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Fortaleza está entre as 15 cidades com maior prevalência de casos de Covid-19

Primeira fase da EPICOVID19 avaliou quarto cidades cearenses escolhidas por sorteio para testagens. A pesquisa passou, no entanto, por empecilhos de notícias falsas, agressões e detenções policiais

O levantamento da primeira fase da pesquisa EPICOVID19, realizada pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) entre os dias 14 e 21 de maio, trouxe Fortaleza entre a lista de 15 cidades com maiores prevalências de casos de coronavírus. A universidade é referência brasileira e internacional na área de epidemiologia e está a frente do projeto, o maior estudo populacional sobre o coronavírus no Brasil.

A metodologia consistiu em realizar testagens para 200 pessoas selecionadas por sorteio. No Ceará, quatro cidades participaram da primeira fase: Crateús, Fortaleza, Sobral e Quixadá, com 940 testes realizados. Dentre os quatro municípios, Fortaleza e Sobral apresentaram amostras positivas para a Covid-19, com 17 e 4 diagnósticos da doença, respectivamente.

Em última atualização feita pelo sistema IntegraSUS na noite da segunda-feira, 25, o Ceará tinha 36.185 casos confirmados da doença e 2.493 óbitos.

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O índice é influenciado por alguns fatores prévios, como o número de testes disponíveis, a forma de aplicação, o período em que foi aplicado - que varia entre dias devido aos sintomas da doença - e a situação do sistema público de saúde no Estado. A implementação da testagem em massa e a comercialização dos testes em farmácias também favorece o número de casos cearenses.

Epidemiologista e professor pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Marcelo Gurgel avalia que a onda da doença no Ceará foi cedo e se expandiu devido ao intenso contato da Capital com o tráfego aéreo. "A doença chega das classes mais altas às mais baixas a partir do contato de pessoas da primeira onda", explica. A primeira onda, no caso, seriam de pessoas com alto poder socioeconômico, pois costumavam utilizar-se do fluxo de viagens.

No entanto, os resultados das 90 cidades não devem ser tidos como absoluto para o País, pois dependem da concentração de serviços de saúde e da dinâmica das cidades em relação aos cuidados contra o novo coronavírus. Há, por exemplo, cidades que recentemente saíram do bloqueio total - como é o caso de Belém - e outras que continuam em lockdown - como é o caso de FortalezaNo caso, o mais importante do estudo é mostrar a subnotificação por regiões e o nível de prevalência da doença nos estados.

"A pesquisa superestima as participações das Capitais e essas regiões não representam apenas um estado", avalia Marcelo. A proximidade entre cidades do interior do Ceará também favorecem o aumento dos casos e se somam ao resultado. As regiões vêm tendo um aumento expressivo de casos e medidas mais rígidas chegaram a ser sugestões em novo decreto estadual. 

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“Essas diferenças entre as cidades demonstram que existem várias epidemias num único País. Enquanto algumas cidades apresentam resultados altos, comparáveis com Nova Iorque (Estados Unidos) e da Espanha, outras apresentam resultados baixos, comparáveis a outros países da América Latina, por exemplo”, destacam os pesquisadores.

CONFIRA AS 15 CIDADES COM MAIORES ÍNDICES DE COVID-19, DE ACORDO COM A PRIMEIRA FASE DA EPICOVID19

1º - Breves (PA): 24,8%


2º - Tefé (AM): 19,6%


3º - Castanhal (PA): 15,4%


4º - Belém (PA): 15,1%


5º - Manaus (AM): 12,5%


6º - Macapá (AP): 9,7%


7º - Fortaleza (CE): 8,7%


8º - Marabá (PA): 8,3%


9º - Rio Branco (AC): 5,4%


10º - Parintins (AM): 5%

11º - Boa Vista (RR): 4,5%

12º - Oiapoque (AP): 3,5%

13º -Recife (PE): 3,2%

14º - São Paulo (SP): 3,1%

15º - Rio de Janeiro (RJ) 2,2%

CONFIRA AS 10 CAPITAIS COM MAIORES ÍNDICES DE COVID-19, DE ACORDO COM A PRIMEIRA FASE DA EPICOVID19

1º - Belém (PA): 15,10%
2º - Manaus (AM): 12,50%
3º - Macapá (AP): 9,70%
4º - Fortaleza (CE): 8,70%
5º - Rio Branco (AC): 5,40%
6º - Boa Vista (RR): 4,50%
7º - Recife (PE): 3,20%
8º - São Paulo (SP): 3,10%

9º - Rio de Janeiro (RJ): 2,20%
10º - Maceió (AL): 1,30%

Pesquisa passou por empecilhos de notícias falsas, agressões e detenções policiais

Durante a realização da primeira fase da EPICOVID19, equipes da pesquisa passaram por situações equivocadas. Em nota, a instituição divulgou que "em quase 40 cidades, os pesquisadores estão de braços cruzados, esperando autorização dos gestores municipais, num processo burocrático que pode causar prejuízo aos cofres públicos, visto que a pesquisa é integralmente financiada com recursos públicos".

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A universidade relata que entrevistadores do IBOPE, que atuou em conjunto com a instituição para o projeto, foram detidos e foi feito o uso de força policial contra os pesquisadores. "Trata-se de cerca de 2.000 brasileiros e brasileiras, que estão trabalhando para sustentar suas famílias, numa pesquisa que pode salvar milhares de vidas", informou. 

"Apesar de tudo, nossas equipes estarão em campo até a terça-feira, dia 19 de maio de 2020, para garantir que o maior estudo populacional sobre coronavírus do Brasil continue ajudando a salvar a vida de milhares de brasileiros", encerra.

 

 

 

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