Jovem negro acusado de roubo é investigado por comprar bicicleta furtada

A Polícia Civil identificou que o veículo usado por Ribeiro era furtado. Os investigadores compararam as chaves originais da bicicleta com a cópia usada por Matheus, "visivelmente adulterada de uma moto"

Após ser falsamente acusado de roubar uma bicicleta, o instrutor de surfe Matheus Nunes Ribeiro, de 22 anos, se tornou alvo de investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro por receptação, após ser constatado por investigadores que ele comprou um veículo furtado. O jovem negro foi acusado por um casal branco de roubo no último dia 12, resultando em denúncia de racismo.

A polícia concluiu que o crime foi cometido, na verdade, por Igor Martins Pinheiro, 22, um homem branco. Durante as apurações, a autarquia identificou que o veículo usado por Ribeiro era furtado. Os investigadores compararam as chaves originais da bicicleta com a cópia usada por Matheus, “visivelmente adulterada de uma moto”.

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“A bicicleta elétrica utilizada por Matheus Ribeiro foi apreendida por ser produto de furto e será devolvida ao seu legítimo proprietário”, disse a Polícia Civil em nota. As informações são da Folha de S.Paulo. O instrutor de surfe declarou ter comprado a bicicleta em um site de classificados online e que não possuía uma nota fiscal da compra.

“Posteriormente, Matheus apresentou na delegacia um comprovante em nome da namorada no valor de R$ 3.600, preço bastante inferior ao de mercado”, explicou a autarquia. O vendedor da bicicleta será investigado por receptação de produto roubado. Ele disse que vendeu a bicicleta por valor barato por não ter nota fiscal. A polícia descobriu que a bicicleta havia sido roubada em fevereiro deste ano, em Ipanema, na zona sul do Rio.

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Entenda o caso

No sábado, 12, Dia dos Namorados, o instrutor de surfe Matheus Nunes Ribeiro esperava a namorada do lado de fora de um shopping no Leblon. Ele foi abordado pelo casal que o acusava de furtar uma bicicleta elétrica, pertencente à mulher. A dupla afirmava que tinha sido roubada há poucos minutos e continuou a insistir na abordagem, como mostram as imagens registradas por Matheus.

“Você pegou essa bicicleta ali agora, não foi?”, perguntou a jovem. Mesmo após o jovem negar, ela continuou: “É sim, essa bicicleta é minha”. Matheus teve que mostrar a chave do equipamento e chegou a mostrar fotos antigas dele no veículo elétrico, mas não adiantou. Sem a permissão do proprietário, Tomás retirou a trava de segurança da bicicleta do instrutor e testou a chave que portava, se convencendo que a bicicleta não era roubada.

Em um desabafo nas redes sociais, Matheus compartilhou os vídeos e afirmou que estava “sem clima de amor”. "E pra você, que é 'pretin' igual eu, seja cuidadoso ao andar em lugares assim. Eles vão te culpar, pra depois verem o que aconteceu", disse o jovem.

Com a repercussão, o casal foi desligado de suas funções em seus respectivos trabalhos. A empresa onde Mariana trabalhava divulgou nota se solidarizando com Matheus pela "dor sofrida". "Mesmo que o gesto condenável não tenha ocorrido dentro de nosso espaço, esta é uma violência que todos temos que combater juntos", afirmou a Espaço Vibre no comunicado.

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Matheus prestou depoimento na 14ª DP no Leblon na terça-feira, 16. A delegacia também investiga o caso por calúnia, após o jovem negro prestar uma queixa sobre a abordagem do casal. Segundo ele, o caso foi um ato de racismo por parte do dupla. Na delegacia, segundo depoimento divulgado pelo O Globo, Mariana e Tomás negaram ter abordado o jovem em razão da cor da pele, mas sim em razão das bicicletas e os cadeados serem idênticos.

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