Estudante da Unesp desaparecida deixou áudio relatando ameaças do namorado
Polícia conclui inquérito e indicia companheiro e policial da reserva por feminicídio e ocultação de cadáver. Áudio revela medo da vítima antes do desaparecimento
12:34 | Set. 13, 2025
Horas antes de desaparecer em 12 de junho, em Ilha Solteira (SP), a estudante da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Carmen de Oliveira Alves, 26 anos, enviou mensagem de voz a uma amiga relatando ameaças de morte feitas pelo namorado, Marcos Yuri Amorim.
“Amiga, se acontecer alguma coisa comigo, saiba que foi o Yuri. A gente teve uma briga séria e ele me ameaçou de morte. Ele falou que vai me matar, me jogar no rio e ninguém vai achar”, disse Carmen na gravação.
O áudio foi apreendido pela Polícia Civil e obtida pela Folha de S. Paulo nesta sexta-feira, 12, quando o desaparecimento completa três meses.
Investigação conclui indiciamento
O inquérito conduzido pelo delegado Miguel Rocha foi concluído na semana passada. No documento, ele indiciou Marcos Yuri Amorim, namorado da vítima, e de Roberto Oliveira, policial militar da reserva, por feminicídio e ocultação de cadáver.
Ambos tiveram a prisão preventiva decretada. Apesar de confessarem participação no assassinato, os acusados responsabilizam um ao outro e não informaram à Polícia onde esconderam o corpo da jovem.
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Relacionamento escondido e possível motivação
De acordo com a investigação, Carmen teria elaborado um dossiê no notebook com informações sobre supostos crimes cometidos por Yuri, incluindo roubos e furtos a uma usina.
A hipótese é de que ela pretendia usar o material para pressionar o namorado a assumir publicamente a relação.
Testemunhas ouvidas no caso relataram que Yuri se recusava a reconhecer o namoro, mantendo-o em segredo por preconceito, já que Carmen era uma mulher trans.
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Últimos momentos
Carmen foi vista pela última vez no Dia dos Namorados, a caminho da casa de Yuri. Desde então, familiares e amigos vivem a angústia da ausência de respostas definitivas sobre o paradeiro da estudante.
“Ela dizia que tinha medo dele, mas acreditava que poderia convencê-lo a mudar”, contou uma amiga próxima à vítima à Folha de S. Paulo.