Catar está avançado em estrutura para o Mundial, mas bem atrasado nas questões sociais

A federação dinamarquesa de futebol e Lewis Hamilton já se posicionaram contra violações de direitos humanos no país, que deve flexibilizar algumas medidas para a Copa do Mundo

um ano da Copa do Mundo do Catar, o país impressiona a Fifa por sua eficiência nas obras visando o Mundial. Apenas um dos oito estádios que serão utilizados ainda não está pronto, e deverá ser entregue já em janeiro, com dez meses de antecedência. Por outro lado, o emirado do Oriente Médio tem sido algo recorrente de críticas pelas violações aos direitos humanos.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) informou que 50 trabalhadores migrantes morreram e mais de 500 ficaram gravemente feridos nas obras para a Copa só em 2020. De acordo com relatório da agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a maioria destes trabalhadores morreram em quedas ou em acidentes de trânsito, principalmente no local de trabalho. 

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O jornal britânico The Guardian já havia informado que, desde 2010, ano em que o Catar recebeu o direito de sediar a Copa, 6.500 trabalhadores migrantes indianos morreram em obras, além de denunciar casos de trabalho análogo à escravidão. O Governo nega, mas se recusa a dar mais informações sobre o assunto.

A Federação Dinamarquesa de Futebol já havia se posicionado ao anunciar que irá boicotar comercialmente a Copa do Mundo no país oriental pelos incidentes envolvendo funcionários imigrantes, focando apenas no futebol. Os patrocinadores da seleção nórdica, que garantiu vaga no Mundial em campanha praticamente perfeita, utilizarão frases em defesa dos direitos humanos na camisa, ao invés de divulgarem suas marcas.

Em nota, a Federação Dinamarquesa de futebol disse que "vai minimizar o número de viagens ao Catar para funcionários e parceiros, para que a participação nas finais da Copa do Mundo seja principalmente voltada para a participação esportiva e não para a promoção dos eventos dos organizadores da Copa."

Outro ponto que tem gerado debates é a lei que proíbe a homossexualidade no País, embora esse assunto raramente seja abordado na vida pública ou pelas autoridades cataris.

No GP do Catar de Fórmula 1, neste fim de semana, Lewis Hamilton utilizou um capacete com as cores da bandeira LGBTQIA+ em defesa da liberdade e destacou a importância de se posicionar. "Conforme as competições esportivas vão para esses locais, elas têm o dever de colocar em foco esses problemas. Esses lugares precisam de escrutínio. Direitos iguais são uma questão séria". No Catar, a pena prevista para homossexualidade é de até três anos de prisão. Há ainda um pressuposto que aponta possibilidade de pena de morte para muçulmanos homossexuais. O lateral-esquerdo australiano Josh Cavallo comentou que tem medo de ir ao País por conta disso.

Bebidas alcoólicas também são proibidas no Catar. O Governo local, porém, deve preparar uma bolha onde elas estarão disponíveis em "locais destinados aos torcedores" — como as fan-fests.

Com quase toda a estrutura pronta para a Copa do ano que vem, o Catar agora precisará resolver ou adaptar questões sociais para evitar maiores danos ao maior evento de futebol do Mundo, já que outros protestos deverão via à tona.

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