Em Pernambuco, representante do Galo da Madrugada defende 'Carnaval dos Vacinados' em 2022

A sugestão foi dada na primeira reunião da Comissão Especial sobre a retomada do Carnaval, São João e demais grandes eventos do Recife

Na primeira reunião pública da Comissão Especial sobre a retomada do Carnaval, São João e demais grandes eventos do Recife, o representante do bloco do Galo da Madrugada, Rodrigo Menezes, sugeriu um formato de Carnaval na capital com acesso restrito para pessoas vacinadas contra a covid-19, com direito até a pulseiras de identificação.

"A sugestão seria uma pulseira única do carnaval para os vacinados e fazer um carnaval dos vacinados", resumiu o dirigente. De acordo com a proposta de Rodrigo Menezes, as pulseiras seriam distribuídas para os blocos de acordo com a capacidade de público do local onde seria realizada a festa. Na sua fala, ele se queixou da falta de preparo de fiscais que ficam nas entradas de shows fechados que já estão sendo realizados em Pernambuco para validar os comprovantes de vacinação.

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"O fiscal não tem capacidade de identificar um cartão de outros municípios, mas é aceito. Que seja dado ao bloco e ele faça assim como os show fechados fazem a fiscalização. Que ele distribua (as pulseiras) com o público dele e a gente faça o Carnaval dos Vacinados", afirmou.

Nesta primeira reunião pública, a comissão procurou ouvir o setor artístico-cultural sobre as questões que envolvem a possibilidade realização ou não do Carnaval no próximo ano, diante de um cenário de incertezas da pandemia, com a descoberta da variante ômicron.

Outro ponto que foi levantado diz respeito à restrição da folia de momo apenas nas festas fechadas, o que poderia provocar uma segregação entre os que têm condição de pagar e quem não tem, que costuma ir para locais públicos e gratuitos durante o período carnavalesco.

“Fica complicado dizer ao carnaval que o rico vai brincar e o pobre, não. Estamos vivendo um governo Federal negacionista que não cobra passaporte sanitário, mas tenho certeza de que encontraremos soluções. Não adianta fechar os olhos para o que está acontecendo. Se você for para vários lugares da cidade, vai ter orquestra de frevo tocando porque as pessoas ali estão vacinadas. Vamos discutir à luz da ciência para entender qual o carnaval podemos ter e quais soluções sanitárias poderão ser adotadas", disse o vereador Ivan Moraes (PSOL).

O presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe), Fábio Sotero, trouxe a perspectiva das agremiações para o debate. "Quando foi falado das festas de pobre e de rico porque algumas festas vão ser fechadas e outra não, mas é possível também fazer a festa dos pobres fechada, por que não? Na cidade existem equipamentos, a exemplo do Geraldão, em que podem ser feitas as festas com as agremiações", sugeriu.

Para Fábio, muito mais do que os artistas, as agremiações foram as mais prejudicadas com a crise econômica provocada pela pandemia da covid-19, uma vez que atualmente os shows já voltaram a acontecer, enquanto as festas públicas de grande porte não. O Carnaval de 2021 e o São João de 2020 e 2021 foram cancelados.

 

"Vocês se esquecem que as agremiações são muito mais que as últimas, porque são de pobre. Essas agremiações são extremamente massacradas. Os principais artistas da cidade são esses, que são os fazedores da cultura popular. Então, é possível sim colocar, porque a maioria deles estão vacinados e é maioria deles que são prejudicados", argumentou.

Ele propôs, por fim, a criação de uma comissão permanente para discutir sobre a realização do Carnaval e o São João no Recife. "Não é só na pandemia que a gente tem problemas, não é só na pandemia que as agremiações são massacradas. Nós artistas precisamos do apoio de vocês permanentemente com ou sem pandemia", pontuou.

Representantes do setor artístico fizeram críticas ao Auxílio Municipal Emergencial (AME) concedido pela Prefeitura do Recife nas festas de Carnaval e São João para artistas e grupos culturais.

"Repensar um Carnaval é repensar na requalificação econômica de cada brincante. O auxílio ofertado no carnaval anterior foi de extrema marginalidade para os presidentes de instituições e pessoas de referência de banda, porque não atendeu à cadeia produtiva da cultura. Teve entidade que recebeu R$ 980 reais com 50 brincantes, e orquestra que recebeu R$ 640 reais com 50 músicos. Como garantir uma cadeia produtiva na sua totalidade sem repensar nessa requalificação?", questionou Fabiano Santos, da União dos Afoxés de Pernambuco.

A Comissão Especial do Carnaval

A Comissão Especial do Carnaval, aprovada no plenário da Câmara do Recife na última segunda-feira (29) e instalada no dia seguinte, deve discutir dois cenários: como vai se dar a organização do Carnaval caso seja realmente confirmado, e o que será feito pelo poder público caso não seja possível a sua realização.

Na próxima segunda-feira (6), é a vez de ouvir o setor econômico, com representantes da Fecomércio. No dia 9, a comissão promove reunião com vereadores de colegiados que discutem o carnaval em capitais do País: Salvador (BA), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Fortaleza (CE). Ainda está previsto uma reunião com o setor sanitário.

No dia 15 de dezembro, é a vez de uma audiência pública proposta por Ivan Moraes com o tema "Vai ter carnaval? as possibilidades e impossibilidades da folia diante da pandemia do covid-19".

A previsão do grupo é entregar no dia 21 de dezembro um relatório prévio sobre o assunto nas mãos do prefeito do Recife, João Campos (PSB). "Porque as coisas tendem a mudar em janeiro e se Deus quiser para melhor. A gente não quer tomar nenhuma atitude precipitada", disse o vereador Marco Aurélio Filho (PRTB).

A comissão é formada pelos vereadores Marco Aurélio Filho (PRTB), como presidente, Alcides Cardoso (DEM), como vice-presidente, e os membros Ana Lúcia (Republicanos), Chico Kiko (PP), Marcos Di Bria Jr (PSB), Ivan Moraes (PSOL) e Zé Neto (PROS).

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