Casal que viaja há seis anos de bicicleta pelos biomas do Brasil já pedalou 11 mil km

Iris Magalhães e Djoe Rosa compartilham a rotina nas redes sociais; Confira alguns registros

Foi com R$ 67 que os brasileiros Iris Magalhães e Djoe Rosa, ambos de 28 anos, partiram de bicicleta da cidade de Pelotas, no Rio Grande Sul, com o sonho de conhecer os seis biomas do Brasil, em uma jornada que dura até hoje, e sem data para acabar.

Djoe é gaúcho de Venâncio Aires, a 104.30 km do Rio Grande do Sul. Já Iris, é natural de São José dos Campos, em São Paulo. O casal se conheceu na faculdade em 2016, quando tinham 20 anos. Em comum, os dois tinham o gosto por viagens.

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A ideia de sair explorando o Brasil surgiu após uma viagem de 40 dias, de bike, a convite de Djoe, saindo de Pelotas até Montevidéu, no Uruguai. Nessa viagem à capital uruguaia, o casal se apaixonou pelo estilo de vida nômade.

Casal viaja pelo Brasil desde 2017 

Ao voltarem da viagem, eles sentiram que algo havia mudado e precisavam de outra experiência parecida com aquela. “Uma vontade de explorar melhor o mundo, disse o gaúcho em entrevista ao O POVO”. O viajante revelou que na época desejou ter outras vivências fora do ambiente universitário.

Foi isso que fez com que Iris e Djoe, estudantes de arquitetura e música respectivamente, se aproximassem, ainda mais, para uma das maiores empreitada de suas vidas: viajar pelo Brasil - ou pelo mundo - conhecendo os diferentes ecossistemas.

“Então decidimos, antes de terminar os estudos, partir para a estrada pra conhecer um pouco mais do mundo, da cultura do nosso próprio povo. Enquanto brasileiro, acaba que temos uma visão muito limitada do Brasil, que é um país muito grande, então é difícil a gente ter uma visão plural”, disse Djoe.

A jornada começou em 2017. Eles saíram do Sul do Brasil e percorreram 17 estados em mais de 11.500km pedalados. Nessa empreitada, o objetivo era conhecer a Mata Atlântica, Cerrado, Pampa, Caatinga, e depois a região Amazônia. O que ainda falta para eles completarem o objetivo é visitar o Pantanal.

Casal de viajantes saiu para explorar o Brasil com R$ 67 no Bolso

 

Quando saíram do Sul, Djoe contou que tinha R$ 17 e Iris R$ 50. Dinheiro, que segundo ele, na época foi suficiente, uma vez que eles se apresentavam em barzinhos ou ruas das cidades que visitavam.

“Nos três primeiros anos da viagem, a gente se mantinha sempre através da arte. Então a gente chegava nas cidades, tocava nas ruas, tocava em restaurantes, sempre fizemos muitos voluntariados também. Então isso tudo ajudava a baixar o custo”, relata.

Isso era possível devido ao baixo custo que era preciso para se manter. O valor arrecadado era usado para alimentação, uma vez que os dois ficavam hospedados em casas de pessoas, dormiam na beira de rios e postos de gasolinas.

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Casal compartilha rotina de viagem 

Depois de trabalhar com música por lugares onde passavam, os dois começaram a produzir conteúdo sobre rotina de viagem para o YouTube. Com o trabalho audiovisual na plataforma, a dupla passou a receber o valor da monetização dos vídeos, sendo essa, atualmente, a principal fonte de renda do casal.  

“A maior parte da nossa renda hoje em dia vem do canal, dos vídeos no YouTube. Mas sempre que a gente tem uma oportunidade de tocar, a gente toca. Geralmente em lugares mais turísticos, como Jericoacoara. Mas hoje em dia a música é só um complemento da renda”, relata.

Brasileiros que percorrem o Brasil de bicicleta desde 2007 costuma se deslocar entre 50 e 100 km por dia


Ao longo do caminho já percorrido, eles chegaram a “desviar” a rota para conhecer lugares interessantes, seja pela natureza ou cultura da região. Os viajantes chegaram a ficar dias e até semanas no mesmo lugar, com calma, a depender das atrações do lugar. Isso, claro, estendeu a viagem.

“Em Jalapão, no Tocantins, e na Chapada Diamantina, na Bahia, nós ficamos 40 dias. Já em Brasília, a gente conseguiu um trabalho numa fazenda, em que a gente ficou 3 meses lá. Então, é uma coisa bem fluida. Por outro lado, tem lugares que a gente só chega, passa a noite e no dia seguinte já segue”, conta.

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Djoe conta que o dia a dia é ditado pelo clima da região onde eles estão. No Sul, por exemplo, a dupla só saía depois que o sol já tinha nascido, devido ao frio. Já na região nordestina, era o contrário. Eles começavam a pedalar cedo, antes do amanhecer.

“Por mais que seja uma rotina diferente, que não é sempre no mesmo lugar, mas a gente tem uma rotina. Tipo, a gente acampa, então, precisamos acordar de manhã, tomar café, desmontar o acampamento, arrumar as bicicletas e partir. Aí a gente passa praticamente o dia todo pedalando”.

Diariamente, o casal costuma se deslocar entre 50 e 100 km em duas rodas. O percurso pode durar até 5 horas e a outra parte do dia eles tiram para lanchar, se alongar, conhecer melhor os lugares.

O que os cicloturistas levam em suas bagagens 

Com um estilo de vida nômade, sob duas rodas, a bagagem precisa ser adaptada e minimalista. O ciclista contou que cada um carrega em torno de 30 quilos em suas malas, além do peso da bicicleta e do próprio corpo.

Toda a estrutura necessária para se viver é levada por eles. Desde material para acampar, cozinhar e trabalhar, até utensílios de cozinha como fogareiro e panelas. Além disso, não pode faltar na bagagem os equipamentos para gravar e editar vídeo e, claro, o violão. 


“A gente leva a casa completa. Tudo que você imagina que é necessário para uma vida assim, a gente carrega na viagem”.

Os maiores desafios da dupla que viaja pelo Brasil de bicicleta


Com a extensão territorial do Brasil, muitos desafios ligados ao ambiente surgem em meio à viagem dos dois como frio, calor e subir a serra. Djoe conta que um dos maiores desafios ocorreu no Jalapão.

Lá, eles tiveram que enfrentar altas temperaturas, poucas paradas de descanso, sem contar com a dificuldade de encontrar fontes de água no caminho.

“A gente também pedalou pelo sertão do Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, e um pedaço do Ceará. Lá foi bem desafiador por causa do clima. Era realmente muito desgastante”, diz.

Casal que viaja há seis anos compartilha rotina na estrada através das redes sociais

Íris e Djoe compartilham nas redes sociais as experiências vividas ao longo dos seis anos na estrada. Segundo eles, o projeto “Coragem na Bagagem” tem o objetivo de inspirar outras pessoas e tentar provocar mudanças em suas vidas através de hábitos saudáveis.

Em seu canal no YouTube, que já soma mais de 80 mil inscritos, eles alimentam a plataforma com o dia a dia, gravam paisagens encantadoras por onde passam e dão dicas. Já no Instagram, os 34 mil seguidores veem fotos e vídeos curtos dos locais visitados.

“Desde o início da viagem, a gente sempre quis compartilhar a experiência. Percebemos que faltava esse tipo de conteúdo sobre cicloturismo, que é essa modalidade de viajar de bicicleta, uma coisa bastante nova aqui no Brasil”, contou.

Confira canal onde os viajantes publicam a rotina

 

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