Retorno 100% presencial da UFC: expectativas positivas e demanda por ação mais efetiva contra a Covid

Universidade determinou protocolos contra a Covid-19, mas comunidade acadêmica vê desorganização e falta de efetividade. Manifestação de professores, servidores e estudantes está marcada para quinta, 17

O ano letivo de 2022 na Universidade Federal do Ceará (UFC) teve início nesta quarta-feira, 16. A data marca o retorno integral de professores, alunos e servidores aos campi de Fortaleza e do Interior. Após dois anos de ensino remoto e híbrido, as atividades acadêmicas voltam em formato 100% presencial.

Esta é a primeira vez que Sarah Rebeca e Guilherme Siqueira entram nos corredores e blocos da instituição. Os universitários estão, respectivamente, no terceiro semestre de Engenharia Química e no segundo semestre de Jornalismo. Para eles, o momento é de alegria, mas também de certa tensão em relação à Covid-19.

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“No ensino online, era mais difícil prestar atenção e aprender; com o presencial, vamos ter laboratório e práticas, então será muito melhor”, avalia Sara. “A realidade é que a comunidade acadêmica queria esse retorno, só fica o desejo que tivesse sido feito de uma forma mais ordeira”, completa Siqueira.

O jovem entende que há desorganização e falta de comunicação da universidade com os alunos. “Um curso divulgou, de forma errada, que as aulas seriam remotas. O funcionamento do restaurante universitário demorou a ser esclarecido. Os alunos ficam desorientados... E isso em um momento de tensão, porque a Covid-19 está menos agravada e as restrições estão diminuindo, mas a doença não sumiu”, cita.

Para Abner Oliveira, estudante do 6º semestre de Psicologia, “é muito bom poder voltar presencialmente, pois o ensino remoto não foi satisfatório e acabou defasando a formação de muitas pessoas”. Segundo ele, a perspectiva é positiva e esperançosa. “Todos parecem animados para ocupar o espaço da universidade, embora haja muito receio sobre determinadas questões que afetam a permanência estudantil”, afirma.

Dentre as questões, Oliveira cita o fato de não haver fiscalização ativa do passaporte vacinal, além de incertezas sobre o funcionamento do restaurante universitário (RU) e do transporte entre os campi. Quando falou com O POVO nesta manhã, o estudante estava na fila do RU do campus Benfica e avaliou que “o sistema de agendamento de horários está aparentemente muito ineficaz”.

Segundo informações que circulavam entre os universitários, o local iria abrir às 11 horas, mas as refeições, que não são feitas no restaurante, chegaram após as 11h30min. A situação gerou espera e longas filas. Houve ainda relatos de escassez de comida por volta do meio-dia. Em Fortaleza, o acesso dos estudantes aos refeitórios está sendo feito mediante agendamento prévio e com vagas limitadas a fim de evitar aglomerações.

Diante das demandas de estudantes e professores, está marcado para as 11 horas desta quinta-feira, 17, um ato na Reitoria da UFC. Conforme o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc Sindicato), a mobilização cobra definições para um retorno presencial seguro. Dentre os questionamentos, está o fato de colocar sob responsabilidade dos docentes a fiscalização dos passaportes da vacina, que não foram cobrados durante as matrículas.

No Guia Tô de Volta, divulgado pela UFC, está previsto que o aluno sem as duas doses da vacina contra a Covid-19 entregará uma autodeclaração aos professores das disciplinas, sendo colocado em regime especial "até o dia 15 de abril ou até que seja estabelecido, pela administração superior, um novo regramento". O mesmo vale pra os docentes, que, caso não estejam vacinados, devem entregar uma autodeclaração à unidade acadêmica e ministrar aulas remotas no período.

Em nota, a Universidade explica que "os alunos foram perguntados, durante o ato da matrícula, se eles tinham tomado a vacina – ou as três doses ou a dose única – e eles também tinham a opção de não querer responder ou de dizer que não eram vacinados". Dos alunos que responderam, 97% disseram que eram vacinados. "A UFC, então, vai acreditar nesses alunos e vai dar o direito àqueles que não estão vacinados ou que fazem parte do grupo de risco de terem um atendimento especial. Então, a rigor, não haverá cobrança do passaporte vacinal, mas a UFC dará o direito dos não vacinados de terem um regime especial de aulas", conclui. 

O POVO ainda questionou a UFC sobre o funcionamento do transporte intercampi e quais medidas de prevenção contra a Covid-19 serão feitas nele. A reportagem ainda perguntou sobre atraso no RU do Campus Benfica e a quantidade de alunos que responderam sobre a porcentagem de vacinação informada. Tão logo a demanda seja respondida, a matéria será atualizada. 

Retorno gradual

Alguns cursos em que são previstas atividades práticas – como os da área de Saúde – já haviam retomado as atividades presenciais em fevereiro de 2021. As atividades administrativas presenciais foram retomadas em 1º de outubro de 2021.

Ensino remoto permanece

Disciplinas da graduação ofertadas pelo Departamento de Letras-Libras e Estudos Surdos, além daquelas em que há alunos surdos matriculados e alunos com deficiência dispensados do uso de máscaras podem seguir com parte da carga horária remota. 

Há exceção também para disciplinas ministradas por professores do grupo de risco, que podem assinar autodeclaração de saúde e solicitar a continuação no regime remoto. Já alunos em grupo de risco ou não vacinados terão assistência do professor, mas não necessariamente aulas remotas. Serão adotadas estratégias que permitam que o estudante acompanhe a aula, como estudos dirigidos.

As regras para o retorno presencial das aulas valem até o dia 15 de abril, quando as normas serão reavaliadas.

Medidas contra o vírus

Conforme a UFC, para o retorno presencial foram realizadas adequações como construção de banheiros, reparos em instalações das unidades e realocações de espaços de forma a possibilitar que turmas com mais alunos ocupem salas maiores. Além disso, foram adotasas "rígidas recomendações e medidas de limpeza e desinfecção de ambientes", a fim de evitar/mitigar o contágio pelo coronavírus.

ERRAMOS: O ato de professores e alunos está marcado para esta quinta-feira, 17, e não como foi informado na primeira versão da matéria.

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