Fuga em massa: 11 presos fogem de presídio na Região Metropolitana de Fortaleza

A fuga aconteceu na madrugada deste domingo, 12. Secretaria da Administração Penitenciária do Estado realiza diligências para recaptura dos presos

Onze presos fugiram da Unidade Prisional Elias Alves da Silva (CPPL4), em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O caso foi registrado na madrugada deste domingo, 12.

De acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), a polícia penal, integrada com as forças de segurança, realiza "diligências ininterruptas" para a recaptura. A pasta informou que abriu uma investigação para apurar as circunstâncias da fuga.

Um dos fugitivos é Andrew Gabriel do Nascimento, que foi presos suspeito de um duplo homicídio na avenida Osório de Paiva. Na ocorrência, ele e outro réu foram presos em flagrante por matar dois homens que estavam em um veículo. O caso foi registrado em setembro de 2020.

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Já Antônio Aristides Alves Ferreira foi preso em 2019 por tráfico de drogas. Na época, ele possuía antecedentes por homicídio, tentativa de homicídio e tráfico de drogas.

José Leudimar Ferreira da Silva, conhecido como Quixeré, já havia tentado fugir da cadeia pública do município natal dele. Na ocasião, ele e outros detentos teriam cavado um buraco no banheiro, que foi descoberto em uma vistoria. A situação aconteceu em maio de 2011. A passagem dava acesso à parte externa da cadeia. Nessa época Leudimar respondia à Justiça por furto.

Kelvin Azevedo Lima, de 20 anos, foi preso suspeito de participação na chacina de Ibaretama. Ele e o irmão eram suspeitos de dar apoio aos indivíduos responsáveis pelas mortes. Foram sete pessoas executadas, inclusive uma criança de 7 anos. A motivação seria o embate entre facções criminosas.

Luis Fernando Alexandre Viana foi preso pelo latrocínio (roubo seguido de morte) de um guarda municipal em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. Com ele e outro indivíduo foram apreendidas uma arma de fogo e um simulacro de pistola. Ele foi preso em 15 de janeiro de 2019. O crime contra o guarda municipal aconteceu no Novo Pabussu no dia 6 de janeiro. Os criminosos chegaram ao local em bicicletas e anunciaram o roubo. O guarda tentou reagir e foi baleado. Ele ainda foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

Luis Augusto Sabino da Silva foi acusado de matar um amigo junto a outro indivíduo. O crime aconteceu em 29 de março de 2009, quando Felipe Sousa Magalhães foi morto nas proximidades de Camocim. A vítima e os acusados ingeriram bebida alcoólica até as 23 horas no dia do crime e, no retorno para casa, o colega de Augusto efetuou um golpe de gargalo contra o rapaz. Augusto ajudou a espancá-lo. Os dois ainda foram à casa do outro acusado pegar uma foice e desferiram vários golpes na vítima. Ele foi a júri popular em Camocim em 2010, conforme o Tribunal de Justiça do Ceará.

Will Alves dos Santos, foi preso em 2010 acusado de homicídios em série no bairro Vicente Pinzon. Além disso, ele foi preso com armas de fogo.

O POVO não conseguiu confirmar as acusações contra Antônio Vitor Gomes Leandro e Felipe Paulo Marinho de Sousa, os dois fugitivos remanescentes.

Conselho cita problemas estruturais no sistema penitenciário

Em relação a fugas, rebeliões e apreensão de armas dentro do sistema penitenciário, Claudio Justa, do Conselho de Segurança Pública, aponta que não foram solucionados problemas estruturais antigos. Segundo ele, o sistema continua superlotado e com atuação intensa de facções criminosas.

Segundo Justa, o que houve foi a mudança de doutrina de administração para o uso mais contundente da força, o que, para ele, só teria efetividade se as ações estivessem interligadas à política macro de segurança pública. A própria superlotação é um fator de vulnerabilidade, conforme o conselheiro, e por mais que haja uma doutrina de maior disciplinamento, não há policiais penais suficientes para o número de internos.

Justa destaca fugas e rebeliões em algumas alas. "Não dá pra você sanear um problema infraestrutural com o uso da força e essa força com número insuficiente com o número de internos", relata.

O advogado aponta ainda que o sistema penitenciário do Rio Grande do Norte passou pelo mesmo processo de disciplina do atual secretário da Administração Penitenciária do Ceará, Mauro Albuquerque, e atualmente a realidade de lá possui os mesmos problemas. "Dificilmente será resolvido com algum tipo de doutrina mágica de contenção disciplinar", relata.

Justa relata que a questão da segurança pública não está controlada no Ceará e que há efeitos dos conflitos e disputas territoriais das facções criminosas, e, consequentemente o encarceramento.

"Essas pessoas vão para o sistema penitenciário. É complicado administrar uma unidade que é para 900 presos e está quase o dobro disso e imaginar que seja possível. O encarceramento vai continuar existindo, pois você tem isso como política pública de repressão. A consequência disso vai impactar no sistema penitenciário. O sistema ainda é, estruturalmente, o mesmo de 2018, o que mudaram foram práticas administrativas, um tipo de doutrina alimentada pela ideia de policiamento interno, mas isso tem pouca efetividade se você levar em conta a realidade maior", informa.

Veja fotos dos fugitivos do presídio

 

 

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