Fortes chuvas em Pernambuco já deixam 91 mortos e 4 mil desabrigados

Governo do estado liberou uma verba emergencial de 100 milhões de reais para a realização de buscas e obras urgentes

Pelo menos 91 pessoas morreram por causa dos estragos causados pelas chuvas torrenciais na região metropolitana de Recife, capital de Pernambuco, de acordo com o último balanço, nesta segunda-feira, 30. Durante a noite socorristas e voluntários continuavam a busca incessante por desaparecidos, que são pelo menos 26 pessoas.

Pelo menos 26 pessoas seguem desaparecidas apenas no Recife e em Olinda, segundo dados oficiais do governo de Pernambuco. Os dados foram atualizados no fim da manhã desta segunda e são referentes até às 8h. Os outros sete óbitos foram confirmados pelas Defesas Civis do Estado e municípios entre a noite de domingo e a manhã da segunda-feira. As forças de segurança do Estado estão atuando em pelo menos sete pontos de deslizamento de barreiras no Grande Recife.

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A capital foi a que mais registrou mortes, em quase sua totalidade por deslizamentos de barreiras. Segundo balanço da Prefeitura do Recife, divulgado ainda no domingo, à noite, foram 33 óbitos. Desses, 29 confirmados como moradores do Recife pela Secretaria de Saúde do Recife

O epicentro desse novo desastre natural foi a comunidade de Jardim Monteverde, uma área íngreme com casas precárias na divisa entre Recife e o município de Jaboatão dos Guararapes, onde um deslizamento de terra soterrou casas inteiras no sábado e causou a morte de 19 pessoas.

Desde a tarde de sábado, Flávio José da Silva procurava seu padrasto Gilvan nos escombros do que costumava ser sua casa. Pouco depois de a colina desabar, ele conseguiu falar com o parente. "Ele nos disse 'estou aqui embaixo da terra'. Esperamos encontrá-lo vivo", disse à AFP, apontando para a montanha de detritos misturados com lama.

Em Jardim Monteverde, socorristas, auxiliados por voluntários, retiraram escombros em meio à grande destruição e à dor dos vizinhos.

Onze dos mortos naquele deslizamento de terra eram parentes de Luiz Estevão Aguiar, ele mesmo contou à TV Globo em meio às lágrimas. "Minha irmã morreu, meu cunhado, 11 pessoas da minha família morreram, foi difícil. Foi muito difícil. Eu não esperava isso", disse este idoso, que mora em outro município.

Atrás dele, uma corrente humana, com os pés afundados na lama, passava baldes de entulho morro abaixo. Imagens aéreas mostram alguns pontos da capital pernambucana e municípios vizinhos completamente alagados.

Desaparecidos e desabrigados

O balanço anterior deste domingo colocava em 56 o número de desaparecidos por deslizamentos de terra, por desabamento de casas ou pelas furiosas correntes de água e lama que devastaram tudo em seu caminho no Recife e em uma dezena de municípios, entre eles Olinda, que decretou emergência.

Nas últimas horas, as autoridades disseram que o número de pessoas que estão sendo procuradas "não está fechado".

"Ainda não temos esse número exato, mas ainda há relatos de vítimas dos acidentes causados pelas chuvas que não foram localizadas. As buscas vão continuar até identificarmos todos os desaparecidos", disse o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), em uma coletiva de imprensa.

A devastação também deixou quase 4.000 desabrigados ou deslocados e grandes danos à infraestrutura de vários municípios. A Câmara anunciou que o governo do estado liberou uma verba emergencial de 100 milhões de reais para a realização de buscas e obras urgentes.

O presidente Jair Bolsonaro, que enviou uma delegação de quatro ministros a Recife neste domingo, visitará a área afetada na segunda-feira e anunciará medidas "para apoiar a população e os municípios afetados".

Fenômeno típico da estação

As autoridades alertaram no sábado que a previsão era de muita chuva para este domingo. Entre a noite de sexta e a manhã de sábado, o volume de chuvas chegou a 70% do esperado para todo o mês de maio em alguns pontos da capital pernambucana.

O meteorologista Estael Sias, da agência MetSul, explicou à AFP que as chuvas intensas que atingem Pernambuco e, em menor escala, outros quatro estados do nordeste do país, são produto de um fenômeno típico desta estação, as chamadas "Ondas de Leste", áreas de "perturbação atmosférica" que se deslocam do continente africano para aquela região litorânea brasileira.

"Em outras áreas do Atlântico essa instabilidade forma furacões, mas no nordeste do Brasil tem potencial para muita chuva e até tempestades elétricas", explicou.

As imagens deste fim de semana evocam o drama ocorrido em fevereiro em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro (sudeste), onde 233 pessoas morreram devido a chuvas torrenciais e deslizamentos de terra.

Segundo especialistas, tragédias como essas ocorrem, além de fortes chuvas, devido a outros fatores, como o tipo de topografia e a existência de grandes bairros de casas precárias, muitas delas construídas ilegalmente, nas áreas de risco íngremes.

Com informações do Jornal do Commercio

Atualizada às 12h26

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