Estudo feito pela UFRJ em Sobral compara aprendizado antes, durante e depois da pandemia

A pesquisa apontou que as crianças aprenderam em ritmo mais acelerado em 2022 e destacou as iniciativas observadas no município cearense. Foram avaliadas 1.364 crianças matriculadas na rede pública municipal

As crianças que em 2022 tiveram aulas totalmente presenciais no 2º ano da pré-escola tiveram um ganho de 110% de aprendizagem em linguagem e 115% em matemática, se comparadas com as que cursaram o mesmo período em 2019. 

Já as crianças que estavam no 2º ano em 2020, quando as atividades presenciais foram interrompidas pela pandemia de Covid-19, viveram situação mais delicada: elas teriam aprendido apenas 39% em linguagem e 48% em matemática em relação às de 2019.

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Dados são da pesquisa “Recomposição das aprendizagens e desigualdades educacionais após a pandemia covid-19: um estudo em Sobral/CE”, aplicada no município cearense distante 234,8 km de Fortaleza.

Apesar do cenário preocupante, os resultados sugerem que as ações realizadas pela rede de ensino para reduzir os impactos da pandemia surtiram efeito nas crianças que concluíram a etapa em 2022.

Os dados apontam para uma recuperação da aprendizagem, algo que preocupava não só os pesquisadores que conduziram o estudo mas também os estudiosos de vários países que avaliam os possíveis efeitos da pandemia no ensino.

Por que Sobral foi escolhida pela UFRJ para a pesquisa? Entenda

 

O estudo foi feito por pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com apoio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

Para chegar aos resultados destacados acima, o estudo acompanhou o desenvolvimento de 1.364 crianças matriculadas na rede pública municipal de Sobral (distante 235 km de Fortaleza) que frequentaram o segundo ano da pré-escola entre 2019 e 2022.

“Estávamos fazendo uma pesquisa em Sobral quando fomos pegos de surpresa pela pandemia. Mas daí vimos que era a oportunidade de continuar e acompanhar novos grupos de crianças da pré-escola”, lembra Tiago Bartholo, um dos responsáveis pela pesquisa, em entrevista ao O POVO.

“Esse estudo é inédito e traz informações peculiares, essenciais para a gente entender com robustez não só os efeitos da pandemia mas também os benefícios da educação pré-infantil no desenvolvimento das crianças. Importante ressaltar que a recuperação da aprendizagem é parcial, pois os resultados de 2022 ainda estão abaixo dos de 2019. E que esses dados são especificamente do município de Sobral e não são gerais, já que a educação infantil é atribuição dos municípios”, destaca.

“Sobral foi escolhida porque já tínhamos dados de 2019 que possibilitaram uma comparação com esse novo cenário pandêmico. E também por causa das ações que a tornaram reconhecida como um município com bons indicadores de educação”, acrescenta Mariane Koslinski, uma das responsáveis pelo estudo.

Os pesquisadores também analisaram o contexto social e como as crianças foram afetadas, de acordo com os recortes de gênero, raça e renda, dentre outros, e constataram que as mais vulneráveis ainda não se beneficiaram desse movimento de retomada da aprendizagem.

O que fazer para melhorar o aprendizado? Veja as recomendações que o estudo faz a gestores:

 

A análise feita pela UFRJ em relação à educação pública de Sobral destacou diversas iniciativas tomadas pelo município, em parceria com governos estadual, federal e instituições com a Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Os pesquisadores usaram o modelo de ensino para elaborar recomendações a gestores de diferentes níveis. Veja quais foram as iniciativas apontadas pela pesquisa:

  • Busca Ativa Escolar: os agentes educacionais visitam as famílias com crianças que estão fora da escola ou com risco de evasão. Os profissionais procuram convencer os responsáveis a promover a ida ou o retorno à escola.
  • Qualificação de professores: professores com bacharelado mas sem licenciatura, os que lecionam fora da formação acadêmica e os professores sem formação de nível superior têm oportunidades de obter qualificação gratuita. “Sobral já tinha um programa de qualificação estruturado, com alta capilaridade, antes mesmo da pandemia”, aponta a pesquisadora Mariane Koslinski.
  • Parentalidade: programas de parentalidade buscam ensinar aos responsáveis como educar crianças em ambientes seguros e sem usar a violência. “Não é uma agenda só de Sobral, importante ressaltar. Mas os programas foram implementados e têm se mostrado eficazes, principalmente porque as crianças ficaram mais em casa na pandemia”, pontua o pesquisador Tiago Bartholo.
  • Centros de Educação Infantil, os CEIs: os equipamentos contam com boa infraestrutura e oferecem diversas atividades para as crianças. “A pesquisa indicou que as crianças que têm acesso aos CEIs e às escolas de tempo integral se desenvolviam no ritmo mais acelerado em comparação com as demais. A expansão está sendo feita mantendo a qualidade”, afirma Tiago.

 

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