Russos quiseram rescindir contrato da Sputnik V para Nordeste, diz governador do Piauí

Governador do Piauí, Wellington Dias (PT), revelou que os representantes da vacina pensaram em desistir, mas mantiveram compromisso firmado após reunião com alguns governadores do Consórcio do Nordeste

Representantes da vacina russa Sputnik V teriam ficado incomodados com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que rejeitou, há cerca de duas semanas, a importação do imunizante no Brasil. O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), revelou nesta sexta-feira, 7, ao Valor Econômico, o desejo dos russos de rescindirem o contrato estabelecido com o Consórcio Nordeste para a aquisição de 37 milhões de doses.

A decisão da Anvisa em relação ao uso emergencial da Sputnik V no Brasil foi tomada após reunião do órgão no último dia 26 de abril. Na ocasião, tanto o corpo técnico da agência como os diretores presentes - incluindo o relator do caso, Alex Machado - votaram pela rejeição da aprovação da vacina. Alegaram que o governo russo não apresentou dados confiáveis sobre o imunizante.

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Depois dessa decisão, o governador do Piauí se reuniu com senadores e diretores da Anvisa. Na ocasião, afirmou que a rejeição teve uma repercussão internacional "muito negativa". O imunizante tem contrato com pelo menos 64 países, entre os quais Argentina e México.

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Preocupados com a possibilidade de quebra do contrato, alguns governadores dos estados nordestinos então marcaram reunião com o embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Kazimirovitch. Apesar de manifestarem o desejo de rescindir o contrato, os representantes da vacina decidiram que iriam, ao menos por enquanto, manter o compromisso firmado.

 

Acordo com Consórcio Nordeste 

Desde o dia 18 de janeiro deste ano o Governo Federal segue distribuindo doses de imunizantes contra a Covid-19 a estados brasileiros, por meio do Plano Nacional de Imunização (PNI). Contudo, a quantidade de vacinas distribuídas pela campanha não tem sido suficiente para atender à demanda de boa parte das Unidades Federativas, como o Ceará - onde a Capital chegou a atrasar aplicação da segunda dose (D2).

Prevendo esse cenário, o Consórcio Nordeste - formado por nove estados nordestinos como o Ceará, tentaram adquirir doses do imunizante russo por conta própria, em busca de agilizar a campanha de vacinação. O órgão fechou um contrato de importação emergencial de 37 milhões de doses com os representantes da Sptunik V, mas, nas últimas semanas, a Anvisa não autorizou o uso da vacina no País.

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Além de alegar que o governo russo disponibilizou poucos dados sobre a aplicação do imunizante, diretores da agência contestam o fato de que grande parte dos países que adquiriram a vacina ou ainda não utilizaram as doses ou usaram elas de forma "ínfima" na população - motivo que não possibilita uma análise completa dos efeitos. Representantes da Anvisa pedem também relatório técnico da agência sanitária russa.

Governadores estaduais e prefeituras tentam agora reverter o veto da Anvisa, solicitando que o órgão revise a decisão técnica com base em novas documentações. Em março deste ano, o Ceará já havia aprovado a aquisição de 5,87 milhões de doses do imunizante e mantém expectativa de ampliar imunização.

 

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