Cartunista Jaguar pediu que cinzas fossem espalhadas por bares
Cartunista Jaguar morreu na manhã deste domingo, 24, aos 93 anos; carioca foi um dos criadores do jornal "O Pasquim"
Nome de relevância na arte do cartum no Brasil, Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar, morreu neste domingo, 24, aos 93 anos. Um dos fundadores do jornal “O Pasquim”, Jaguar deixou um pedido especial para ser realizado após a sua morte.
Registrado em um cartório do Rio de Janeiro em 1997, o artista solicitou que suas cinzas fossem espalhadas pelos bares que frequentou em vida. Célia Regina Pierantoni, esposa do ilustrador, afirmou à TV Globo que o pedido será executado.
À emissora, Célia informou que fará o solicitado, mas que ainda não organizou o momento. Conforme O Globo, entre os estabelecimentos listados por Jaguar, estão bares localizados nos bairros Leblon e Centro, ambos no Rio de Janeiro, além de espaços em São Paulo.
Jaguar: uma trajetória marcante no humor e na resistência cultural brasileira
Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, mais conhecido como Jaguar, deixa um legado profundo no jornalismo, na ilustração e na história da cultura brasileira. Com traços inconfundíveis e humor afiado, ele ajudou a transformar o cartum em uma poderosa ferramenta de crítica social e política, especialmente nos anos de repressão da ditadura militar.
Nascido no Rio de Janeiro, Jaguar iniciou sua trajetória profissional fora do mundo das artes: trabalhava no Banco do Brasil quando, em 1952, publicou seu primeiro desenho na coluna de humor "Penúltima Hora", do jornal "Última Hora". Esse pequeno passo deu início a uma longa e influente carreira.
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Nos anos seguintes, seus trabalhos passaram a figurar com regularidade na "Manchete", revista de grande circulação da época, onde ganhou visibilidade nacional. Foi nessa fase que recebeu o pseudônimo “Jaguar”, nome que o acompanharia por toda a vida.
Fundador de "O Pasquim"
Um dos momentos mais importantes da carreira de Jaguar foi a fundação de "O Pasquim", em 1969, ao lado de nomes como Millôr Fernandes, Henfil, Ziraldo, Paulo Francis e Tarso de Castro. Em plena ditadura militar, o jornal tornou-se símbolo da resistência cultural e política por meio do humor crítico e ousado.
Lá, Jaguar criou um de seus personagens mais emblemáticos: o ratinho Sig, uma figura irônica e contestadora, que se tornou mascote do semanário. "O Pasquim" desafiava a censura com inteligência e sarcasmo, e Jaguar, por seu envolvimento, foi preso e respondeu a diversos processos durante o regime.
Apesar da repressão, sua arte nunca se calou. Ele seguiu produzindo, desenhando e provocando reflexões até os últimos anos de sua vida. Jaguar também publicou livros, participou de exposições e deixou vasta contribuição para o cartum e o humor gráfico no Brasil.
Colaborou Lara Montezuma