Chacina do Curió: Elmano promete logística de segurança para julgamento

Famílias das vítimas foram recebidas pelo governador Elmano Freitas (PT) na tarde desta quarta-feira, 19. Representantes do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) e da Anistia Internacional Brasil acompanharam o encontro

Pela primeira vez após quase oito anos, as famílias das vítimas da chacina do Curió foram recebidas pelo chefe do Executivo Estadual. No encontro, o governador Elmano Freitas (PT) prometeu garantir logística de segurança para familiares, promotores e defensores públicos. O encontro foi acompanhado por membros do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), da Anistia Internacional Brasil e do Comitê de Prevenção e Combate à Violência da Assembleia Legislativa do Ceará.

Crime vitimou 11 pessoas, na madrugada do dia 11 para o dia 12 de novembro, em 2015. Início do julgamento de parte dos réus envolvidos no caso começa no dia 20 de junho próximo. "Só em ele ter nos recebido é uma porta aberta. Oito anos se passaram e não tivemos nenhuma porta se abrindo. Foi muito triste. E um governador que tá há 100 dias e nos recebe, gera uma esperança", relata Edna Carla Souza Cavalcante, uma das lideranças do grupo "Mães do Curió" e mãe de Álef, morto na tragédia. 

Grupo esteve reunido com representantes do Ministério Público do Ceará (MPCE) e da Defensoria Pública do Ceará (DPCE), nessa terça-feira, 18, em busca de um diálogo sobre o andamento do caso.

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"Não era nem para a gente estar lutando por justiça. Quando o Estado mata, ele já era para condenar. A gente paga a polícia para matar nossos filhos? A lentidão é muito adoecedora. Mas o que temos que fazer é lutar", comenta Edna, sobre a atuação dos familiares durante o período. 

Conforme Nelson Martins, assessor especial da chefia de gabinete do Governo do Estado, o governador prometeu que vai haver "uma logística de segurança para os familiares". "E também, é claro, nós estamos preocupados com os promotores que vão fazer acusação, com os defensores públicos que vão auxiliar também nesse processo. Então, o governador vai conversar com o Abelardo [Benevides], Tribunal de Justiça, para ver uma melhor forma de garantir essa segurança", detalhou.

Uma demanda levantada pelos familiares foi a necessidade de assistência psicológica. "Já amanhã à tarde, 14h30min, nós teremos uma reunião entre a Secretaria de Saúde, a Defensoria e o governador pediu, vou já já ligar pra ela, para a doutora Socorro França, dos Direitos Humanos, participar também dessa reunião. Ele quer montar uma forma de dar uma assistência psicológica melhor", afirmou.

Além disso, o governador também se comprometeu a estudar, junto a outros órgãos, uma forma de "reparação" para as famílias das vítimas. 

De acordo com Alexandra Montgomery, advogada e diretora de programas da Anistia Internacional Brasil, a reunião foi "bastante produtiva", com o governador assumindo compromissos em relação à garantia dos direitos das Mães do Curió.

"E, além disso, em relação a abertura de canais para que se produza avanços na segurança pública, para redução da letalidade policial e para a garantia de direitos humanos no sistema prisional. Nós da Anistia Internacional entendemos o gesto de receber as Mães do Curió como uma mensagem importante acerca dos deveres do Governo do Estado com as mães e sobreviventes do Curió, as mães da periferia e com o povo do Ceará. Esperamos que os compromissos se transformem em realidade. Seguiremos monitorando", avaliou Alexandra.

Atualizado em 20/04/2023, às 11h30min

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