Passageiros aprovam o primeiro dia de gratuidade no transporte coletivo de Caucaia

Ao todo, serão oferecidas 15 rotas com 60 ônibus. O serviço estará disponível durante as 24h do dia. De acordo com o prefeito Vitor Valim, a redução dos gastos públicos viabilizaram a implementação do novo sistema

Quem utilizou o transporte público nesta quarta-feira, 1º, no município de Caucaia, sentiu uma grande diferença. Isso porque, a partir de hoje, o transporte coletivo na cidade passou a ser gratuito.

De acordo com gestor do município, prefeito Vitor Valim (Pros), o novo sistema foi implementado graças a um estudo realizado com respaldo da secretaria de finanças de Caucaia.

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"Fizemos um grande estudo administrativo, revimos vários contratos da gestão. Mudamos coisas como carros, que eram alugados por R$ 4 mil, e agora são alugados por R$ 1.200 pelo município. Nós fomos enxugando onde podíamos", explica Valim, em ao O POVO.

Segundo o chefe do poder executivo municipal, além de colaborar com a economia da renda de parte da população, o projeto possui objetivos ecológicos.

"Essa medida também é ambientalmente inteligente. Vamos diminuir a quantidade de gás carbônico, vamos diminuir a quantidade de veículos nas ruas e a quantidade de acidentes de moto", relata.

O transporte coletivo do município possui uma média de 780 mil passageiros por mês. De acordo com a Prefeitura de Caucaia, ao todo, serão oferecidas 15 rotas com 60 ônibus. O serviço estará disponível durante as 24h do dia.

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O investimento anual é de R$ 25 milhões para a viabilização do novo projeto. O tesouro municipal será utilizado como fonte de recursos para que a medida se mantenha. O agravamento da situação financeira da população também foi levado em consideração para a tomada de decisão.

"Estamos passando por uma pandemia, onde muitas pessoas ficaram desempregadas. É inadmissível o cidadão não ter acesso a possibilidades de buscar um emprego. A medida mostra os impostos pagos pela população voltando como forma de benefício", complementa.

A expectativa da Prefeitura é de que a medida diminua cerca de 40% do fluxo de veículos da cidade, além de levar a um acréscimo de renda às famílias mais carentes que pode variar entre 15% e 36%.

Pelas ruas da cidade, a tarifa zero ganhou a simpatia de quem depende do transporte público cotidianamente. Flávio Holanda, 49, trabalha como ambulante no Centro, e explica que poderá destinar o dinheiro da passagem para outros fins.

"Moro longe do Centro e todo dia pagava a passagem para trabalhar. Como sou trabalhador, e está tudo muito caro, isso vai ajudar. Por mês, eu gastava mais de R$ 300 com ônibus. Agora, esse dinheiro vai para alimentação", comenta.

Já Carlos Wendell, 18, que trabalha como entregador, diz que a medida também pode ajudar pessoas que não utilizavam o coletivo por falta de recursos.

"É uma coisa boa pra cidade. Tanto para os que não tinham o dinheiro da passagem e precisavam ir para outro local, como aqueles que tinham dinheiro, mas vão poder economizar. Também acho que vai ajudar muitos os estudantes", relata.

Paulo Roger, 47, trabalha como motorista de ônibus do município desde 2019. Ele comenta que a expectativa dos passageiros estava alta durante os últimos dias.

"O pessoal está amando, melhora bastante pro bolso. Todo dia, ficavam na expectativa se iria acontecer mesmo, e está aí. Uma medida que traz um benefício claro para a população", destaca.

De acordo com a Prefeitura, Caucaia é a maior cidade do país a implementar a passagem de ônibus gratuita. Com quase 400 mil habitantes e 1.228 km² de área, o município possui um território quatro vezes maior que o de Fortaleza. No Ceará, o município do Eusébio já possui a tarifa gratuita para coletivos desde 2011.

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Insatisfação dos topiqueiros

Apesar das melhorias econômicas que as passagens gratuitas devem trazer à população de Caucaia, a medida não foi bem aceita por todos. Desde o anúncio da tarifa zero, em julho, os motoristas e cobradores de topiques passaram a temer pelos seus empregos. A categoria não está inclusa no novo programa.

Durante os últimos dias, alguns protestos foram realizados pelos topiqueiros, que esperam negociar a situação com a prefeitura. De acordo com Valim, eles não puderam ser contemplados com o novo contrato por questões judiciais.

O prefeito explica que as topiques possuem apenas uma autorização municipal para circularem na cidade. Já os ônibus passaram por um processo de licitação. Apesar do problema, ele garante que a situação terá a sua atenção.

"Nós estamos construindo com o transporte alternativo, que também é importante para a nossa cidade, uma alternativa para que, no mundo jurídico, seja possível subsidiar, e eles possam se acoplar a essas medidas que estão sendo tomadas no transporte público", explica.

O prefeito destacou, ainda, que a gestão está à disposição para achar uma saída jurídica junto aos vereadores e ao presidente da câmara municipal para que os topiqueiros sejam contemplados no projeto.

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