Menina de seis anos é resgatada em cárcere privado no interior paulista
Criança vivia sem escola, vacinas ou contato social e foi diagnosticada com desnutrição grave. Conselho Tutelar foi acionado e assumiu cuidados da garota. Caso é investigado
Uma menina de seis anos foi resgatada após o Conselho Tutelar receber uma denúncia anônima. Ao ser encontrada, foi constatado que a criança nunca frequentou a escola, não sabe falar e não tomou vacinas. A garota foi diagnosticada com infecção de urina, desnutrição grave e infecção no sangue.
O resgate foi realizado em 29 de agosto, no Jardim Santa Esmeralda, em Sorocaba, no estado de São Paulo.
Desde então, ela vem sendo levada diariamente ao hospital para receber soro e acompanhamento clínico. A conselheira tutelar Lígia Guerra, informou que a criança apresentava sinais claros de abandono e isolamento.
“Quando a encontramos, estava extremamente apática, o cabelo tinha um único nó, como se nunca tivesse sido lavado. Ela ficou deslumbrada com tudo ao redor, como se nunca tivesse tido contato com o mundo exterior”, relatou à TV TEM.
Segundo a conselheira, a criança não consegue se comunicar verbalmente, apenas emite alguns sons, o que reforça o impacto do isolamento social em seu desenvolvimento. “Todos os direitos dela foram violados. Ela nunca conviveu com outras crianças, nunca teve acesso ao básico”, acrescentou.
Investigação aponta negligência da mãe
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba. A delegada Renata Zanin, em entrevista ao Uol, relatou que a mãe da criança apresentou respostas evasivas durante o depoimento e não demonstrou consciência da gravidade da situação.
“Quando questionada sobre por que não levou a filha ao médico ou por que ela não ia à escola, a genitora respondeu simplesmente ‘porque ainda não deu’ ou ‘eu ia levar’. Isso nos deu a impressão de que ela não entende a gravidade da situação”, disse a delegada.
Ainda segundo a delegada, havia suspeitas de que a mãe pudesse ser vítima de violência doméstica, mas ela negou essa possibilidade. “Ela não demonstrou remorso nem preocupação com as condições da criança”, completou.
Situação jurídica e próximos passos
O casal responsável pela menina foi preso e encaminhado para audiência de custódia nesta sexta-feira, 5. Até o momento, não possuem advogado constituído, nem defensor público designado.
Eles devem responder inicialmente por cárcere privado e maus-tratos, crimes que podem ter a pena agravada diante da gravidade do caso.
A menina foi encaminhada a um abrigo institucional. Ela seguirá em tratamento médico e passará por acompanhamento para tentar recuperar parte do desenvolvimento comprometido pelo abandono.