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Óleo ainda avança nas praias do Nordeste; confira o que se sabe até agora

Pelo menos 233 praias de todos os estados da região foram atingidas pela substância. Até o último domingo, o Ibama registrou 25 animais mortos em decorrência da contaminação
11:07 | Out. 24, 2019
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Desde 30 de agosto, quando as primeiras manchas foram avistadas, a contaminação por petróleo em praias do Nordeste já atingiu pelo menos 233 localidades em mais de 88 municípios dos nove estados. O balanço mais recente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) é da última terça-feira, 22. A substância é a mesma em todos os locais: petróleo cru de origem ainda desconhecida.

No Ceará, vestígios foram encontrados em pelo menos oito praias. Nesta semana, as manchas chegaram ao município de Icapuí, no litoral oeste. Moradores contam que a preocupação começou no dia 17 deste mês, mas foi na segunda-feira, 21, que o óleo chegou em terra.

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Primeiro avistamento

As manchas de óleo foram encontradas no litoral brasileiro em 30 de agosto, nas cidades de Conde e Pitimbu, na Paraíba.

Que óleo é esse?

A análise feita pela Marinha e pela Petrobrás "apontou que a substância é petróleo cru, ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo". Conforme o órgão é a mesma em todos os pontos analisados e tem características do material conhecido como piche. Ele fica submerso em águas profundas, mas aparece na superfície em locais mais rasos. A rebentação das ondas faz com que ele se desfaça em pedaços menores, que estão sendo encontrados nas praias.

Origem do óleo

Ainda segundo a análise, o petróleo encontrado é mais denso do que o produzido no País. A investigação da origem das manchas está sendo conduzida pela Marinha, enquanto a investigação criminal é apurada pela Polícia Federal. 

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A Marinha trabalha com quatro hipóteses para o vazamento:

- Transferência de petróleo de um navio para outro no mar

- Naufrágio de navio petroleiro

- Derramamento acidental

- Derramamento intencional

O comandante da Marinha, Ilques Barbosa, afirmou na terça-feira, 22, que o governo está concentrando as investigações em 30 navios de dez países diferentes. Para ele, a maior probabilidade é que o vazamento partiu de um navio irregular, chamado de dark ship.

Danos causados

Segundo relatório do Ibama, atualizado no último domingo, 20, 39 animais foram conhecidamente afetados pelo óleo. São contabilizados:

- oito aves, sendo cinco delas mortas

- 29 tartarugas marinhas, sendo apenas 11 vivas

- um Peixe morto

- um Réptil morto

Além disso, 2.190 filhotes de tartarugas marinhas foram capturados preventivamente na Bahia e outros 624, em Sergipe. Os resgates têm sido feitos com apoio de ONGs e institutos, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o projeto Tamar.

No ceará, ao encontrar um animal com manchas de óleo, informe a localização exata imediatamente à Semace, mesmo que o animal já esteja morto, pelo número 0800 275 2233. O órgão resgatará o animal e o levará para um centro de recuperação ou de pesquisa.

Riscos para a saúde

Não há proibição de uso das praias; entretanto, autoridades e especialistas em saúde recomendam evitar o contato com o material. O óleo pode causar irritações, queimaduras e alergias na pele. A Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace) divulgou um guia com orientações para quem entrar em contato com a substância.

Entre as indicações está remover o petróleo da pele com papel higiênico ou guardanapo molhado de óleo de cozinha e lavar a região com sabão/sabonete. Suspeitas de qualquer tipo de contato - seja por ingestão, seja na pele - requerem observar sinais no corpo. Caso tenha irritação ou coceira, procure um médico.

O que está sendo feito no Ceará

Uma ação emergencial para a retirada de resíduos de óleos em praias da Capital foi realizada no início do mês. Técnicos das Secretarias Municipais de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) e Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) foram mobilizados e removeram da orla cerca de 500 litros do material, além de quatro toneladas de outros resíduos.

Em Icapuí, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) afirma ter retirado 800 kg de petróleo entre segunda-feira, 21, e ontem. Militares da Marinha também estão envolvidos nas ações. 

Em outros estados

A Marinha divulgou que as operações para retirada das novas manchas de óleo na costa recolheram, entre sexta-feira, 18, e domingo, 20, 525 toneladas do material nos estados de Alagoas, Bahia e Pernambuco. Em toda a região foram mais de mil toneladas do resíduo recolhidas. Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) criaram uma técnica que transforma o óleo em um tipo de carvão granulado, que pode ser usado como mistura para asfalto e blocos de construção.

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Diversas ações judiciais dos últimos dias vem exigindo ações do governo federal e um plano de contenção do poluente. Nesta segunda-feira, 21, a Justiça em Pernambuco e em Alagoas determinou liminarmente à União e ao Ibama que adotem 'providências imediatas' para contenção e recolhimento do óleo que atinge as praias da região. A decisão deu prazo de 24 horas para o início da implantação de barreiras de proteção aos ecossistemas mais sensíveis.

Governo federal

O governo federal anunciou nesta segunda-feira, 21, que o Exército colocará à disposição das operações de limpeza das praias do Nordeste tropas da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, sediada em Recife. Os militares também devem oferecer equipamentos para apoio a órgãos de defesa civil dos Estados. A informação foi dada pelo general Hamilton Mourão que disse colocar à disposição entre 4 e 5 mil homens do Exército.

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A Marinha e o Ibama também informaram que estão trabalhando no monitoramento e investigação das manchas. No domingo, na primeira coletiva de imprensa convocada por um órgão federal exclusivamente para tratar das manchas de óleo, a Marinha informou que o governo federal vai cobrir todos os custos dos órgãos dos três entes da federação que trabalham para limpar a costa.

O Ibama requisitou apoio a Petrobras para a limpeza das praias. A estatal é a responsável por contratar pessoas entre agentes comunitários e cidadãos locais para receberem treinamento e auxiliarem na limpeza dos locais atingidos. Não há, ainda, informações sobre o número de pessoas envolvidas nas ações. No entanto, nos últimos dias, são inúmeros os registros de moradores limpando as praias por conta própria, sem equipamentos de segurança e para o descarte.

 

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