Emprestado ao Bragantino, zagueiro destaque na base do Ceará narra trajetória de Gana ao Brasil

O zagueiro falou sobre a captação do Ceará para vir ao Brasil e os principais sonhos no esporte

O zagueiro ganês Stanley Boateng, que pertence ao Ceará — detentor de 50% dos direitos econômicos — e ganhou destaque na Copa São Paulo de Futebol Júnior no início do ano, foi emprestado ao RB Bragantino. Antes de viajar, o defensor de 19 anos contou ao Esportes O POVO sobre as dificuldades que enfrentou em seu início no esporte, a saudade da família e a captação do Ceará.

Boateng chegou ao Alvinegro no fim de 2023. Logo após a disputa da Copinha, o zagueiro nascido em 2005 atraiu interesse de três clubes da Série A do Campeonato Brasileiro e dois times espanhóis, que sondaram as condições do atleta. À época, o Ceará resolveu segurá-lo. Dessa vez, aceitou negociá-lo por empréstimo ao clube paulista até o fim de janeiro de 2025, com opção de compra fixada em RS 800 mil.

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Stanley Boateng chegou ao Ceará junto ao volante Steven Nufour, com quem já atuava junto no Dansoman Wise XI, de Gana. Ambos somam no currículo passagem pelas categorias de base da Seleção Ganesa. O contrato de Boateng com o Alvinegro segue até dia 31 de dezembro de 2025.

Equipes do eixo sul-sudeste foram pioneiros nas contratações de atletas do continente africano. No Nordeste, o Ceará se tornou o primeiro time a investir em jogadores da região para a base. O Fortaleza também já iniciou o investimento com a compra de Michael Quarcoo, que contou sobre sua carreira ao O POVO.

Oportunidade distante, objetivo e captação

Boateng conta que tudo começou em sua escola primária, quando tinha apenas 11 anos. “Através de competições escolares, fui olhado por um treinador [Ologo] e fui convencido a ingressar na sua equipe [Shooting Stars Kumasi]."

Em sua terra natal, Boateng relatou que o início não foi simples. O defensor restringia o próprio sonho de se tornar jogador profissional ao notar as oportunidades que tinha em volta. Contudo, optou por dar seu melhor nas competições que disputava, até ser notado pela seleção de base e observado pelo Ceará, ainda jogando na segunda divisão do país.  

“No início, a principal dificuldade foi a falta de oportunidades e de recursos. Em Gana, não tínhamos boas instalações, muito menos bons campos de futebol. Ainda assim, continuei com minha carreira e passei a me concentrar em atingir os meus sonhos […] Após retornar da seleção sub-17, tive a oportunidade de ingressar em um clube da segunda divisão da capital de Gana (Dansoman Wise). Jogamos um torneio e o Ceará se interessou por mim. Então eles contataram meu agente”, contou.

Chegada ao Ceará e adaptação ao futebol brasileiro

De malas prontas para atuar pelo RB Bragantino até janeiro do próximo ano, visando participar, em especial, de mais uma edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o zagueiro debruçou-se ainda sobre a sua chegada ao Brasil.

“A adaptação foi muito bonita no Ceará. Os companheiros que encontrei na equipe são únicos. Uma das principais diferenças que notei é que aqui chega a ser mais quente do que em Gana. Os brasileiros têm seu modo de viver, como tocar músicas altas e suas danças típicas”, disse.

Boateng disse ainda que seus companheiros e a comissão técnica do Ceará foram muito importantes no auxílio com o idioma. Quando viajou, o ganês enfrentou um processo muito veloz, com pouca preparação antes de sair. Assim, chegou à capital cearense treinando o português por aplicativos no celular, mas vem se adaptando com o idioma antes de ir ao Bragantino.

Sobre o futebol brasileiro, o zagueiro também apontou as principais diferenças. “Costuma ser caracterizado por dribles habilidosos, passes rápidos e muita criatividade individual. Como zagueiro, percebo ao ter que marcar. Em Gana, o estilo principal de jogo é o ataque direto, que tenta mover a bola rapidamente para o campo de ataque, geralmente usando passes longos, bolas em profundidade ou bolas aérea."

Distância, apoio e saudade da família

Boateng chegou sem familiares ao Brasil, viajou sozinho. Logo de início, começou a morar no centro de treinamento do time. Assim, a saudade da família é constante, e ele conta todos os dias que passam até poder revê-los. Quando questionado pela reportagem sobre quem seria o seu ídolo no esporte, ele preferiu não dizer o nome de um profissional, mas sim das suas inspirações na vida.

“Essas pessoas [minha família], sim, são as que vêm em primeiro lugar na minha vida. Fui inspirado pela minha família porque eles sempre me ensinaram e me motivaram a alcançar os meus objetivos. Meus pais me inspiraram em minha vida porque são pessoas que sempre estiveram comigo. Eles sempre dizem: 'Nada cai sobre a sua mão sem muito esforço, então acredite no seu trabalho duro'”, ressaltou.

“Sinto muita falta da minha família, mas a distância nunca vai conseguir apagar o amor familiar. Conto cada dia até nos reencontrarmos. Ainda assim, não deixamos de nos comunicar sempre pelo telefone”, completou.

O jovem zagueiro finalizou fazendo uma projeção sobre os seus próximos cinco anos: “Me vejo jogando no mais alto nível. O sonho é se tornar um dos maiores jogadores do planeta. Quero viver como uma inspiração, em especial para a geração mais jovem de jogadores de futebol do mundo”.

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