Ataques em escolas no Ceará chamam atenção à violência interpessoal e no entorno
Novo ataque em Fortaleza eleva alerta sobre violência em escolas. Relembre casos no Ceará e saiba como denunciar ameaças
Casos de violência extrema em escolas voltam a preocupar o Ceará. Um novo ataque em Fortaleza reacende o debate sobre segurança, enquanto dados mostram aumento nacional.
Um novo episódio de violência em Fortaleza elevou novamente o alerta sobre ataques em unidades de ensino. Na manhã desta terça-feira, 2, um estudante de 15 anos atacou outro aluno, um professor e uma coordenadora dentro de um colégio particular no bairro José de Alencar.
Violência nas escolas
O Ministério da Educação (MEC) reconhece quatro tipos de violência que afetam a comunidade escolar:
- agressões extremas, com ataques premeditados e letais;
- situações de violência interpessoal, envolvendo hostilidades e discriminação entre alunos e professores e o bullying;
- violência institucional, que engloba práticas excludentes por parte da escola; e
- violência urbana abrangendo o entorno da instituição de ensino, como tráfico de drogas, tiroteios e assaltos.
Nos últimos anos, o Ceará vem testemunhando episódios desencadeados tanto por violências interpessoais quanto pela violência urbana ao redor dos colégios.
A seguir, O POVO relembra casos de ataques de extrema violência em escolas cearenses nos últimos anos.
Casos graves em escolas do Ceará
Sobral (2025): tiroteio deixa dois estudantes mortos
Em 25 de setembro deste ano, Sobral — 236 km distante da Capital — registrou um episódio violento. Dois alunos da Escola Estadual Luiz Felipe foram mortos enquanto estavam no pátio da instituição. As vítimas foram identificadas como Victor Guilherme Sousa de Aguiar, 16, e Luiz Cláudio Sousa Oliveira Filho, 17.
Outros três estudantes foram baleados no abdômen, na coxa e na panturrilha. Eles receberam atendimento na Santa Casa de Misericórdia de Sobral.
Segundo O POVO apurou, homens passaram de moto atirando na direção da escola durante o intervalo, momento em que cerca de 600 alunos estavam fora das salas.
O ataque à escola teria sido feito a mando da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Um dos suspeitos foi preso e o outro segue foragido.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 aponta Sobral como a 12ª cidade mais violenta do Brasil entre municípios com mais de 100 mil habitantes, reflexo da disputa entre facções criminosas no Ceará.
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Sobral (2022): aluno leva arma para a escola
Outro caso sobralense, ocorreu em 5 de outubro de 2022, um estudante levou uma arma de um CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) para a Escola de Ensino Médio Professora Carmosina Ferreira Gomes e disparou contra três colegas.
Júlio César de Souza Alves, 15, morreu após ser atingido na cabeça. Outros dois estudantes ficaram feridos: um com fratura na perna e outro com lesão de raspão.
O inquérito concluiu que o disparo ocorreu de forma “não intencional”, ainda com a arma na mochila. O aluno afirmou ter levado o armamento para se proteger de bullying.
Pacajus (2024): ex-aluno invade sala e ataca professora
Em 30 de outubro de 2024, uma professora da Escola de Ensino Médio Dione Maria Bezerra Pessoa, em Pacajus, município a 199 km de Fortaleza, foi atacada por um ex-aluno.
A educadora recebeu atendimento médico e se recuperou. O agressor foi capturado pelo CPRaio e conduzido à Delegacia Metropolitana de Pacajus. As aulas do dia seguinte foram suspensas.
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Farias Brito (2023): duas crianças feridas
Em 4 de dezembro de 2023, duas meninas de nove anos foram feridas por um adolescente de 14 anos, estudante do 9º ano, na zona rural de Farias Brito, cidade 471 km da Capital. Ambas as crianças estavam no 4º ano.
Uma teve lesão superficial na cabeça e recebeu alta após atendimento médico; a outra sofreu ferimento profundo frontal, com exposição do crânio, e foi transferida para Barbalha, onde se manteve estável.
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Ataques em escolas no Brasil
Um total de 42 ataques de violência extrema em escolas do Brasil entre janeiro de 2001 e dezembro de 2024.
Desse total, 27 episódios (64,2%) foram registrados mais recentemente, entre março de 2022 e dezembro de 2024.
Os dados são de relatório da plataforma D³e – Dados para um Debate Democrático na Educação. O levantamento foi realizado com apoio da B3 Social e da Fundação José Luiz Setúbal.
As autoras destacam que enfrentar os ataques não significa apenas impedir que aconteçam, mas compreender e intervir nos contextos que os tornam possíveis. “Embora o número de ataques consumados tenha diminuído em 2024, muitos outros foram identificados e interrompidos antes de sua execução — o que revela que, como sociedade, ainda não conseguimos lidar plenamente com a complexidade desse fenômeno. A prevenção exige compromissos amplos e coordenados, que envolvam todos os atores responsáveis pela formação social das juventudes”, apontam.
Como denunciar ameaças e ataques às escolas
Conforme a Secretaria de Segurança do Ceará, a população pode contribuir com investigações de ameaças e ataques a instituições de ensino no Estado repassando informações através do Disque-Denúncia, pelo número 181 ou para o WhatsApp (85) 3101 0181, ou ainda via "e-denúncia".
As informações também podem ser encaminhadas por meio do telefone (85) 3101 7588, da Delegacia da Criança e do Adolescente. O sigilo e o anonimato são garantidos.
No âmbito nacional, o Ministério da Justiça e Segurança Pública criou um canal digital para coleta de denúncias sobre possíveis ameaças a escolas: o Escola Segura (www.gov.br/mj/pt-br/canais-de-denuncias/escolasegura). As denúncias são anônimas. (Colaborou Marcela Tosi)
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