Covid-19: proteção é coletiva e só vacinação salva, diz especialista

Debate sobre vacinação segue em alta pelo País em meio a negacionismo e possibilidade de contágio com variante delta

Aos poucos, o Ceará vai avançando na vacinação contra a Covid-19. Mesmo com cidades já totalmente vacinadas com a primeira dose, como Guaramiranga, o debate sobre a imunização coletiva continua em alta em meio a possibilidade de novas variantes no Estado e antecipações de segundas doses em todo o País. Entretanto, há quem ainda não queira se vacinar por diversos motivos.

O primeiro pensamento que devemos ter é de que vacinas são seguras. Segundo Tadeu Sobreira, sócio-fundador do Laboratório Mikros, a vacinação e a doença não são problemas individuais. "Se alguém fala que não acredita em vacina, ela tem que lembrar que é um problema coletivo. Além da pessoa estar assumindo um risco, ela está expondo a população em um risco maior", lamenta.

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Mesmo com um ritmo considerado mais "intenso" de imunização no País, o imunologista avalia o contágio do coronavírus como preocupante no Brasil e recomenda a antecipação da segunda dose da vacina. Em cidades de pelo menos seis estados do País, o intervalo entre as doses foi reduzido por gestores como uma tentativa de ampliar a segurança da população contra a variante Delta do novo coronavírus. O Ceará não foi um deles.

"Se você estende os dados onde a pandemia está sendo reduzida, são em países que mais vacinaram", aponta o sócio-fundador do Laboratório Mikros. "O principal argumento é mostrar a queda da mortalidade: São Paulo tá caindo, Fortaleza tá caindo. Todo mundo tem o direito de dizer que vai morrer ou adoecer pela doença, mas não tem o direito de adoecer outras pessoas", cita.

Após 15 dias sem mudanças, Camilo Santana (PT) anunciou novas flexibilizações em comércios cearenses no novo decreto. O titular da Secretaria da Saúde (Sesa), Dr. Cabeto, apontou melhora dos indicadores de transmissão em todas as regiões. Em Fortaleza, a situação é similar à de antes desta segunda onda da pandemia de Covid-19, com taxa de positividade dos exames em torno de 10%. Capital começou a vacinação dos nascidos em 1990 nesta semana.

Ele avalia a possibilidade de uma terceira onda devido ao contágio com a variante delta. Conforme citado por outros especialistas ao O POVO, mesmo sem casos confirmados no Ceará, a chegada da nova linhagem do vírus no Estado não será surpresa. Tadeu Sobreira ainda avalia o mesmo cenário pois já há casos confirmados da B.1.617, também conhecida popularmente como a variante indiana, no País. "A chance é enorme: quantas pessoas diariamente voltam do Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus? Quantos milhões de passageiros têm no Brasil?", questiona.

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Para tentar manter um controle dos casos, a Sesa anunciou testagens no Aeroporto de Fortaleza. O intuito é construir uma barreira sanitária de todos os voos que chegam a Capital. Segundo Cabeto, o rastreamento também será feito em outras regiões do Ceará.

A variante delta preocupa por ser mais contagiosa dentre as quatro mais preocupantes elencadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) atualmente:

- Alfa (B.1.1.7), inicialmente identificada no Reino Unido;

- Beta (B.1.351), inicialmente identificada na África do Sul;

- Gama (P1), inicialmente identificada em Manaus;

- Delta (B.1.617), inicialmente identificada na Índia.

Uma variante viral é o resultado de modificações genéticas que o vírus sofre durante seu processo de replicação - ou seja, durante seu contágio. Quanto mais um vírus circula, mais ele faz replicações e pode alterar mais sua estrutura. "O vírus não tem vida própria, mas sim nas pessoas doentes. Quando surge uma mutação, não sabemos se terá uma maior mortalidade, se será mais contagiosa. É como jogar dados contra a população", exemplifica Tadeu. 

Independentemente do ciclo de vacinação, os cuidados como máscara e distanciamento devem ser mantidos. O sócio aponta para a baixa imunização completa em todo o País: segundo dados do Ministério da Saúde (MS), apenas 24% da população está vacinada com segunda dose. O Ceará já aplicou 4.865.570 doses de vacina contra a Covid-19 até o dia 11 de julho. 

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