Fim das chuvas? Ceará tem três dias seguidos sem precipitações quase no fim da quadra chuvosa

Os últimos dias da quadra chuvosa de 2021 registram baixo índice de precipitações no Ceará, período não deverá alcançar a média histórica

Faltando poucos dias para a chegada do mês de junho, aproxima-se do fim a quadra chuvosa de 2021 no estado do Ceará. Mesmo com poucas chuvas nos últimos dias de maio, o quinto mês do ano conseguiu atingir a sua média histórica.

Até esta sexta-feira, 28, de acordo com os dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) foram observados, em maio, 94,1 milímetros de chuva durante, no qual o esperado era alcançar a média de 90,6 milímetros. Com os resultados do momento, o último mês da quadra chuvosa está com precipitações 3.9% acima da média histórica.

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Mesmo estando dentro da normal climatológica, entre os dias 16 e 27 de maio o Ceará só registrou chuvas escassas, com apenas dois dias registrando precipitações acima de 1 milímetro. Entre os dias 25 e 27 não houve nenhum registro de chuva no Estado.

Mesmo diante das baixas precipitações, maio de 2021 já registra números melhores do que maio de 2020, ano em que o Ceará teve sua melhor quadra chuvosa da última década. Em 2020, o último mês da quadra chuvosa ficou 8,7% abaixo da normal climatológica, com apenas 82,7 milímetros de precipitação.

A Funceme explica que, apesar da redução nas precipitações, ainda não se pode afirmar que a quadra chuvosa chegou ao fim, já que ela se estende até o último dia de maio. A Fundação Cearense esclarece que a redução das chuvas no mês de maio é "bem comum e já era esperada".

Ainda em janeiro, a Funceme alertou que o Ceará possuía 50% de chance de chuvas abaixo da média de fevereiro a abril. O cenário veio a se confirmar após o fim dos três primeiros meses da quadra chuvosa, já que as chuvas no Estado ficaram 13,8% abaixo da normal climatológica do período.

Já em fevereiro de 2021, mais um prognóstico foi lançado pela Funceme, com a previsão para o período de março a maio também apresentando 50% de chance de chuvas abaixo da média do período no Ceará. Faltando menos de cinco dias para o término do mês de maio, o período, que corresponde aos últimos três meses, apresenta um desvio negativo de 15,4%. Foram registrados 407,8 milímetros, quando o normal esperado é de 482 milímetros.

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Após a primeira metade do mês de maio, o meteorologista da Funceme, Raul Fritz, conversou com O POVO e avaliou o andamento da quadra chuvosa no Estado. Para o especialista, abril foi o mês que mais se destacou negativamente, já que ficou 33,5% abaixo da normal climatológica.

O mês de março também apresentou um desvio negativo, ficando 7,3% abaixo da média. Apesar das precipitações abaixo do normal em março, o meteorologista aponta que o mês de abril foi o principal responsável pelos baixos registros nos três primeiros meses da quadra chuvosa.

"Março e abril são os meses mais chuvosos, um abril fraco complica a situação. Março ficou ligeiramente abaixo, mas ainda pode se dizer que foi normal. O trimestre (de fevereiro a abril) ficou abaixo da média, ficou cerca de 14% abaixo da normal climatologica".

Questionada se a quadra chuvosa foi melhor do que o esperado, já que apenas o mês de abril apresentou números representativamente negativos durante o período, a Funceme explica que não se pode comparar trimestre com quadrimestre, já que as previsões feitas durante os primeiros meses do ano eram referentes a períodos trimestrais e não para o período de quatro meses da quadra chuvosa.

Entretanto, analisando previamente os dados fornecidos pela Funceme, as precipitações durante a quadra chuvosa devem ficar abaixo da normal climatológica do período. Dos 600,7 milímetros esperados, até o momento, apenas 533,7 foram observados durante a quadra de 2021, o que representa uma média de 11,2% abaixo do esperado.

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De acordo com a gerente de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, "o mês de maio encerra com baixa probabilidade para a ocorrência de chuvas no Estado". Segundo Meiry, não há presença de áreas de instabilidade que possam favorecer a formação de nuvens de chuva. Para sábado, 29, e domingo, 30, a previsão é de um céu com poucas nuvens no Ceará.  

Chuvas e aporte hídrico

 

Diante das chances iminentes de uma quadra chuvosa com precipitações abaixo do normal, a atenção dos setores hídricos do Ceará se volta para os reservatórios de água do Estado.

Mesmo com as chuvas alcançando a média histórica durante o mês de maio, uma análise da distribuição das chuvas no Ceará apresenta um cenário de alerta para a macrorregião do Cariri. Segundo os dados da Funceme, apenas 23.7 milímetros de chuva caíram na região durante este mês, ficando 62,7% abaixo dos 63,6 milímetros esperados.

As chuvas no Cariri são responsáveis por aumentar o fluxo de águas do Rio Salgado, responsável pelo abastecimento hídrico de 23 municípios. O Rio é o principal aquífero que abastece o Castanhão, sendo um dos responsáveis por levar as águas do São Francisco ao maior reservatório de água do Ceará.
Segundo a Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH-CE), a região do Cariri tem boa parte do seu abastecimento vindo de água subterrânea, sendo assim, a falta de chuvas não deve prejudicar a macrorregião.

De acordo com os dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), do início da quadra chuvosa, em fevereiro, até o último dia 27 de maio, houve um aumento de 5,48% no armazenamento de água do Estado. Os números mostram que o Ceará saiu de 4,60 bilhões de m3 acumulados para 5,59. Atualmente, o volume hídrico acumulado corresponde a 30,19% da capacidade dos reservatórios.

Na avaliação do secretário dos Recursos Hídricos do Estado, Francisco Teixeira, a quantidade ideal de aporte para o Estado estaria entre 60% e 70%. Valores abaixo de 50% representam uma situação de alerta.

Apesar dos números abaixo do necessário para uma segurança hídrica plena, a quadra chuvosa de 2021 registrou alguns avanços na região. Dos 64 açudes que estavam abaixo de 30% da capacidade em fevereiro, 18 apresentaram uma melhora do cenário adverso. Atualmente, 15 açudes estão com um aporte acima de 90% da capacidade. No início da quadra chuvosa, nenhum reservatório apresentava tal feito.

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