Publicitário cearense estreia na poesia com livro lançado no MIS
Paulo Fraga-Queiroz estreia na literatura com obra poética marcada por memória e afetos. O livro é dividido em três partes e mescla lirismo, reflexão e síntese poética
Fortaleza recebe, no dia 10 de junho, o lançamento do livro “Pássaros de Giz", primeira obra literária do publicitário e escritor cearense Paulo Fraga-Queiroz. O evento será realizado às 19 horas, na praça do Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS), com apoio do caderno Vida & Arte, do jornal O POVO.
Publicado pela editora 7Letras, "Pássaros de Giz" reúne poemas escritos ao longo de décadas, organizados em três partes. A primeira, intitulada “O mar por perto”, traz lembranças da infância e do cotidiano em Fortaleza, cidade natal do autor.
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Na segunda parte, o livro estabelece um diálogo com grandes nomes da poesia — como Manoel de Barros, Adélia Prado e Fernando Pessoa — para refletir sobre o próprio fazer poético. Já a terceira, chamada “Papagaio de papel”, apresenta textos mais sintéticos, inspirados na poesia marginal, no neoconcretismo e nos haicais.
Em entrevista ao O POVO, Paulo Fraga-Queiroz reflete sobre o processo de maturação da obra: “Sempre escrevi letras de música, roteiros, fragmentos. Mas publicar poesia é outro passo, exige uma entrega diferente”, afirma.
“Acho que esperei o tempo da maturidade, quando pude olhar para esses textos e sentir que estavam prontos. O rigor, a timidez e a sensação de que tudo ainda poderia ser melhor sempre adiaram esse momento. Agora, me senti mais à vontade para publicar”.
O autor explica que a construção do livro foi longa e cuidadosa, com muitas reescritas: “Acredito naquela ideia de que escrever é, essencialmente, reescrever. Até mesmo os textos mais recentes foram repensados. Fui reunindo os poemas, revendo, deixando descansar e voltando depois. Só publiquei quando senti que consegui escutar uma unidade entre todas essas vozes".
Segundo Paulo, a divisão do livro em três partes surgiu de forma intuitiva, mas acabou se tornando uma escolha consciente: “‘O mar por perto’ fala da cidade em que vivo, da memória, da infância — esse lugar entre o litoral e o sertão. ‘Pássaros de giz’ é a parte mais reflexiva, onde dialogo com a própria poesia e com poetas que admiro. Já ‘Papagaio de papel’ é o espaço da síntese, do humor, das formas mais breves. Somadas, talvez sejam camadas da mesma voz”.
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Entre os temas recorrentes da obra, Paulo destaca imagens que permeiam sua escrita: a memória, o tempo, a casa, a infância.
“São imagens que me habitam e retornam de formas variadas. Também o silêncio, o afeto, a palavra como presença e ausência. E o sertão — mesmo que às vezes como uma lembrança onírica — aparece, porque está em mim, mesmo quando não é nomeado diretamente”, explica.
A capital cearense também aparece não apenas como cenário, mas como personagem da obra. “Fortaleza é uma cidade de contrastes: sol e sombra, litoral e sertão, caos e calmaria. Isso tudo me atravessa”, diz Paulo. “Acho que escrevo para tentar compreender o tempo, ou ao menos registrá-lo. A infância, os cheiros, os sons, tudo isso retorna de algum jeito. Escrever, para mim, é uma forma de conservar e reinventar essas memórias”, acrescenta.
Ao falar sobre suas influências literárias — Manoel de Barros, Adélia Prado, Fernando Pessoa e Camões — o autor reconhece que são vozes que o ensinaram a olhar, escutar e escrever.
“Estar em diálogo com eles é reconhecer que a poesia é também uma conversa ancestral. Esses poetas me ajudaram a entender o poema não como algo fechado, mas como algo que respira”.
Lançamento do livro “Pássaros de giz"
- Quando: terça-feira, 10 de junho, às 19 horas
- Onde: Museu da Imagem e do Som do Ceará (Av. Barão de Studart, 410 - Meireles)
- Gratuito