Enem: prova aplicada no Pará teve cinco questões antecipadas por cearense
Edcley declarou que sua capacidade de prever mudanças no Exame é atribuída à experiência acumulada em 13 participações no Enem
Após o cearense Edcley Teixeira ter antecipado cinco questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), outras cinco questões, desta vez aplicadas na prova de Belém, no Pará, também se mostraram semelhantes com o conteúdo divulgado pelo estudante em seu curso.
A informação foi divulgada pelo portal Folha de S. Paulo.
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As questões eram compartilhadas em grupos de mentorias e nas redes sociais. Em uma das comparações, de acordo com a Folha, a questão de Química sobre o Gás Natural Veicular (GNV) mostra “coincidências evidentes” entre a prova aplicada no domingo, 7, e o material que Edcley divulgava.
Conforme o portal, o conteúdo dado pelo cearense reproduz a mesma lógica do problema oficial, sendo alterada apenas a ambientação do enunciado. Ou seja, substituindo o contexto doméstico por uma situação de design industrial.
Presidente do Inep afirma que “ninguém viu a prova”
À Folha, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirmou que mantém o posicionamento dado anteriormente, de que as questões anuladas no Enem (prova aplicada nacionalmente) não irão alterar as notas.
Conforme o presidente do Inep, Manuel Palacios, a equipe iniciou uma avaliação em larga escala assim que surgiram relatos de semelhanças entre as questões do Exame e os materiais estudados pelo sobralense.
Manuel afirmou que a análise não mostrou indícios de acesso prévio ao exame: “Ninguém viu a prova”.
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De acordo com ele, as coincidências se dão devido à memorização de questão pré-testadas pelo Inep. O episódio, conforme ele, não compromete a segurança e validade das notas.
“O que havia eram questões semelhantes, com maior ou menor proximidade, mas nenhuma era idêntica”, declarou à Folha.
Manuel também destacou que o pré-teste inclui questões de prova, não a prova do Enem, e que mais de quatro mil itens passaram pelo processo, que é considerado essencial para garantir a comparabilidade entre diferentes edições do exame.
Cearense afirma que material não é vazamento
O sobralense Edcley Teixeira, que é estudante de Medicina na Universidade Federal do Ceará (UFC), afirmou que a semelhança entre as questões aplicadas no Pará e o material que ele produziu, “não é mágica e nem vazamento” e sim prova da consistência do método que o próprio diz utilizar.
“Se o meu método prevê o que cai no Enem regular, ele tem que funcionar para o Enem PPL, para o Enem do Pará ou qualquer outra aplicação, porque a lógica da prova é a mesma”, afirmou à Folha.
O universitário negou qualquer tipo de vazamento e afirmou basear suas previsões em questões de pré-testes oficiais usados pelo Inep para “calibrar futuros itens do exame”.
À Folha, Edcley declarou ainda que sua capacidade de prever mudanças no Exame é atribuída à experiência acumulada em 13 participações no Enem.
Ele também afirmou aplicar o método de percepção algorítmica, que é baseado na leitura de editais e na observação de padrões linguísticos nas questões.
A aplicação do exame em Belém, Ananindeua e Marituba reuniu mais de 95 mil candidatos e foi organizada de maneira especial em razão à COP30, que foi realizada em novembro no Pará.