Polícia Federal investiga superfaturamento em Hospital de Campanha do PV

A investigação federal estima que o Ceará, em uma só compra, adquiriu monitores multiparâmetros R$ 1 milhão mais caros do que os vendidos pela mesma empresa a outras secretarias da saúde. Mandados foram cumpridos contra empresários e servidores investigados

A Polícia Federal cumpriu a segunda fase da operação Cartão Vermelho, na manhã desta segunda-feira, 23, contra grupo que teria fraudado licitações para Hospital de Campanha do Estádio Presidente Vargas (PV), em Fortaleza. Em sua fase 2, a operação realizou sete mandatos de busca e apreensão em Fortaleza e em Brasília. No Ceará, foram executadas buscas em casa de empresários e servidores públicos. Segundo apuração, as conexões foram confirmadas a partir de ligações financeiras, com a quebra do sigilo bancário dos suspeitos.

Na Capital cearense, a investigação sobre o Hospital se debruçou em dois pontos: a análise de custeio da obra e o investimento na compra de material para unidade de atendimento contra Covid-19: “O contrato previa R$ 46 milhões de investimento. Disso, cerca de 24 milhões foi realmente usado. Do valor que sobrou, gastaram-se R$ 10 milhões só em monitores multiparâmetro", informa George Moura Colares, superintendente da Controladoria-Geral da União (CGU) e chefe do núcleo de auditoria da Saúde no Ceará.

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O superintendente explica também que foram adquiridos mais monitores do que estava previsto no contrato de gestão, e muitos dos equipamentos foram transferidos do Hospital de Campanha. “A mesma empresa que forneceu os equipamentos para o Hospital de Campanha do PV forneceu para outras duas secretarias (secretarias municipal de João Pessoa e estadual do Piauí) diretamente, inclusive uma delas oferecia o mesmo equipamento, com tela maior e um preço de R$ 1 milhão mais barato para as outras secretarias citadas”.

Segundo o delegado Antônio da Silva Amora, a Operação começou em novembro de 2020 e apurou fraudes em processos licitatórios e desvio de recursos públicos federais: “Na primeira fase, nós buscamos apurar os atos ilícitos em regiões como Fortaleza, São Paulo e Pelotas. A partir do que foi levantado foi possível obter mais informações e organizar uma segunda fase da operação. Na data de hoje realizamos o cumprimento de sete mandatos de busca e apreensão".

O superintendente Regional da CGU do Ceará, Giovanni Pacelli, argumenta que o trabalho da operação se insere no monitoramento dos gastos relacionados ao combate à Covid-19. Ele explica que a operação está dividida em três linhas diferentes:

  • A primeira é a investigação a respeito do auxílio emergencial, que apura se as pessoas que receberam o auxílio realmente deveriam receber;
  • Outro trabalho é sobre o plano de vacinação e se as prioridades e ordem das filas estavam sendo respeitadas;
  • Terceiro ponto é o monitoramento de gastos, no qual o Hospital de Campanha do PV está sendo investigado. “A CGU faz um acompanhamento dos estados e dos municípios com mais de 500 mil habitantes para verificar o volume dos gastos. Fortaleza e o Ceará se enquadram nesse quesito”, argumenta Pacelli.

*Com informações da repórter Angelica Feitosa

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