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Coronavírus no Nordeste: 67% dos agentes penitenciários não receberam equipamentos de proteção, estima levantamento

A pesquisa foi feita por pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) em nível nacional com formulário online que obteve 301 participantes

Cerca de 67% dos agentes penitenciários da região nordeste não receberam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para atuar durante a pandemia de coronavírus. A porcentagem é a mesma estimada para todo Brasil. É o que estima um pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em nível nacional com formulário online que obteve 301 participantes de todas as regiões do País. O levantamento, realizado entre os dias 15 de abril e 1º de maio, buscou compreender qual a percepção destes profissionais em relação aos impactos da crise em seu trabalho, bem-estar e modo de agir cotidianamente.

No Brasil, 83% dos agentes prisionais não se sentem preparados ou não souberam responder se estão preparados para atuar em meio à pandemia, revela a pesquisa. De acordo com o estudo, 90,7% dos policiais penais não receberam qualquer tipo de treinamento sobre atuação em meio à pandemia. Na região Norte, nenhum dos entrevistado afirmou ter participado de qualquer treinamento. No Nordeste, apenas 4,2% receberam algum tipo de treinamento.

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Aumento de trabalho, do medo e do estresse, estão dentre as mudanças listadas pelos agentes como fatos acontecidos durante a pandemia. A maioria dos profissionais relatou estar afastada da própria família para não correr o risco de contaminá-la. Alguns deles, inclusive, deixaram suas casas e estão morando provisoriamente em hotéis ou residências coletivas, destacou o levantamento.

Quanto às relações hierárquicas de comando, no Brasil, 33,22% dos entrevistados afirmaram que receberam orientações de suas chefias sobre como atuar durante a crise, enquanto 70,43% disseram não sentir suporte de seus superiores para enfrentar a crise. Com relação ao apoio de entidades governamentais no enfrentamento à pandemia, 72% dos agentes do Nordeste afirmaram não sentirem nenhum tipo de apoio.

Um seminário online será realizado nesta terça-feira, 9, para comentar, com representantes da classe, as estimativas encontradas pela pesquisa. Espera-se tratar da realidade encontrada e das recomendações de como melhorar as condições de trabalho de tais profissionais em meio à pandemia de coronavírus. A presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores Públicos do Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (Sindasp-Ce), Joélia Silveira, será uma das convidadas a debater sobre o assunto. O debate será transmitido na página do Facebook da Escola do Parlamento.

No Ceará, dos 3.607 policiais penais, 308 foram contaminados pela doença. Destes, 282 estão recuperados e retornaram suas atividades. Na quarta-feira, 3, o policial penal Domenico Dalla Valle Francelino foi o primeiro a morrer em decorrência da doença. Como forma de garantir o enfrentamento à Covid-19 no sistema penitenciário do Estado, além da entrega de máscaras, lotes de álcool em gel e ações educativas, foi criada a Comissão Permanente de Combate ao Coronavírus, com a colaboração do Sindap-CE e do Núcleo de Saúde da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

Os pesquisadores responsáveis pelo levantamento da FGV integram o Núcleo de Estudos da Burocracia e reforçam que a pequena quantidade de respostas obtidas pela pesquisa não retrata fielmente a realidade vivida pelos agentes penitenciários em todo Brasil. Eles destacam ainda uma distribuição desigual dentre os participantes da pesquisa, com excepcional concentração em São Paulo. Contudo, apesar das limitações, com base nos relatos dos agentes, é possível estimar uma realidade mais abrangente, concluem os pesquisadores.

O estudo completo pode ser acessado aqui.

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