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Menções à hashtag #VidasNegrasImportam cresceram 10.632% com o caso João Alberto

O crescimento das menções é vista por ter acontecido na véspera do Dia da Consciência Negra como também o aumento da sensibilidade do público com outros casos violentos que já tinham acontecido no ano

Era véspera do Dia da Consciência Negra, quando João Alberto Silveira Freitas foi morto no estacionamento de uma das unidade do Carrefour em Porto Alegre. As redes sociais foram tomadas com os comentários e mensagens de solidariedade à família de João Alberto, como pedidos de justiça. Desde a última sexta feira, 20, foram coletadas mais 906.000 citações, com aumento em 10.632% nas menções da hashtag #VidasNegrasImportam, comparada à média da semana imediatamente anterior.

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Das mais de 900 mil citações, cerca de 7,3% das postagens mencionaram a hashtag, como aponta o levantamento feito por meio de big data realizado pela Zygon, adtech especializada em mídia digital. Mesmo depois de uma semana, há uma forte repercussão do caso nas redes sociais. Além da quantidade, a pesquisa analisou o conteúdo das menções. 37% citaram nominalmente o Carrefour e, para efeito de comparação, em 9,2% elas estava descrito o nome "João Alberto".

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Outro ponto é que mais pessoas estavam sensíveis ao tema, segundo o CEO da empresa, Lucas Reis, porque ainda na madrugada começou a se registrar o pico de comentários sobre o tema. “A gente percebe que tem um conjunto de pessoas que estão acompanhando esses casos, que não querem que a violência racial se naturalize. Então assim que elas veem, compartilham e a rede abraça”, comenta o CEO.

Esse crescimento, nas pesquisas da empresa, aparecem com o engajamentos que outros casos trouxeram, ao gerarem pico nas menções: o caso do menino João Pedro, morto dentro de casa no Rio de Janeiro e o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos. Além disso, a data e a forma da morte deixaram o público ainda mais alerta ao assunto. Era véspera de uma data importante para o movimento negro.

A similaridade entre João Alberto e o estadunidense também foi ponto ressaltado pelos usuários, como mostra o levantamento. Houve o aumento de 39.297% nas citações a George Floyd, criando um pico de menções ao americano comparável somente ao 7 de outubro, data em que o ex-policial Derek Chauvin, um dos seus envolvidos no assassinato foi solto.

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Protestos contra a morte de George Floyd chegam à Europa

Em agosto, três meses após a morte do afro-americano George Floyd, a Zygon ja tinha analisado o aumento das menções hashtags #BlackLivesMatter e #VidasNegrasImportam na twittosfera brasileira. A onda de manifestações geradas pela morte dele fez crescer em 46% o engajamento ao movimento antirracista no Brasil. Na época, foram analisados 9,7 milhões de menções únicas às duas tags. As publicações coletadas chegaram ao pico de 68 mil por hora em 3 de junho e receberam mais de 100 milhões de retuítes.

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Questão racial

Em ambos os casos, houve uma forte associação à questão racial, já que 35,26% dos posts relacionados à morte de João Alberto faziam menção ao fato de a vítima ser negra. Em sua análise, o CEO da Zygon destacou não ver em grande quantidade menções de usuários questionando sobre essa questão racial ou promovendo uma polarização do tema.

As palavras mais utilizadas foram “assassinato” (18,71%) e "espancamento" (11,35%). Os termos "incidente" e "acidente" foram usados apenas 0,14% das vezes, cada uma.“ Pelo menos, quando surge um caso de violência racial tem poucas pessoas que se sentem a vontade para questionar se de fato foi violência, tem pouco espaço pra se questionar se ele foi morto por ser negro ou porque ‘merecia”, com muitas aspas aqui”, explica ele sobre os dados.

No caso de João Alberto, os tuítes que mais geraram engajamento foram feitos por pessoas comuns e sempre indignados com o Carrefour. Algumas mensagens erravam a idade de João, outra expunham os rostos dos seguranças que espancaram o homem negro até a morte, muitas com milhares de retuítes. Essa identificação dos suspeitos, segundo Reis, foi ainda maior nesse caso. Mais usuários culpabilizaram a empresa privada que em outros momentos onde os suspeitos eram as polícias brasileira e estadunidense.

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