"É agora que ele vai me matar", disse policial morta no Eusébio

"É agora que ele vai me matar", disse policial morta no Eusébio em áudio enviado à amiga

A soldado PM Larissa Gomes narrou episódios de agressão e ameaças em mensagem enviada a uma colega. Ela foi assassinada pelo companheiro, também PM, no dia 3 de dezembro, no Eusébio
Atualizado às Autor Jéssika Sisnando Tipo Notícia

Um áudio recuperado do celular da policial militar Larissa Gomes da Silva, de 26 anos, vítima de feminicídio, mostrou o contexto de violência doméstica que ela estava inserida antes de ser morta pelo namorado, o também policial militar Joaquim Filho.

O crime aconteceu na tarde da última quarta-feira, 3 de dezembro, no município de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza.

De acordo com familiares, Larissa integrava a Patrulha Maria da Penha, unidade especializada em proteger mulheres vítimas de violência doméstica. A mãe de Larissa já havia perdido outra filha, também vítima de feminicídio, cinco anos.


Larissa foi morta a tiros durante uma discussão dentro do carro do casal, na avenida Cícero Sá, no Eusébio. Segundo as investigações preliminares, houve troca de tiros no interior do veículo. Larissa foi atingida no abdômen e no tórax e não resistiu aos ferimentos.

Policial autuado por feminicídio

O acusado, o policial militar Joaquim Filho, também foi baleado na perna durante a ação. Ele foi socorrido inicialmente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Eusébio e transferido para o Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza.

O policial foi autuado por feminicídio e permanece internado sob escolta policial, em estado estável. Ele foi autuado em flagrante pelo feminicídio e teve a prisão convertida em preventiva. 

No áudio enviado a uma colega de farda dias antes do crime, Larissa relata que, após uma briga de trânsito onde Joaquim perseguiu um casal de moto, o policial se revoltou contra ela e a agrediu com "coronhadas" de arma de fogo.

"Ele deu coronhada na minha cabeça. Uma cena horrível, o sangue começou a escorrer. Eu pensei, é agora que ele vai me matar", desabafou a vítima na mensagem.

Conforme o áudio, obtido pelo O POVO, depois da agressão, enquanto ela estava ensanguentada, Joaquim mudou o comportamento falando que os dois iriam casar e ter filhos.

Larissa relatou ter fotografado os ferimentos para deixar como prova, mas o namorado apagou as imagens, que foram recuperadas em outro momento por ela.

Mãe de Larissa perdeu outra filha vítima de feminicídio 

A mãe da policial relatou que esta é a segunda filha vítima de feminicídio em um intervalo de cinco anos. A irmã de Larissa também foi morta no mesmo contexto.

A mãe tentou intervir para salvar Larissa do relacionamento abusivo, que durava quatro anos. O apartamento da filha apresentava marcas de tiros, colchão rasgado à faca e portas quebradas, feitas durante uma tentativa do policial de invadir a casa da vítima.

De acordo com a mãe de Larissa, ela chegou até a porta da delegacia, mas desistiu.  A policial deixa três filhos e a família está consternada com o crime.

A mulher foi sepultada na última quinta-feira, 4, no cemitério da Pacatuba. 

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