Rio: empresária negra registra ocorrência contra empresa por falsa acusação de furto

A jovem de 24 anos contou que esteve na loja Leader, no Rio, para comprar um vestido para sua enteada. Para ter certeza do tamanho na hora da compra, levou uma peça de casa e foi acusada de ter "esquecido de pagar" o próprio vestido

Atualizada às 11h59min

Uma empresária negra acusa uma loja de shopping no Rio de Janeiro de calúnia por falsa denúncia de furto. Juliane Ferraz, 24, foi injustamente acusada de ter furtado uma peça de roupa que já pertencia a ela, além de ter sido seguida e abordada no shopping carioca Norte Shopping por um fiscal da loja Leader. Caso aconteceu no dia 10 de junho.

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Ao G1, Juliane contou que esteve na loja para comprar um vestido para sua enteada e levou uma peça de roupa de casa para ter certeza do tamanho certo na hora da compra. "Na loja, olhei um vestido branco, tirei o meu da bolsa, medi com o que estava da arara, vi que não dava, devolvi e guardei o meu. Na hora de guardar, ainda levantei bem a bolsa para não desconfiarem que estava pegando nada. A gente que é preto, já toma todos esses cuidados para não acusarem a gente", lamentou a empresária.

Então saiu normalmente do local e chegou a notar um fiscal a encarando, mas, como não foi abordada, seguiu para outra loja onde fez compras. Na saída, ouviu alguém gritando por ela como "Senhora". Ao olhar para trás, identificou o fiscal de loja da Leader acompanhado de um segurança. O funcionário informou que ela tinha saído da loja levando um vestido e "esquecido de pagar".

Mesmo com Juliane insistindo que o vestido que levou já era dela, a abordagem continuou. "Mostrei a ele que não tinha nenhum vestido branco, mas ainda assim ele insistiu que eu tinha pegado o vestido, que estava filmado" contou. A empresária acompanhou o fiscal até a loja para ver a filmagem, mas logo ele puxou um celular e mostrou o vídeo do momento do ocorrido. Após assistirem, o funcionário percebeu que Juliane não mentia. 

“Ele ficou sem graça tentou me pedir desculpas, mas não aceitei. Ainda disse que, quando fosse assim, era para eu avisar que estava com roupa de outro lugar. Perguntei se todas as pessoas que iam à loja faziam isso ou se tinha algum aviso da Leader exigindo essa prática”, lembrou. Juliane chamou a polícia e foi até a loja para pegar os dados do funcionário.

O caso foi registrado como calúnia no 23º Distrito Policial do Méier, um bairro carioca. Uma audiência já está marcada no Juizado Especial Criminal contra o funcionário que a abordou. Juliane também pretende processar a unidade da loja. "[...] porque parecem que são treinados para abordar sempre um certo tipo de pessoa. Eles sempre acham que preto tem que roubar. Por isso seguem a gente em lojas e mercados. Acham que a gente não tem dinheiro para comprar”, contou.

Em nota ao portal, a Leader disse que o caso está sendo tratado "com atenção e cuidado". "Nosso diretor de atendimento está tentando contato com nossa cliente para oferecer nossa solidariedade e tudo o que for preciso. Já estamos reforçando nossas providências práticas para que situações assim não se repitam. A Leader não aprova atitudes dessa natureza", informou. Segundo a empresa, o funcionário que abordou Juliane também foi afastado de sua função.

 

 

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