Satélite mostra mancha no litoral nordestino antes da passagem de navio grego Bouboulina
Cientistas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) identificaram uma mancha escura de aproximadamente 85 km nas proximidades do Rio Grande do Norte dois dias antes da passagem do petroleiro Bouboulina
O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) identificou uma mancha escura nas proximidades do Rio Grande do Norte dois dias antes da passagem do petroleiro Bouboulina. A embarcação grega é apontada pelo governo brasileiro como principal suspeito do derramamento de óleo que atinge as praias nordestinas desde 30 de agosto.
Em seu site, com notícia atualizada no domingo, 3, o Laboratório afirma que foi detectada uma mancha de um fluido, possivelmente associado a petróleo, seguida por dois navios (um de grande porte e um de pequeno porte). "O de pequeno porte está mais próximo à mancha, podendo ser o responsável pelo possível vazamento", descreve o texto.
A mancha identificada possuía 85 quilômetros de extensão e 0,9 quilômetro de largura e estava a 40 quilômetros de distância da costa do litoral norte do Rio Grande do Norte. A mancha pode ser ainda mais extensa e apresenta um trecho descontínuo, "podendo o óleo vazado já ter afundado no momento em que o satélite capturou a imagem".
Seja assinante O POVO+
Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.
AssineA mancha apareceu parcialmente em imagem de 24 de julho, mas o Bouboulina só passou naquela área em 26 de julho. A imagem em questão foi feita por um sensor do satélite europeu Sentinel-1A. O dispositivo enxerga variações sutis de altitude, como as próprias ondas do mar, e propriedades elétricas dos líquidos, que distinguem, por exemplo, água salgada de óleo.
O Lapis investiga se a mancha é realmente vazamento de óleo. Outra possibilidade é ser um rastro deixado por um navio e capturado pela imagem do satélite.
Outras análises
Em 28 de outubro, o Lapis detectou uma suposta mancha de óleo nas proximidades da costa da Bahia. A provável mancha tinha 84 km de extensão, 6 km de largura e 47 metros de densidade. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também associaram a mesma mancha a um possível vazamento de petróleo.
Porém, após aprofundar as análises, o laboratório descartou, no último sábado, 2 de novembro, a associação entre a suposta mancha encontrada e um possível vazamento de petróleo. "O que ocorreu ali foi que o principal sinal recebido pelo satélite foi dominado pela topografia do oceano", explica em nota.
Os pesquisadores da Ufal continuam realizando as análises por satélites, com metodologias e técnicas específicas para detecção de óleo no Litoral do Nordeste. Todos os resultados das investigações estão sendo enviadas pelo Lapis à Comissão Externa do Senado Federal, que investiga vazamento de óleo no mar do Nordeste.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente
