Veja "casos emblemáticos" de expulsões de moradores no Ceará, conforme o DRCO
Relatório da Polícia Civil mostra que, nos últimos meses, houve aumento no número de casos de deslocamentos forçados de moradores praticados por facções
08:00 | Nov. 01, 2025
Ilustrando o aumento no número de moradores expulsos de suas casas nos últimos meses, o Relatório Técnico nº 224/2025/DRCO/PCCE listou seis “casos emblemáticos” da prática registrados entre junho e outubro deste ano no Ceará.
Como O POVO mostrou mais cedo, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), entre 1º janeiro de 2024 e 30 de setembro de 2025, ocorreram 219 eventos nos quais facções criminosas expulsaram moradores de suas casas no Ceará.
São episódios ocorridos nos bairros José de Alencar e nos residenciais Cidade Jardim I e Maria Tomásia, em Fortaleza; no bairro Guajiru, em Caucaia; na comunidade conhecida como Jacarezal, em Pacatuba; e no distrito de Uiraponga, em Morada Nova.
No José de Alencar, em 1º de outubro último, um condomínio teve o muro pichado por criminosos com ameaças que ordenavam determinados moradores a se mudarem em 24 horas. As placas dos carros dos alvos das ameaças chegaram a ser transcritas nas pichações.
Já no Cidade Jardim I, conjunto habitacional localizado no José Walter, a disputa entre CV e TCP, intensificada em setembro, fez com que diversas famílias fossem expulsas da região.
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Em 15 de outubro, O POVO mostrou que, pelo menos, quatro pessoas afirmaram ter deixado suas moradias no Cidade Jardim I por determinação de membros do TCP. As expulsões teriam sido motivadas porque as vítimas tinham familiares que integravam o CV.
O relatório também lista os deslocamentos ocorridos no conjunto Maria Tomásia, no bairro Jangurussu, entre os casos emblemáticos. “Relatórios da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) indicam que o local é estratégico para o tráfico de drogas, oferecendo acesso a bairros como Conjunto Palmeiras, São Cristóvão, Parque Dois Irmãos e Messejana, todos com presença consolidada de facções”, afirmou o DRCO.
Já na Região Metropolitana de Fortaleza, os analistas destacam o caso do bairro Guajiru, em Caucaia, onde, em junho deste ano, dois homens foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPCE) acusados de cobrarem taxas de até R$ 600 de moradores e comerciantes sob pena de expulsão.
Em Pacatuba, por sua vez, uma vila com cerca de 30 casas foi abandonada em meio à disputa entre CV e TCP nos meses de setembro e outubro. O DRCO cita que, pelo menos, dois homicídios foram registrados na localidade em 22 e 25 de setembro. “Com a saída das famílias, houve relatos de escolas e postos de saúde com atividades suspensas e comércio local interrompido”.
Por fim, em Uiraponga, inúmeros moradores deixaram suas casas em junho em meio a uma disputa entre faccionados até então integrantes de GDE e TCP. “Esses episódios demonstram que a disputa territorial entre grupos criminosos não se restringe mais aos grandes centros urbanos, espalhando-se para áreas rurais e distritos interioranos, onde o poder público enfrenta maiores dificuldades de presença e resposta imediata”, afirmou o DRCO.
Facções expulsaram moradores em, ao menos, 49 bairros de Fortaleza
Em 2024 e 2025, a SSPDS registrou 143 eventos com expulsões de moradores, que ocorreram em 49 bairros de Fortaleza. Com 16 ocorrências cada, Ancuri e José Walter são os bairros de Fortaleza onde mais casos aconteceram, segundo o levantamento.
Em seguida, vêm Vicente Pinzón (com 15 casos), Jangurussu (8), Barra do Ceará (7), Papicu (7) e Canindezinho (6). Depois de Fortaleza, é Maranguape, na RMF, o município com o maior número de expulsões de moradores, com 19 casos.
Em seguida, estão: Maracanaú (16), Caucaia (15), Sobral (7), Pacatuba (2), Quixadá (2) e Cascavel (1).