Dora Andrade: "É muito mais do que usar álcool nas mãos e usar máscara", alerta sobre isolamento

Ainda sob quarentena, a idealizadora da Escola de Dança e Integração Social para Criança e Adolescente (Edisca) conta ao O POVO um pouco de sua rotina diante suas renovações no âmbito do trabalho e pessoal

O movimento envolvente e de puro contato das danças e espetáculos foi pausado devido a uma necessidade social. Em meio ao recesso, Dora Andrade reencontrou a palavra-chave reinventar, mantra durante o seu isolamento social após quase um ano da confirmação dos primeiros casos do novo coronavírus no Ceará. A idealizadora da Escola de Dança e Integração Social para Criança e Adolescente (Edisca) conta ao O POVO um pouco de sua rotina diante das renovações no âmbito do trabalho e pessoal.

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Aos 61 anos, Dora tenta se manter ativa tanto em casa e, quando viável, fora também. Segundo ela, não consegue ficar quieta e articulou campanhas de apoio a 300 famílias atendidas pela Edisca durante o isolamento social. “Eu passei três meses em casa, confinada, sem fazer absolutamente nada. Mas pelo clamor da família e da circunstância da fome, tivemos que ir para cima e para luta”, conta.

A pandemia só reforçou ainda mais o papel da Edisca diante da promoção do desenvolvimento humano de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. É um tanto quanto impossível não intercalar a vida de Dora com a Escola, fluxo que se manteve mesmo durante o distanciamento. “Minha vida foi um alto e baixo, idas e vindas dentre ficar reclusa e ir para a ação. O que me cura é estar na boa luta”.

Parte do grupo de risco do coronavírus, Dora segue trabalhando remotamente sempre que possível desde março. A flexibilização trouxe algumas atividades no campo, mas a dançarina segue mantendo medidas mais restritivas junto da filha e do esposo, em casa. “Para além do meu tédio, existem vidas humanas e uma circunstância de que eu preciso manter o cuidado de me proteger, proteger minha família e proteger os outros”, justifica.

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Dora nunca pensou em desistir do isolamento mais restritivo e o maior estresse durante a quarentena foi o sentimento pleno da reclusão. "É uma sensação indevida de estar muito protegida, quase que encarcerada, enquanto o povo que adoro e que trabalha comigo a vida toda estava correndo risco. Foi um momento de muita dificuldade e eu só melhorei quando voltei para o trabalho", relata.

O que cura e dá força diária à idealizadora são as campanhas de ajuda aos alunos e às famílias da Escola. Dentre as atividades, Dora conseguiu articular grupos de WhatsApp com as mães dos alunos, estabeleceu aulas remotas, conseguiu atendimento psicológico aos familiares e arrecadou toneladas de alimentos aos estudantes que estavam sem aulas presenciais. "É um acúmulo de realidades que deixa as vidas mais vulneráveis muito mais difíceis. Não ir para a escola significa, dentre outras coisas, uma refeição a menos".

Para desopilar em meio ao desânimo, até tentou intercalar meditações e ações de espiritualidade. Entretanto, o que realmente ocupou seu tempo de quarentena foi o trabalho remoto e as atividades domésticas. Com a flexibilização, o lazer de Dora vem sendo a visita de apenas amigos próximos que a cearense sabe que estão mantendo os cuidados contra a pandemia e de sua mãe.

Com os aumentos de casos do coronavírus em Fortaleza, Dora reconhece seus privilégios de estar em casa quando possível e na hora em que precisar. "O que me cura é estar na boa luta", reforça, detalhando as ações que segue fazendo no fluxo casa-trabalho-casa. Em 2021, a dançarina espera boas novas, mas teme que o ano seja de consequências de um 2020 pesado. "Precisamos dar mais transparência quanto a gravidade do momento: é mais que usar álcool nas mãos e usar máscara. É algo muito maior", alerta.

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