Adolescente denuncia agressão e ameaça de morte por parte da PM no Recife

A adolescente tem 15 anos. A tia dela comparou o caso à morte de George Floyd, nos Estados Unidos, pois o policial também usou o joelho no pescoço da jovem

A Polícia Civil de Pernambuco recebeu a denúncia de que uma adolescente de 15 anos teria sido agredida por policiais militares durante uma abordagem, na sexta-feira (1º), no bairro da Mangueira, Zona Oeste do Recife.

Imagens capturadas por vizinhos mostram o momento em que a jovem é imobilizada por um dos policiais, que apoia o joelho sobre a jovem que estava deitada no chão. No vídeo, é possível ver as pessoas da comunidade correndo e pedindo para que os policiais parem e lembram que a garota é menor de idade.

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A adolescente concedeu entrevista à equipe do Por Aqui, da TV Jornal, e disse que, além das agressões, foi ameaçada de morte. Ele disse que tudo começou quando ela questionou os PMs sobre uma abordagem ao sei irmão, de 21 anos, que foi detido.

"Fui perguntar o que estava acontecendo com meu irmão. Ele (o policial) disse para eu sair, chamei minha tia, que pegou o documento dele, mas nessa abordagem ele queria colocar meu irmão algemado dentro da mala, quando estávamos perguntando o motivo começou a agressão no meu irmão, aí eu disse para não bater nele, pois não pegaram ele com nada, e ele me agrediu também. Deu uma rasteira em mim, puxou meu cabelo, fiquei deitada, com as mãos para trás. Ele colocou o joelho no meu pescoço", disse.

A jovem está com dificuldades para andar por conta dos hematomas e registrou queixa contra os policiais na Delegacia da Mulher, no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife. Mas, pela idade, teve de ir ao Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), nesta segunda-feira (4), no bairro da Benfica, para prestar depoimento.

Ainda de acordo com a jovem, o PM teria chamado reforços e, em seguida, batido nela e no irmão. "Eu chorava muito, pedia ajuda, minha tia tentou me ajudar e foi empurrada, meu tio também foi empurrado, ele é idoso. Me colocaram na mala (do carro), ficaram fazendo malícia comigo, ameaçando, dizendo que ia matar eu e meu irmão. Fiquei com medo, passei sábado e domingo com medo de sair na rua", concluiu a adolescente.

A tia da adolescente também falou sobre o caso e comparou o que aconteceu com a sobrinha ao assassinato de George Floyd, ocorrido nos Estados Unidos em 25 de maio de 2020, quando um policial branco ficou ajoelhado no pescoço do homem até sua morte.

"Eu não sei o que deu na cabeça dele para ele fazer isso. Senti a cena parecida com a dos Estados Unidos, dele fazer a mesma cena. Eu disse para levar ele (o sobrinho) em casa, ele não quis acordo, de jeito nenhum, pisando no pé dele. Para que o nome Pacto pela Vida na viatura? Para que esse nome se não dão a mínima. Chegam na comunidade batendo, não respeitam ninguém. Ele disse que ia matar, disse que quando o vissem que corressem. Isso não é procedimento de policial", disse.

Resposta

Em nota, a Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que, "diante da denúncia a respeito da atuação policial no bairro da Mangueira, foi instaurado uma Investigação Preliminar para apurar possível infração disciplinar cometida por servidores da segurança pública". Ainda de acordo com a nota, caso haja elementos suficientes, poderá ser instaurado um Procedimento Administrativo Disciplinar.

A Polícia Militar estaria na comunidade apurando uma denúncia de que homens armados estavam praticando tráfico de drogas. Segundo a PM, um dos suspeitos tentou resistir à abordagem e entrou em luta corporal com os policiais, que foram atendidos depois com ferimentos. Com o homem, segundo a PM, foi encontrada uma munição calibre 38. Ele foi levado para a Central de Plantões da Capital para serem tomadas as medidas legais cabíveis, informou a corporação. Na nota, a PM não cita a adolescente.

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