Ceará teve alta de 10,4% no número de assassinatos em fevereiro

Apesar do aumento, é o menor número para o mês desde 2017, quando 269 mortes violentas haviam sido contabilizadas

O Ceará registrou aumento de 10,4% no número de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) em fevereiro deste ano na comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), nos 28 dias do mês passado, 276 mortes violentas foram registradas em todo o Estado, ante a 250 contabilizadas em 2021.

Os números indicam que, em média, a cada 24 horas, pelo menos nove pessoas foram assassinadas no Ceará no último mês. Na comparação com janeiro deste ano, que registrou 251 homicídios, houve aumento de 9,9%, embora fevereiro, com 28 dias, tenha sido mais curto do que o mês anterior, que teve 31 dias.

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Apesar da oscilação, os dados mais recentes não apontam uma nova tendência de crescimento na curva estatística de assassinatos no Ceará. Segundo os registros das ocorrências policiais, nos dois primeiros meses de 2022, o número de pessoas mortas violentamente nos 184 municípios cearenses chegou a 527, cerca de 5% a menos do que os 557 homicídios registrados nos últimos dois meses de 2021.

No ano passado, o mês com maior número de crimes contra a vida no Ceará foi janeiro, com 306 registros. Maio, por outro lado, teve o menor índice, contabilizando 244 ocorrências. Já no acumulado do ano, o total de mortes violentas chegou a 3.299, perfazendo queda de 18% em relação à soma dos doze meses de 2020 (4.039).

De acordo com os números da SSPDS, fevereiro de 2022 é o menos violento desde 2017, quando foram registrados 269 casos. Desde o começo da série histórica, em 2013, com a atual metodologia de cálculo das mortes, o maior número de ocorrências para o período havia sido calculado em 2020, quando as estatísticas da violência dispararam no Estado devido ao motim de parte dos policiais militares.

Antes dessa paralisação ilegal dos agentes da Segurança, o fevereiro mais violento do Ceará havia ocorrido em 2014, quando 394 pessoas foram executadas, média de 14 mortes por dia. Já em fevereiro de 2019, um ano antes do motim, foram calculados 164 assassinatos, menor quantidade para o mês desde o começo da série histórica.

Do total de homicídios já registrados em 2022, 28% ocorreram em Fortaleza, 23% na Região Metropolitana da Capital e 49% nos municípios do interior do Ceará. De acordo com relatório da SSPDS, ao menos 21 das 527 mortes decorreram de intervenções policiais. Nesse caso, a pasta esclarece que os homicídios são registrados como crime culposo — quando não há intenção de matar, pois os policiais possuem excludente de ilicitude.

Os números da violência no Estado são processados mensalmente pela Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp), da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), vinculada à SSPDS. Nos indicadores de CVLIs, os pesquisadores consideram os Boletins de Ocorrência (B.O) registrados em todas as delegacias do Estado que envolvam casos de homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte), feminicídio e lesão corporal grave seguida de morte.

O POVO questionou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará sobre o aumento de 10,4% no número de assassinatos observado em fevereiro deste ano. Em nota, a pasta diz que o acréscimo está ligado ao acirramento de conflitos entre grupos criminosos na Capital. Afirma ainda que algumas ações estratégicas adotadas já no começo de março apresentam resultados positivos. De acordo com o órgão, nos oito primeiros dias do mês, os índices de CVLIs caíram, em média, 31% em Fortaleza e 10% em todo o Ceará.

A SSPDS pontua que as ações de combate à criminalidade são lideradas em duas frentes pelas Polícias Civil e Militar. Entre as medidas realizadas pela Polícia Militar estão operações ostensivas, ações de prevenção focadas em áreas com maior incidência de violência; “operação duas rodas”, com o uso de motocicletas, para possibilitar mais mobilidade aos agentes de segurança, e a operação “expediente operacional”, que amplia o efetivo nas ruas com apoio de policiais militares que desempenham funções no expediente administrativo.

Já a Polícia Civil direciona o foco das suas ações para prisões qualificadas envolvendo criminosos que lideram bandos. A captura mais recente foi a de José Ivan Alves da Silva Filho, 30, conhecido como "Filho", preso no bairro Messejana nesta terça-feira, 8. Segundo investigações policiais, ele teria ordenado ao menos cinco homicídios no bairro Sapiranga. Por seu histórico criminal, o homem figurava na lista do Programa Estadual de Recompensa da SSPDS.

Matéria atualizada às 23h48min

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