caso de Francisco Alciano da Cruz, de 54 anos.

O pescador conta que a força do mar tem sido tanta que destruiu o deque de sua casa e levou embora coqueiros de vizinhos. "A água já vai levando uns vinte metros do meu terreno (...) Tá faltando uns quatro metros só pra chegar na casa, o mar tá muito forte", conta. 

Ele tem uma casa para alugar na área e diz que a erosão tem prejudicado finanças. "Eu não consigo alugar, tá com quatro meses que não alugo (...) Estou sem ganhar, as vezes eu ganho (dinheiro com) um pescadozinho, mas as pessoas não vêm comprar por não terem acesso, pela praia não tem como", diz.

Espigão está 70% concluído, mas não tem previsão de entrega

Para conter o avanço da maré, que há anos afeta a Praia da Peroba, prefeitura de Icapuí e associações locais firmaram um acordo em março de 2024 para a construção de dois espigões na região, sendo um em convênio com o Governo do Estado e outro em parceria com o Governo Federal. 

O primeiro, de colaboração estadual, começou a ser construído e atualmente está em 70% concluído, de acordo com informação dada ao O POVO pelo prefeito de Icapuí, Francisco Kleiton (PSD).

Mandatário diz que obra chegou a sofrer um atraso na gestão passada e que atualmente ainda não há previsão de entrega da mesma, mas que ela segue em andamento. Já o segundo espigão está dependendo apenas de uma licença da Marinha, que deve ser dada ainda neste ano, para ser iniciado.

Prefeitura vai buscar medidas de contenção

O prefeito reconhece que a construção de apenas um espigão tem deixado um lado "mais protegido" e outro exposto, recebendo uma maré mais forte. No entanto, ele diz que o que tem intensificado a erosão é a ressaca do mar, própria do período, e que tem buscado medidas para contenção provisória.

"A gente tá construindo e ao mesmo tempo tentando amenizar", diz o prefeito, completando que vai procurar órgãos como a Defesa Civil para ver uma "forma de amenizar o impacto", fazendo uso de intervenções como sacos de areia e pedras.

Procurado pelo O POVO, o MPF informou que acompanha o caso e que, na terça-feira passada, 7, encaminhou um ofício para a prefeitura dando o prazo de dez dias para que o município informe que medidas de contenção estão sendo realizadas para minimizar o impacto da maré. 

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