Chapa decide entrar na Justiça contra processo eleitoral do Ferroviário
Os membros da chapa oposicionista alegam que o conselho deliberativo do clube não divulgou informações primordiais sobre os sócios aptos a votos. Judicialização pode adiar eleições, que estão marcadas para 1º de novembro
As eleições do Ferroviário ganharam um novo capítulo nesta quarta-feira, 22. A chapa intitulada "Futuro, Orgulho e Tradição", de oposição à direção atual do clube, decidiu entrar na Justiça contra o processo de eleição da agremiação, marcadas inicialmente para o dia 1º de novembro. O grupo alega "falta de transparência na condução do processo eleitoral".
Os membros da chapa oposicionista alegam que o conselho deliberativo do clube não divulgou informações primordiais sobre os sócios aptos a votos. Segundo o estatuto do Ferroviário, para que um sócio-torcedor tenha condições votar, é necessário que o mesmo seja contribuinte do serviço, ininterruptamente, por, no mínimo, três anos. No caso dos associados patrimoniais, será necessário comprovar, no mínimo, seis meses completos de presença no quadro social.
Fernando Lobo, candidato a presidência do Conselho Deliberativo do Ferroviário pelo grupo de oposição, afirma que sua chapa fez a requisição das informações citadas no dia 24 de setembro, e ainda não obteve resposta por parte do atual conselho.
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De acordo com o postulante ao cargo, é direito assegurado por estatuto que ambas as chapas registradas tenham meios de saber quais são os associados que cumprem todos os requisitos para terem direito ao voto. Além disso, em posse dos dados dos votantes e candidatos, seria possível que ambas as vertentes que pleiteiam a eleição possam impugnar um membro do grupo político adversário caso o mesmo não cumpra o que é solicitado pelo estatuto.
Em nota divulgada a imprensa, os membros da chapa "Futuro, Orgulho e Tradição" afirmam que "não estão processando o clube" e sim auxiliando na "transparência" do processo eleitoral. Ainda segundo a oposição, o requerimento judicializado pode adiar as eleições do clube caso as reclamações não sejam atendidas.
"A ação judicial não busca judicializar o clube, mas preservar a legitimidade e a transparência das eleições, pilares indispensáveis à vida democrática de qualquer associação", afirma o grupo eleitoral.
Requisições da chapa Futuro, Orgulho e Tradição na ação de judicialização:
- Disponibilização imediata da lista completa de sócios e dos documentos de transferência de títulos patrimoniais, nos termos do Estatuto Social;
- Suspensão temporária do processo eleitoral até que as informações sejam devidamente publicadas;
- O restabelecimento da igualdade de condições entre todas as candidaturas.
Conselho deliberativo foi "surpreendido" com a notícia
Contatado pelo Esportes O POVO, o presidente do Conselho Deliberativo do Ferroviário, Abdon Paula Neto, afirma que o clube cumpriu com todos os requisitos presentes no estatuto e afirmou estar surpreendido com a decisão.
"Para mim é surpreendente saber que houve judicialização, visto que nada chegou ao Ferroviário neste sentido. No entanto, não há motivos para tal. O estatuto do clube está sendo cumprido integralmente. Foram registradas duas chapas, em igualdade de condições. No dia 23 de setembro, foi divulgado edital de registro e não houve nenhuma impugnação por parte da chapa citada e nem pedido de informação a partir daí", afirma o dirigente.
Chapa "Amor e Lealdade" diz que iniciativa não tem base jurídica
Horas após a judicialização, a chapa "Amor e Lealdade" divulgou, por meio de suas mídias sociais, nota sobre o ocorrido. No texto, o grupo político afirma que a iniciativa não tem base "jurídica" ou "fatídica" e que não contribui para o "espírito democrático e esportivo" das eleições do Ferroviário.
A chapa também afirma que ingressará no processo como segundo interessado, acompanhando de perto os desdobramentos do pleito.
"É lamentável que, às vésperas da eleição, alguns optem por transformar o debate democrático em disputa judicial, tentando obter nos tribunais o que não conquistaram no campo das ideias e da legitimidade junto aos associados. Essa forma de desestabilizar o processo eleitoral demonstra mais inconformismo do que convicção e revela o distanciamento de certos grupos em relação ao verdadeiro espírito ferroviário - pautado pela lealdade, pelo respeito e pela grandeza institucional do Clube", afirma.