Torcida do Ceará em Avellaneda: noite de frio e vibração com classificação

Longe de casa e do calor da Terra do Sol, o torcedor do Ceará se aqueceu como pôde e comemorou a vitória sobre o Independiente-ARG por 2 a 0 e a melhor campanha da fase de grupos da Copa Sul-Americana, em Buenos Aires, na Argentina. Para todos, uma noite pra ficar na história.

A jornada começou meses antes, quando do sorteio dos grupos da Sul-americana e do anúncio da tabela. Desde então, muitos torcedores se planejaram para assistir ao último jogo do grupo G, na capital argentina. Seria a melhor oportunidade de acompanhar o time em uma partida internacional, dadas as atrações culturais, históricas e gastronômicas do país vizinho. O câmbio favorável ao real, frente ao peso argentino, contribui para amenizar um pouco as despesas de viagem. Muita gente aproveitou também para viajar em casal ou com a família.

A preparação continuou em grupos de whatsapp e com agências oferecendo pacotes, além de muitos torcedores se organizando por conta própria, pesquisando preços de passagens, hospedagem, alimentação, roteiros para curtir Buenos Aires e até cidades e países vizinhos, com destaque para o Uruguai. A vitória do Ceará contra o Independiente na Arena Castelão, no último dia 5 de abril, fez com que mais torcedores resolvessem investir na viagem. Ficavam claras, desde ali, as boas chances de classificação do Vovô em um grupo que tinha Deportivo La Guaira e General Caballero como equipes de menor poderio técnico e financeiro.

Na semana anterior a do jogo, a grande demanda pelos ingressos de visitante, apesar do absurdo preço único de R$ 250 (50 dólares) imposto pelo Independiente-ARG, confirmou que muitos alvinegros e alvinegras se organizaram para acompanhar o time em Buenos Aires. Foram exatos 2009 ingressos oferecidos à torcida cearense, que ocupou com destaque toda a arquibancada Pavoni Alta, do Estádio Libertadores da América, atrás do gol que o Ceará defendeu no primeiro tempo do jogo desta quarta-feira.

A quase totalidade dos torcedores optou por se deslocar até o estádio de Avellaneda em ônibus disponibilizados por empresas especializadas, ao preço de aproximadamente R$ 100 por pessoa. Os veículos saíram do bairro Porto Madeiro, espaço de restaurantes sofisticados, lanchonetes, cafés e da famosa "Ponte da Mulher", um dos ícones da capital argentina. Porém, nem tudo era facilidade. Ali ficava claro que o frio intenso que chegara a Buenos Aires justamente na quarta-feira, dia do jogo, acompanharia os torcedores durante toda a jornada.

Apoio e entusiasmo

Após aguardar liberação pela polícia, que escoltou o comboio de ônibus até o estádio, os torcedores e as torcedoras aguardaram em pé, sob o frio intenso, a revista policial. Todos foram avisados a não levar itens como água e carregadores de celular ou qualquer outro fio ou cabo, como fones de ouvido. A simpatia dos policiais neste momento chamou atenção de muitos.

A chegada e a saída ao estádio Libertadores de América ocorreram de forma organizada e tranquila, sem qualquer contato com torcedores locais. Ponto negativo foi o acesso a apenas uma lanchonete dentro do estádio, cujo estoque logo se esgotou, deixando a torcida sem acesso sequer a água. Também foi preciso esperar por cerca de 40 minutos após a partida, para deixar o estádio, por medida de segurança, como costuma acontecer aos visitantes, o que foi motivo de estranhamento para algumas pessoas que não costumam frequentar estádios mas foram acompanhar parentes ou amigos nesta quarta.

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O frio foi outro grande desafio, com os ventos aumentando a sensação térmica na noite em que a temperatura mínima prevista era de 8 graus. Muita gente não se preparou adequadamente para passar os 90 minutos, mais 15 do intervalo e mais o tempo de chegada e saída, sob vento forte. Houve também solidariedade, com muitos retirando seus casacos e luvas para dividir com quem sofria mais com o tempo. Bandeiras do Ceará se tornaram cachecóis ou cobertores, em uma noite bem diferente do intenso calor do Castelão. E de festa para a torcida alvinegra, com o 2 a 0 e a classificação com campanha perfeita, 18 pontos.

E se as torcidas argentinas são conhecidas por cantar do começo ao fim do jogo, esta quarta-feira foi dia de a voz dos cearenses ecoar pelo estádio Libertadores da América. O canto de apoio ao time também ajudou a aquecer quem enfrentava tamanha mudança de temperatura. E os jogadores do Ceará reconheceram o esforço do torcedor, indo cumprimentá-los perto da arquibancada, antes e ao final do jogo.

Do nervosismo à euforia

Dentro de campo, o Ceará mostrou consciência e preparo, com uma estratégia de jogo bem definida e demostrando a maturidade necessária para conter o ímpeto do time da casa nos 20 minutos iniciais. Vina, mesmo com a torcida lamentando dois gols perdidos, Mendoza, Nino Paraíba, Messias e Luiz Otávio estiveram entre os mais aplaudidos pelos alvinegros, na noite de frio e de felicidade.

Os contra-ataques da equipe cearense deixavam claro que, apesar do esforço do Independiente em tentar um "abafa" inicial, o Ceará contava com mais recursos para finalizar de forma perigosa. O maior susto se deu no primeiro tempo, quando, após o Alvinegro quase abrir o placar, o Rojo contra-atacou e quase marcou.

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A expulsão do técnico Dorival Júnior, após falta clara contra o volante Richard, não marcada pelo árbitro uruguaio Chrystian Ferreira, foi recebida com vaias da torcida alvinegra. O Ceará abriu o placar pouco depois, com Rodrigo Lindoso, aliviando a tensão antes do intervalo. O Vovô poderia então tomar dois gols e ainda assim estaria classificado à próxima fase. Mas o torcedor seguia acreditando na classificação com vitória.

No segundo tempo o Independiente insistiu com muitas trocas de passes na entrada da área do Ceará, sempre buscando enfiadas em diagonal para tentar vencer a defesa alvinegra, em que Messias e Luis Otávio se mostraram seguros. Já perto do fim do tempo regulamentar, em contra-ataque, Mendoza teve coroada com um belo gol a ótima partida que fez, com muitas arrancadas rápidas e desestabilizando a defesa do Independiente.

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