Secos & Molhados: Série estreia na sexta, 31, com clipe inédito
Após 50 anos separados, os integrantes dos Secos&Molhados se reuniram para gravar "Ouvindo o Silêncio", criada especialmente para o lançamento da série documental "Primavera nos Dentes"
Estreia nesta sexta-feira, 31, a série documental “Primavera nos Dentes – A História do Secos & Molhados”, dirigida e roteirizada por Miguel de Almeida e produzida por Marcelo Braga.
Revelando os bastidores e as origens da banda Secos & Molhados, a produção conta com imagens de arquivo e depoimentos inéditos de ex-integrantes do grupo, como Ney Matogrosso e Gérson Conrad.
Ela irá ao ar em quatro episódios, exibidos semanalmente, às sextas-feiras, às 21h30min, no Canal Brasil.
O momento marcou também o reencontro de Ney Matogrosso, Gerson Conrad, Emilio Carrera (pianista) e Willy Verdaguer (baixista), que voltam ao estúdio após 50 anos para gravar a faixa “Ouvindo o Silêncio”.
Enquanto Emilio e Willy assinam o arranjo e a direção musical do clipe e da canção, que encerra a série documental, os vocais ficaram a cargo de Ney.
O episódio de abertura, que vai ao ar nesta sexta-feira, 31, mergulha nos primeiros passos do grupo, criado em 1972, sob a formação original de Ney Matogrosso, Gerson Conrad e João Ricardo.
Nas primeiras cenas, a série apresenta os bastidores do primeiro disco, o sucesso repentino e a estética transgressora que escancarou questões de liberdade, como Ney exibindo na TV um corpo sem definição de gênero.
Ao longo dos episódios, a série mostra como, em meio à repressão da ditadura militar, o grupo se transformou em um fenômeno nacional ao misturar poesia, performance e subversão.
Detentor da marca Secos & Molhados, João Ricardo se recusou a ceder as músicas
Durante os anos em que perdurou, a banda teve diferentes formações. A mais famosa delas, com Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad, durou apenas dois anos, de 1973 a 1974.
Para a série, contudo, o detentor da marca e compositor de diversas faixas, João Ricardo, se recusou a participar das gravações.
Ele também não autorizou o uso de músicas com o nome dele na lista de compositores e, por esse motivo, os fãs não irão ouvir “Sangue Latino” ou “O Vira” nos episódios.
O assunto foi tratado na Justiça, porque os coautores autorizaram o uso das canções, mas a Justiça decidiu que a aceitação da outra parte era fundamental.
O diretor da produção, Miguel de Almeida, já havia escrito o livro “Primavera nos Dentes: A história do Secos & Molhados, ditadura, censura e sedição”, publicado pela editora Record no início de 2019.
Na obra, o jornalista teve acesso ao trio formado por Ney, Gérson e João Ricardo. Contudo, para a série, João não quis gravar depoimentos. Os outros dois integrantes aparecem em entrevistas juntos e separados, inclusive falando do jeito difícil do colega.
“Fiz várias entrevistas com o João para o livro. Depois que saiu, tivemos alguns almoços com a equipe da produtora, a ideia era fazer uma ficção também e ele estava superentusiasmado. Mas, em algum momento ele sumiu, não sei o que houve, recusou-se a dar entrevistas”, afirmou o diretor Miguel ao O Globo.
Segundo o veículo de comunicação, no processo que proíbe a reprodução das músicas, João Ricardo justifica o ocorrido pela forma como foi retratado no livro em questão. De acordo com ele, sua versão sobre a separação do grupo não foi publicada.
Ao longo dos episódios da série, os envolvidos deixam claras suas explicações para a dissolução do trio, logo após o segundo disco: discordâncias em relação à gestão do grupo, que passou para as mãos de João Apolinário (1924–1988), pai de João Ricardo.