Chefe do CV: Skidum é impronunciado por falta de provas em acusação de homicídio contra policial

Chefe do CV: Skidum é impronunciado por falta de provas em acusação de homicídio contra policial

Advogado Roberto Castelo, responsável pela defesa, aponta a decisão como uma "vitória judicial" com garantia constitucional
Atualizado às Autor Jéssika Sisnando Tipo Notícia

O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) decidiu pela impronúncia de Carlos Mateus da Silva Alencar , o 'Skidum', apontado como chefe de facção criminosa Comando Vermelho (CV) no Ceará. Mateus era réu em um processo que apurava crimes de homicídio qualificado, organização criminosa e favorecimento pessoal e é considerado o criminoso mais procurados do Estado. 

O processo era referente a morte do policial militar Bruno Lopes Marques, que foi executado em um bar no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza

Conforme o documento obtido pelo O POVO, a decisão foi tomada por unanimidade pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal nesta terça-feira, 11. Na prática, 'Skidum' e outros cinco réus não serão levados a júri popular por este caso específico.

O acórdão relatado pelo juiz Cid Peixoto do Amaral Neto, reverteu uma decisão anterior da 5ª Vara do Júri de Fortaleza, que havia aceito a acusação contra os réus. O motivo central da decisão foi a "ausência de indícios mínimos de autoria". 

O advogado Roberto Castelo, responsável pela defesa de Mateus, afirmou que a decisão está em sintonia com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que repudia a utilização de presunções e depoimentos de "ouvi dizer" para fundamentar decisão de pronúncia. 

"Esta vitória judicial reforça o compromisso da defesa com a estrita observância do estado democrático de direito e com a garantia constitucional da presunção de inocência. Ficou demonstrado que, efetivamente, não havia provas suficientes para a pronúncia e, consequentemente, para uma eventual condenação", informou o advogado. 

Provas baseadas em "Ouvir Dizer"

Segundo o relator, a acusação contra os réus estava fundamentada exclusivamente em "depoimentos indiretos ('ouvir dizer')" e em "elementos exclusivamente inquisitoriais", ou seja, provas colhidas apenas na fase de inquérito policial, sem confirmação em juízo.

No voto, o relator cita o depoimento de uma testemunha protegida ("X"), que, segundo o Tribunal, não foi suficiente por se basear em "comentários de terceiros não identificados". O acórdão é taxativo ao afirmar que "não há provas suficiente para apontar a autoria delitiva" a Carlos Mateus da Silva Alencar. 

O Tribunal também considerou insuficientes as provas para o crime de organização criminosa, mencionando que "a simples existência de fotos nos celulares de alguns dos réus fazendo gesto referente ao número 2 não é suficiente" para comprovar o delito. 

Quem é 'Skidum', o 'Fiel' do Comando Vermelho no Pirambu

O nome de Carlos Mateus da Silva Alencar, 28 anos, pode não ser imediatamente reconhecido, mas o apelido, 'Skidum' é sinônimo de alerta máximo para as forças de segurança do Ceará. Também conhecido como "Fiel", ele é apontado por investigações da Polícia Civil como uma das principais lideranças do Comando Vermelho (CV) no estado.

Atualmente, 'Skidum' é considerado foragido da Justiça e figura no programa de recompensa da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS-CE), com mandados de prisão em aberto.

Skidum acumulou condenações que ultrapassam 37 anos de prisão em dois julgamentos distintos em 2025.

Segundo as investigações, Mateus exerce a função de "cabeça" da facção no bairro Pirambu e em áreas adjacentes, como a Barra do Ceará. Esse território é considerado estratégico com acesso ao litoral, facilitando a logística do tráfico de drogas.

De acordo com documentos obtidos pelo O POVO, a "representatividade" de 'Skidum' na facção não é de um soldado, mas de um gestor com poder de decisão. As autoridades o vinculam a ordens diretas para execuções de rivais, gerenciamento de pontos de venda de drogas (as "bocadas") e a logística de armamentos para os membros da organização.

Mateus é réu e condenado como mandante e executor de assassinatos, geralmente ligados à "guerra de facções" e queima de arquivo. Apontado ainda como o principal articulador do tráfico na região que domina e acusado formalmente de integrar e chefiar o braço local do CV. Ele responde por porte de armas de uso restrito.

Embora tenha conseguido a vitória judicial no caso de impronunciamento, 'Skidum' possui dezenas de outros processos. Ele segue foragido.

 

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