Motorista que confessou mentira sobre falsa bomba no Rodoanel era PM; veja o que se sabe

Rodovia foi bloqueada por 5 horas, o que causou 40 km de congestionamento. Motorista revelou estar passando por acompanhamento psicológico

10:50 | Nov. 20, 2025

Por: Mateus Brisa
Na manhã do suposto crime, Dener dos Santos dizia coisas desconexas, e desmaiou no Rodoanel após sair da cabina com a ajuda de um agente do Gate (foto: Reprodução/TV Globo/G1 São Paulo)

O motorista que teria sido assaltado e amarrado com explosivos, na semana passada, na cabine de uma carreta na rodovia Rodoanel Mário Covas, na Grande São Paulo, era policial militar e assumiu ter simulado o ocorrido. Ele confessou a falsa história à Polícia Civil paulista nessa quarta-feira, 19.

A rodovia, que facilita o escoamento de cargas para o Porto de Santos, foi bloqueada por cinco horas pelo veículo conduzido por Dener Laurito dos Santos, de 52 anos. Isso causou 40 quilômetros de congestionamento.

Em entrevista ao g1 São Paulo, o motorista revelou estar passando por acompanhamento psicológico. Segundo o portal, os laudos toxicológicos ainda não foram concluídos. Veja a seguir o que se sabe sobre o caso.

O que aconteceu na manhã do suposto crime?

No início da manhã de quarta-feira, 12 de novembro, as autoridades foram acionadas devido à presença de uma carreta parada no Rodoanel. O motorista afirmou que teria sido amarrado junto a um artefato explosivo por criminosos e orientado a estacionar o veículo na rodovia.

Até a chegada do Esquadrão Antibomba do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) — que concluiu que o artefato não se tratava de uma bomba —, Dener permaneceu imóvel e de braços cruzados, na cabine da carreta.

O homem dizia coisas desconexas, segundo o g1 São Paulo, e conseguiu sair da cabina com a ajuda de um agente do Gate. Na sequência, caiu desmaiado na pista do Rodoanel e foi socorrido para um hospital da região.

Motorista confessou ter se amarrado e criado bomba

Em depoimento na tarde dessa quarta, 19, na delegacia de Taboão da Serra, Dener foi confrontado pelos investigadores. Durante o interrogatório, inconsistências entre o relato dele e a apuração policial foram apresentadas.

Por fim, Dener confessou ter inventado a ocorrência, sem se emocionar. Ele revelou ter se amarrado sozinho na cabine.

Conforme o depoimento, o motorista relatou que, na noite anterior, “usou materiais que já possuía na cabine para criar a falsa bomba, usou um fio de um fone, fita crepe, papel alumínio, água e tubo de gás que usa em seu fogãozinho para cozinhar”.

Dener, então, manteve o artefato na cabine e seguiu viagem na manhã seguinte. Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que ele desce da carreta para urinar na estrada e, por conta própria, joga uma pedra no caminhão — o que teria dado início ao suposto “ataque” de bandidos.

Polícia ouviu outro motorista que presenciou situação

Ainda conforme o g1 São Paulo, o motorista de um carro que aparece nas imagens de câmera de segurança foi ouvido pela polícia. Ele contou que a carreta passou a fechar seu veículo pouco antes de ser estacionada.

A testemunha destacou que acelerou para tentar escapar da manobra feita por Dener e que não presenciou ação criminosa no local.

Segundo o delegado de Taboão da Serra, Marcio Fruet, a polícia comparou provas com o relato da suposta vítima: “Conseguimos confirmar que esse crime não ocorreu e muito menos daquela forma que o autor nos declarou”.

“Os policiais trabalharam de forma muito técnica, fazendo o confronto das imagens da localização do caminhão, verificação dos outros veículos e tudo confirmou que ele estava mentindo. Quando ele foi prestar declarações, ainda tentou prosseguir na mentira, mas tudo foi esclarecido”, concluiu.

Motorista foi soldado da PM de São Paulo

Nascido em Ribeirão Pires, município na região metropolitana paulista, Dener foi soldado da Polícia Militar de SP. Ele foi expulso em 2006 por “prática de atos desonrosos, consubstanciando transgressão disciplinar de natureza grave”, conforme portaria acessada pelo g1 São Paulo.

Pai de quatro filhos, o motorista afirmou ao portal que está sendo acompanhado por psicólogo. “Estou passando no médico. Preciso verificar algumas sessões para passar com o psicólogo”, contou ele.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), Dener foi indiciado por falsa comunicação de crime, conforme o artigo 340 do Código Penal. A pena é de detenção de 1 a 6 meses ou multa.