Análise: rival do Fortaleza na Libertadores, River Plate possui vasto repertório tático

O Esportes O POVO analisou os confrontos da equipe argentina e traçou as principais características do time de Marcelo Gallardo, presença frequente nas fases decisivas do torneio nos últimos anos

O Fortaleza encara o River Plate-ARG em duelo válido pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores. Adversário mais tradicional do Tricolor na competição continental, o “Millonario” entra em campo em busca da segunda vitória para se firmar na primeira colocação do Grupo F.

Treinado por Marcelo Gallardo, o River Plate possui vasto repertório tático e varia durante os jogos, de acordo com as circunstâncias do adversário e da partida. O Esportes O POVO analisou os confrontos da equipe argentina e traçou as principais características do time.

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Sistema tático

O River Plate atua em um 4-1-4-1 bem flexível, que se altera no decorrer dos jogos durante a fase ofensiva devido à movimentação constante dos jogadores em busca de melhores estratégias para atacar o adversário.

Time principal base do River Plate na temporada 2022.
Time principal base do River Plate na temporada 2022. (Foto: Pedro Mairton)

Um dos principais jogadores do time de Marcelo Gallardo, Enzo Pérez é o cabeça-de-área e é essencial tanto na construção quanto na destruição de jogadas dos oponentes. Em certos momentos da partida, o 4-1-4-1 configura-se em um 4-2-3-1, e o camisa 24 argentino ganha o apoio de um dos meias no setor, geralmente de Enzo Fernández.

Saída de bola

O River Plate realiza a saída de bola com os dois zagueiros e os laterais abertos, um pouco mais adiantados, e com Enzo Pérez no meio servindo opção de passe.

A organização do River Plate durante a saída de bola.
A organização do River Plate durante a saída de bola. (Foto: reprodução/InStat)

Marcado pelos adversários, Enzo Pérez funciona como uma "isca" para atrair a marcação enquanto os zagueiros acionam um dos laterais. Apesar de ter bom passe, a função do volante é atuar servindo uma linha de passe segura e também como proteção em caso de eventuais erros que ocasionam na perda da posse de bola.

Fase ofensiva

Durante a fase ofensiva, o River Plate varia bastante o repertório tático e pode assumir diferentes sistemas táticos quando está com a posse, sempre de acordo com o contexto da partida e do adversário. Enquanto realiza a saída de bola e está no campo de defesa, a equipe, a princípio, assume o 4-1-4-1, como visto acima.

Porém, o time pode variar para 3-4-3, 3-3-4, 3-2-5 e até mesmo um 2-3-5, este último o sistema tático que foi batizado como “A Pirâmide Invertida”, uma vez que a disposição dos atletas se assimila ao respectivo formato geométrico, mas de forma contrária.

Durante a fase ofensiva contra rivais mais fechados, o River Plate varia para uma linha de cinco ofensiva.
Durante a fase ofensiva contra rivais mais fechados, o River Plate varia para uma linha de cinco ofensiva. (Foto: reprodução/InStat)

Essas variações dependem das circunstâncias do jogo e do adversário. Contra um rival menos perigoso e atuando com linhas mais baixas e compactas, esperando o contra-ataque, o River Plate realiza uma linha de cinco ofensiva, que tem o intuito de abrir espaços no centro da defesa dos rivais e facilitar a movimentação e a circulação de bola nas zonas de perigo.

No duelo contra o Boca Juniors, por exemplo, o River Plate realizava um 3-3-4 durante a fase ofensiva. A opção por três jogadores na defesa e mais três no centro do campo garantia não só a busca por espaços contra um oponente de nível similar, que não se postava na defesa a todo momento, mas também na segurança em caso de perda da posse de bola.

O River Plate variava entre o 3-3-4 e o 3-4-3 contra o Boca Juniors.
O River Plate variava entre o 3-3-4 e o 3-4-3 contra o Boca Juniors. (Foto: reprodução/InStat)

Já no embate contra o Gimnasia La Plata, o River Plate, após abrir vantagem no placar, deixou de utilizar a linha de cinco no ataque para jogar no 4-1-4-1, uma vez que o time não tinha mais a necessidade de criar amplitude com o intuito de abrir espaços na defesa adversária, que tendia a jogar mais aberta para buscar o resultado.

Com a vantagem no placar, o River Plate recuou os laterais e adotou o 4-1-4-1, mas sem abdicar de atacar.
Com a vantagem no placar, o River Plate recuou os laterais e adotou o 4-1-4-1, mas sem abdicar de atacar. (Foto: reprodução/InStat)

A isso, soma-se o fato de que Marcelo Gallardo, ao mesmo tempo, protegia a equipe, tornando-a menos vulnerável com menos homens na linha de ataque. Mesmo com a vitória parcial, o time não deixava de atacar em nenhum momento.

Porém, nenhuma das variações terá o efeito prático se a equipe estiver estática. O time treinado por Gallardo é marcado pela constante movimentação e rotação dos atletas, que buscam criar dinamismo na construção das jogadas de ataque e que geram espaços na defesa dos adversários.

Dessa forma, é bastante comum os atletas sem a bola realizarem infiltrações e ultrapassagens. Além disso, quem está com a posse deve fazer movimentações a partir do momento em que passa para o companheiro. Marcelo Gallardo ordena movimentação da equipe a todo instante.

O River Plate tem como objetivo a progressão ao gol da maneira mais rápida e eficiente, mesmo que isso resulte em um jogo mais direto a partir de lançamentos da defesa, buscando os jogadores de frente, em especial o centroavante Julián Álvarez. O camisa 9 argentino também atua saindo da posição de referência e costuma recuar para se tornar opção de passe e até abrir espaço para a infiltração dos companheiros.

O centroavante Julián Álvarez saiu da posição e serviu opção de passe atuando mais recuado; na sequência da jogada, o River Plate finalizou na trave com infiltração de Enzo Fernández.
O centroavante Julián Álvarez saiu da posição e serviu opção de passe atuando mais recuado; na sequência da jogada, o River Plate finalizou na trave com infiltração de Enzo Fernández. (Foto: reprodução/InStat)

Fase defensiva

Durante a fase defensiva, o River Plate se posta em um 4-1-4-1, com Enzo Pérez entre as duas linhas de quatro da defesa, auxiliando os defensores quando o oponente passa pela primeira linha de marcação.

O River Plate de Marcelo Gallardo na fase defensiva.
O River Plate de Marcelo Gallardo na fase defensiva. (Foto: reprodução/InStat)

O time realiza uma marcação mista, protegendo os espaços a priori e executando o encaixe individual quando um dos adversários recebe a bola no respectivo setor do atleta do time de Marcelo Gallardo.

Quando o oponente está no início da fase ofensiva, ainda no próprio campo de defesa, o River Plate joga com a defesa em linha alta, que tem o intuito de diminuir o espaço de jogo adversário, e os jogadores de frente realizam a pressão para diminuir ainda mais o espaço de ação dos atletas rivais e obrigá-los a rifar a bola, evitando uma construção de jogadas em passes curtos e com qualidade.

Na saída de bola do adversário não é diferente. O River Plate não permite que os defensores rivais saiam com espaços para realizarem passes e encaixa a marcação. O objetivo é o mesmo: forçar o erro do oponente e recuperar a bola no campo de ataque para contra-atacar em velocidade.

O River Plate na pressão da saída de bola do adversário; na sequência da jogada, o goleiro erra o passe e Quintero finaliza com o gol aberto, inaugurando o placar.
O River Plate na pressão da saída de bola do adversário; na sequência da jogada, o goleiro erra o passe e Quintero finaliza com o gol aberto, inaugurando o placar. (Foto: reprodução/InStat)

Transições

Transição ofensiva

O River Plate ataca rápido e sempre que tem a bola parte para o gol em velocidade. Como o time produz muito e tem bastante erros nas ações ofensivas, é comum perder a posse durante a fase ofensiva.

No entanto, no momento em que perde a bola, a equipe realiza o perde-pressiona, que já é uma orientação característica das principais equipes do mundo. Desta forma, os jogadores se aproveitam dos rebotes dos adversários e recuperam a posse de bola, dando início reinício à fase ofensiva e atacando o oponente com mais facilidade, já que, durante a transição de defesa para o ataque, o adversário se torna mais fragilizado.

Repare na quantidade de jogadores do River Plate próximos a bola no momento em que perde a posse.
Repare na quantidade de jogadores do River Plate próximos a bola no momento em que perde a posse. (Foto: reprodução/InStat)

Nos contra-ataques, a postura é a mesma. Marcelo Gallardo orienta os jogadores a não desperdiçarem tempo enquanto o adversário se encontra desorganizado e no campo de ataque e parte em velocidade em direção ao gol, com bastante apoio para facilitar as opções de passe e êxito nas conclusões.

Rojas partiu em velocidade no contra-ataque para receber livre e concluir a gol.
Rojas partiu em velocidade no contra-ataque para receber livre e concluir a gol. (Foto: reprodução/InStat)

Transição defensiva

O River Plate, no momento em que perde a bola, rapidamente busca retomá-la para voltar a atacar o adversário. Neste momento, o volante Enzo Pérez é essencial para a realização dos movimentos que encurtam espaços e permite à equipe realizar os desarmes.

Porém, quando não consegue recuperar a posse e os rivais encontram espaço para contra-atacar, o time tenta se recompor o mais rápido possível e com o maior número de atletas a fim de evitar a inferioridade numérica e tentar retardar a jogada em um eventual erro de ataque do oponente, uma vez que o time terá tempo para se reorganizar defensivamente.

Repare na quantidade de jogadores do River Plate no contra-ataque adversário; ao todo, oito jogadores voltaram para auxiliar na defesa.
Repare na quantidade de jogadores do River Plate no contra-ataque adversário; ao todo, oito jogadores voltaram para auxiliar na defesa. (Foto: reprodução/InStat)

É comum o River Plate ceder a bola devido às constantes tentativas de acionar os homens de frente a partir dos lançamentos dos defensores, a chamada ligação direta. Desta maneira, o time pode se complicar em alguns momentos durante a fase ofensiva e permitir o contra-ataque adversário enquanto está fragilizado.

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