'Ninguém aceitaria uma atriz trans não conhecida', diz Anna Muylaert sobre ‘Geni e o Zepelim'

Anna Muylaert fala sobre escalação da protagonista de "Geni e o Zepelim" durante 20º CineOP

15:57 | Jul. 02, 2025

Por: Eduarda Porfírio
Anna Muylaert fala sobre troca de protagonista de Geni e o Zepelim (foto: Leo Lara/Universo Produção)

A renomada diretora de cinema Anna Muylaert foi uma das convidadas no 20º CineOp, ocorrido de 25 a 30 de junho, em Ouro Preto, Minas Gerais.

A cineasta participou, na quinta, 26 de junho, de uma roda de conversa com Marisa Orth com o tema “Humor das Mulheres”, mediada por Cleber Eduardo, curador da temática histórica homônima.

Durante o momento de perguntas para o público, Anna falou sobre a escalação de uma nova protagonista para “Geni e o Zepelim”, seu próximo filme a ser lançado. O filme é inspirado na música de Chico Buarque feita para a peça "Ópera do Malandro".

“Só a magia explica porque se eu tivesse feito trans desde o começo certamente seria uma trans famosa, porque o dinheiro faz isso hoje em dia. Ninguém aceitaria uma atriz trans não conhecida”, explicou a diretora, que finalizou as filmagens em junho.

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“Geni e o Zepelim”: entenda a polêmica

Inicialmente, Thainá Duarte, uma mulher cis (que se identifica com o sexo atribuído no nascimento), foi anunciada para o papel de Geni. No entanto, a escalação gerou revolta por parte de internautas, ocasionando na troca para Ayla Gabriela, a nova intérprete de Geni.

Anna revelou que Ayla já havia feito teste para o filme, mas foi só no segundo teste que percebeu que a atriz seria a escolha ideal. “Essa coisa mágica do Acre. A menina a gente já tinha feito um teste. Fez um re-teste só com ela, uma conversa e ela foi para o Acre e ela era deslumbrante, vocês vão ver”, justificou a cineasta.

“E como foi na emergencial, pôde ser ela e ela assim fantástica. E eu achei que o filme ficou muito mais redondo da forma como esse debate foi encaminhado e nos levou a essa conclusão de que, nesse momento da história, ela fosse trans e foi melhor”, continuou a também diretora de “Que Horas Ela Volta?” (2015).

Apesar da mudança, Muylaert pontuou que defende a liberdade do personagem ser o que ele quiser. “Mas para sempre eu vou achar que um personagem de ficção pode ser o que ele quiser naquele momento”, argumentou.

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